Nova safra de empresas colhe lucros da comida desperdiçada
STEPHANIE STROM
DO "NEW YORK TIMES"
Dezenas de novas empresas nos EUA estão empenhadas em transformar comida desperdiçada em lucro.
Algumas buscam distribuir rapidamente a comida que seria jogada fora. E outras tentam extrair até o último grama de conteúdo aproveitável dos ingredientes.
As empresas em questão têm muito com que trabalhar. Até 40% da comida dos EUA vira lixo sem ser consumida. A maior parte do desperdício vem dos consumidores e do varejo, estima o governo.
A EcoScraps, do Estado de Utah, transforma restos de comida em produtos de jardinagem e obteve US$ 13 milhões em capital para empreendimentos.
"Ao longo dos últimos 12 meses, vimos investidores destinarem milhões de dólares a empresas em estágio inicial, que buscam atrair consumidores com base em sua sustentabilidade e transparência", disse Rory Eakin, vice-presidente de operações do CircleUp, um mercado para investidores e para marcas de bem de consumo em desenvolvimento.
Juan Ignacio Mazzoni/EFE | ||
Aplicativo oferece produtos próximos de perder validade |
"Muitas dessas marcas emergentes incorporam restos de comida e empregam materiais descartados como componentes de novos produtos". Outras, diz ele, estão trabalhando para resolver os incomuns desafios de distribuição e logística que o uso de sobras de comida como matéria-prima acarreta.
Todo investimento é bem-vindo. A Cerplus obteve um pequeno capital junto a parentes e amigos, no final do ano passado, e depois conseguiu US$ 20 mil da Y Combinator, uma incubadora de startups, em troca de ações caso a empresa venha a obter capital para empreendimentos ou atinja um valor de venda de mais de US$ 100 milhões. A empresa é uma espécie de intermediária on-line, ligando agricultores e atacadistas com produtos a ponto de perder a validade a restaurantes e outras empresas.
Até mesmo Beyoncé está envolvida. Ela recentemente adquiriu uma participação na Wtrmln Wtr, uma empresa que vende suco de melancia prensado a frio, produzido com melancias que não têm qualidade para venda.
A empresa foi criada no final de 2013 quando Jody Levy e Harlan Berger decidiram fazer alguma coisa sobre os centenas de toneladas de melancias que são jogadas fora a cada ano. A empresa diz prever um aumento de 385% em seu faturamento este ano.
Varejistas, atacadistas e empresas de serviços alimentícios podem rejeitar cargas inteiras de produtos caso identifiquem uma só caixa esmagada em um caminhão.
"Um caminhão em geral carrega 22 pallets, e isso é um dos fatores que ajudam a manter baixo o custo da comida neste país", disse Roger Gordon, empresário no ramo dos restos de comida.
"Mas se ninguém estiver disposto a pagar por produtos rejeitados, jogá-los fora é o caminho mais fácil".
Gordon é cofundador da Food Cowboy, que criou um app para conectar cargas de produtos rejeitados a organizações assistenciais e outras.
A empresa mantém um banco de dados com detalhes sobre plataformas de embarque, áreas refrigeradas e outros equipamentos, para ajudá-la a coordenar atividades.
Mesmo companhias tradicionais de alimentos estão encontrando ouro nas sobras de comida.
A Baldor Specialty Foods, que fornece alimentos a restaurantes e cozinhas institucionais, está desenvolvendo uma farinha feita de coisas como as partes duras do repolho e a casca da pimenta.
Outras sobras vão para a Flying Pigs Farm, uma das fornecedoras de carne suína da empresa, para servir como ração animal. "Sabemos do que os porcos gostam e do que eles não gostam", disse Michael Muzyk, presidente da Baldor. (Eles aparentemente se recusam a comer cascas de cebola).
Chefes de cozinha como Bill Telepan estão testando a farinha - a Baldor ainda não decidiu que nome ela levará -e algumas grandes cadeias de varejo de produtos orgânicos expressaram interesse. "Creio que ela será uma fonte positiva de receita - um dia", disse Muzyk.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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