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01/05/2016 - 02h00

Pequenos fabricantes de alimentos enfrentam os dilemas do crescimento

AMY HAIMERL
DO "NEW YORK TIMES"

A Cowgirl Creamery, uma pequena produtora de alimentos da Califórnia (EUA), ficou entusiasmada quando foi procurada pela rede de supermercados Whole Foods para comprar seu cream cheese orgânico.

Depois de cinco anos vendendo de loja em loja, era a primeira grande encomenda da empresa. As sócias Sue Cowley e Peggy Smith tomaram US$ 200 mil emprestados para construir novas salas de maturação e atender à demanda maior.

Mas o primeiro lote que a companhia entregou à Whole Foods desenvolveu um mofo negro, impalatável e capaz de destruir a reputação da Cowgirl Creamery.

Drew Kelly/"The New York Times"
Prateleira com os queijos da Cowgirl Creamery, na Califórnia (EUA)
Prateleira com os queijos da Cowgirl Creamery, na Califórnia (EUA)

"Foi horrível", lembra Cowley. "Não tínhamos cuidado direito do acabamento das novas salas de maturação, e por isso outras bactérias estavam competindo com o mofo branco e fofo que os queijos deveriam ter."
Mas a Whole Foods teve paciência. O lote seguinte vendeu bem e o pedido da rede foi ampliado.

Hoje, a Cowgirl Creamery produz mais de 300 quilos de queijo por dia e pensa em construir uma nova fábrica.

As oportunidades de vender em grande volume aumentaram nos últimos anos, à medida que o varejo começa a recorrer a empresas de pequeno porte para atender ao desejo dos consumidores por alimentos locais.
As vendas de itens produzidos nas proximidades do ponto de venda podem atingir os US$ 20 bilhões em 2019 nos Estados Unidos, ante US$ 5 bilhões em 2008, de acordo com a Packaged Facts, de pesquisa de mercado.

Além da Whole Foods, a Kroger adotou estratégia de compra de produtos locais e a Costco recentemente iniciou um programa de empréstimos a agricultores orgânicos que precisam de capital para cumprir metas de crescimento.

A empresária Shannon Byrne está tentando ampliar a escala de sua produção a fim de atender a uma encomenda de suas geleias Slow Jams para 88 lojas da Kroger.

Byrne criou a companhia em 2011, usando produtos de seu pomar orgânico. Em 2013, seus potes estavam nas prateleiras das lojas Whole Foods de Detroit.

Nesse ano, ela investiu mais de US$ 200 mil para construir um armazém equipado com todo o necessário para fabricar alimentos em massa, incluindo linhas de envasamento, misturadores gigantes e unidades de refrigeração profunda.

"O mais difícil é organizar a logística", disse Byrne. "A melhor parte do processo é que existe uma grande rede de empreendedores que já fizeram esse caminho. Basta contatá-los e eles não hesitam em oferecer ajuda e conhecimento."

NÃO É PARA TODOS

Mas nem todas as pequenas empresas estão dispostas a dar esse salto na produção.

Charma Dompreh vende seus salgadinhos saudáveis com repolho verde desidratado, os Charma Green Chips, para quatro lojas da Whole Foods e não quer saber de mais nenhum pedido.

"Eles queriam que eu produzisse centenas de chips, mas não tenho como. Os repolhos verdes precisam ser desidratados por 17 horas", explica Dompreh.

Encontrar bons fornecedores também é problema. "Preciso encontrar agricultores nos quais eu possa confiar. Às vezes eles têm repolhos verdes, às vezes não".

Para ela, o importante é garantir a qualidade de seus salgadinhos, independentemente do tamanho da empresa.

Lindsey Ott também recusou a oportunidade de fornecer suas sopas Mama Tong à Whole Foods.

"Meu plano é ganhar o suficiente para viver na região de San Francisco e reduzir as dívidas que acumulei", diz.

"Já meu sonho é criar uma cozinha que possa abrigar produtores de alimentos de alta integridade e com visão semelhante à minha."

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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