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15/05/2016 - 02h00

Jovem decide fazer meias orgânicas e dá nova vida à fábrica da família

SETEVEN KURUTZ
DE "NEW YORK TIMES"

Há nove anos, Gina Locklear estava infeliz trabalhando como corretora de imóveis. Ela decidiu procurar os pais com uma proposta: usar a fábrica de meias brancas da família para produzir uma versão da peça mais fashion e com algodão orgânico.

"Quero fabricar uma meia sustentável", disse à época.

Os pais estavam céticos. Eles comandavam a Emi-G Knitting em Fort Payne, Alabama, desde 1991. Produziam meias esportivas brancas para uma rede de varejo e sabiam as dificuldades de enfrentar a concorrência e os custos de uma nova marca.

O momento para um novo negócio não podia ser pior. Fort Payne, cidade de 14 mil habitantes, por décadas se divulgou como "a capital mundial das meias". Um em cada oito pares vendidos no planeta era fabricado lá.

Mas a mão de obra estrangeira barata e os acordos de livre comércio paralisaram os negócios no começo dos anos 2000. A crise financeira de 2008 liquidou aqueles que ainda tentavam resistir.

"Foi como se um aspirador de pó sugasse todas as pessoas para fora da cidade", diz Terry Locklear, dono da companhia e pai de Gina.

As encomendas da Emi-G Knitting escassearam e quase todos os funcionários foram demitidos.

"Nós vínhamos à fábrica e ficávamos sentados. Não sabíamos o que fazer. O que nos restava era nosso conhecimento", diz Terry.

Foi aí que Gina trouxe o conceito de meias orgânicas. "Eu tinha 12 anos quando meus pais começaram a fazer meias. E a ideia de que o negócio da família poderia fechar me enlouquecia", diz.

GERAÇÃO MILÊNIO

A produção orgânica e totalmente americana, feita com algodão cultivado em uma fazenda do Texas e corantes da Carolina do Norte, deu à empresa um nicho de mercado novo. Ela atrai a geração milênio, que lê as informações da etiqueta e gosta de conhecer as histórias por trás de quem fabrica sua roupa.

No final do ano passado, a apresentadora e empresária ícone americana Martha Stewart deu a Gina um prêmio American Made (feito na América), concedido a artesãos e proprietários de pequenas empresas.

"Encorajar o público dos EUA a comprar produtos americanos é importante", diz Stewart. "Quanto mais meias ela vender, mais pessoas poderá empregar".

A Emi-G Knitting produz duas linhas: a Zkano, marca on-line criada em 2008, e a Little River Sock Mill, criada em 2013 e vendida em lojas de todo o país.

As meias Zkano têm design mais jovem, com listras e cores fortes. Já as Little River são mais refinadas. Elas custam entre US$ 13 (R$ 46) e US$ 30 (R$ 106) o par.

A empresa se beneficia ainda do momento de modernização da peça. Empresas como a Stance Socks, que fez parceria com Rihanna para uma coleção, e a Slate & Stone estão vendendo meias com padrões pop. A marca Miu Miu recentemente fez um desfile no qual as modelos usavam meias soquete xadrez e com padrões geométricos.

O próximo passo de Gina é lançar meias masculinas na linha de outono da Little River. A Zkano já as oferece e tem inclusive cliente ilustre: o personagem que Tony Hale interpreta na série "Veep", da HBO, usa as peças, assim como o ator na vida real.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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