Dupla de jornalistas viaja 2.200 km com motos flex
GUILHERME SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Motocicletas combinam com estrada --e, nessa mistura, quanto mais longe, melhor. A chegada de duas motos flex ao mercado, raridades no segmento, era o pretexto ideal para ganhar o asfalto. Nosso destino: Foz do Iguaçu.
Foram 2.200 km em quatro dias de estrada com a Honda XRE 300 e a Yamaha Fazer 250 BlueFlex. O passeio incluiu visitas ao Paraguai e à Argentina, aproveitando a tríplice fronteira. As motos foram rodando com etanol e voltaram com gasolina.
Guilherme Silveira/Folhapress | ||
Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi o ponto de partida da viagem |
A viagem começou no dia 21 de abril, um domingo de sol. Arrumei a bagagem na véspera, tendo o cuidado de levar apenas o essencial e de fixar bem todos os itens.
Josias Silveira, meu pai e companheiro de aventura, já fez diversas -e longas- viagens de moto. Foi dele a ideia de adaptar um navegador GPS de carro à Yamaha Fazer.
O equipamento foi ligado à bateria da moto, solução chamada RTI (Recurso Técnico Improvisado, ou simplesmente "gambiarra").
Preferi pilotar a Honda XRE, que tem posição mais alta e relaxada ao guidão. Com seu porte imponente, a moto ficou bem com as bolsas laterais tipo montaria.
A potência não é elevada: são 21 cv na Yamaha Fazer 250 e 26,3 cv na Honda XRE 300. Contudo, em boas estradas, elas conseguem manter velocidades entre 100 km/h e 120 km/h sem sofrer.
Além de serem flex, os motores têm apenas um cilindro, garantia de robustez. Ambos são refrigerados a ar, com injeção eletrônica.
As motos foram abastecidas com etanol, e saímos do Obelisco do Ibirapuera às 14h30 do domingo. Enquanto todos voltavam para São Paulo, partíamos em direção às fronteiras do Paraguai e da Argentina.
São diversas as rotas para Foz do Iguaçu. Em vez de disputar espaço com caminhões pela BR-116 e passar por Curitiba (PR), preferimos viajar pelo interior paulista.
Seguimos pela rodovia Castello Branco, onde não há pedágio para motos. Rodamos pouco mais de 180 km até o primeiro imprevisto: a Honda parou por falta de combustível.
Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress | ||
A tensão começou quando a luz da reserva de combustível acendeu no painel da Honda, que tem tanque pequeno: 13,4 litros de capacidade. Após passar por dois postos abandonados na rodovia Castello Branco, reduzi a velocidade para poupar etanol.
Com 191 km rodados, a XRE começou a "pipocar" e parou em uma subida nas proximidades de Pardinho (a 234 km de São Paulo). O jeito foi empurrar a moto pelo acostamento por cerca de 2 km, até o próximo posto.
Lição aprendida. Antes de pegar a estrada, verifique as distâncias entre os postos de combustível e se eles estão funcionando. Hoje, com recursos como GPS e internet, essa tarefa é simples.
As motos foram reabastecidas e voltamos para a estrada. Depois do final da Castello Branco, já na ligação com a rodovia Raposo Tavares, os pedágios apareceram. Foram 11 até Foz do Iguaçu.
Chegamos a Londrina (PR) pouco antes das 22h. Cansados e com frio, qualquer hotel com um banho quente pareceria um cinco estrelas.
Voltamos à rodovia Raposo Tavares na manhã de segunda-feira (22 de abril). Com o corpo mais acostumado à estrada, não sentíamos o cansaço dos 550 km do dia anterior. A autonomia com álcool mostrava-se apenas razoável, com médias próximas de 16 km/l. Com muitos postos pelo caminho, parávamos depois de rodar cerca de 120 km.
Trocamos de motos para perceber as diferenças entre os dois estilos. Passei a pilotar a Fazer 250, que, mesmo com o motor menor, tem comportamento mais esportivo. A XRE 300 se sai melhor em lombadas e buracos, mas sofre com ventos laterais.
Após passar por paisagens interessantes, como os milharais de Campo Mourão (PR), chegamos a Cascavel, última grande cidade paranaense antes de Foz do Iguaçu. Foram mais três horas de estrada até o destino.
Em Foz, ficamos em um hostel. Existem vários na cidade, com bons preços e atmosfera familiar. O ideal é ficar pelo menos dois dias, para visitar as Cataratas do Iguaçu, fazer compras no Paraguai e comer ótimas empanadas e carnes na Argentina.
Para entrar nesses países vizinhos, é preciso ter o veículo em seu nome e um seguro especial, chamado Carta Verde. As normas falam também em dois triângulos (sem especificar se são necessários também para motos) e um kit de primeiros socorros.
Se o veículo não está no nome do condutor, é preciso portar uma carta assinada pelo proprietário e reconhecida pelo Ministério das Relações Exteriores. Todo o procedimento leva cerca de 20 dias.
Sem a documentação em nossos nomes -as motos foram cedidas pelos fabricantes- fomos de ônibus até Ciudad del Este (Paraguai) por R$ 4. No encontro dos rios Paraná e Iguaçu, há o monumento da tríplice fronteira Brasil, Paraguai e Argentina.
Pegamos o caminho de volta na tarde do dia 24, quarta-feira. Com gasolina no tanque, a autonomia das motos melhorou bastante: era possível rodar mais de 250 km sem precisar reabastecer.
Dormimos novamente em Londrina e, na manhã seguinte (25/4), decidimos por um caminho mais rápido. Trocamos a rota via Assis (a 434 km de São Paulo) da ida pela tradicional BR-369, Raposo Tavares e Castello.
Com gasolina, cada tanque rendeu cerca de 30% a mais em comparação ao etanol.
Considerando o preço médio dos combustíveis na estrada, houve empate no custo: R$ 0,11 por km rodado.
A ergonomia bem acertada e os freios com ABS (opcionais) foram os destaques da Honda XRE 300, que custa a partir de R$ 13.290.
A Yamaha Fazer 250 BlueFlex (R$ 11.690) agradou pelos melhores comandos no guidão, o motor de prontas respostas e a ótima autonomia. As duas merecem elogios: foram ótimas companheiras de viagem.
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