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11/05/2014 - 02h05

Cadeirante, colunista da Folha avaliou seis carros adaptados

JAIRO MARQUES
COLUNISTA DA FOLHA

A escolha de um carro ideal para pessoas com deficiência leva em conta detalhes que podem passar despercebidos -ou não serem considerados relevantes- para os consumidores tradicionais.

É preciso pensar que o automóvel talvez tenha de transportar uma cadeira de rodas em seu porta-malas, que o motorista poderá ter restrições de movimentos nas mãos ou ainda que manobras imprecisas trarão risco de desequilíbrio quem tem menor domínio do tronco.

Com esse olhar mais atento, a Folha testou seis modelos de carros entre compactos, minivans e sedãs. A perspectiva empregada foi a da pessoa com deficiência como motorista.
Todos os automóveis tinham câmbio automático e usaram adaptações de freio e acelerador manuais da empresa Cavenaghi.

O equipamento trazia uma alavanca do lado esquerdo que, conectada aos pedais, possibilitava que o carro fosse acelerado e freado com movimentos para frente e para trás. Havia também uma esfera no volante, que facilitava as manobras de estacionamento.

Como era esperado, os sedãs médios Honda Civic, Toyota Corolla e Renault Fluence destacaram-se pelo conforto, complementado por um acabamento bem cuidado. As versões mais em conta com câmbio automático beiram os R$ 70 mil, valor limite para obtenção de isenções fiscais.

No comparativo entre os três, o Civic leva vantagem. O carro passa sensações de segurança e de precisão que são fundamentais para que quem tem algum comprometimento físico possa dirigir com tranquilidade e presteza.

Ganha do Fluence no desempenho em rampas, sem trancos, e supera o Corolla por um item de comodidade em sua versão de entrada: o piloto automático, fundamental para quem usa o braço para segurar o acelerador, principalmente na estrada.

O Renault, que ainda não é muito conhecido no segmento "cadeirantes", vai bem no conforto interno, mas peca por ter a entrada do porta-malas mais estreita que os outros dois rivais e dispor de botões de comando do painel muito pequenos, o que prejudica quem tem movimentos mas rústicos nos dedos, como tetraplégicos.

ACOMODAÇÃO FÁCIL

Por combinarem assento baixo, cabine ampla e porta-malas espaçoso, os sedãs avaliados se destacaram. Seus preços mais altos limitam o público, mas há opções um pouco mais em conta com características próximas, como o Honda City (a partir de R$ 60.450 na versão automática) e o Chevrolet Cobalt AT6 (R$ 51.790).

Apesar de serem opções mais econômicas, modelos compactos não costumam combinar com as necessidades de pessoas com deficiência.

O Citroën C3, escolhido para o teste por ter piloto automático, é confortável e dispõe de vários ajustes e comodidades, mas a alavanca da adaptação de freio e acelerador ficou muito próxima à porta. Não se trata do caso específico desse modelo: outros carros compactos sofrem do mesmo mal. O VW Gol 1.6 I-Motion, que foi testado em condições semelhantes há três anos, teve o mesmo problema.

HONDA CIVIC

Editoria de Arte/Folhapress

A performance do Civic passa muita confiança para o condutor com deficiência, o que garante ao carro uma aceitação imediata por parte desse público. O Honda responde aos comandos de frenagem e aceleração de forma suave, o que é importante para não haver movimentação do tronco.

O carro tem piloto automático desde a versão de entrada, um diferencial de peso. O equipamento ajuda no conforto de quem precisa do braço para acelerar e frear, pois estabiliza a velocidade. A abertura da porta é ampla, o que facilita a aproximação de uma cadeira de rodas.

RENAULT FLUENCE

O Fluence tem potencial na disputa pela aceitação das pessoas com deficiência. Destaca-se por oferecer conforto e pela agilidade e presteza nas respostas ao acelerar, frear e manobrar. Em rampas, porém, o veículo não reage de forma tão disciplinada.

O Fluence derrapa também em detalhes. Os botões de comando são pequenos (pessoas com deficiência podem ter limitações para movimentos mais precisos) e a manopla de regulagem do banco é pouco prática. A boca do porta-malas é mais estreita que a dos sedã da Honda e da Toyota.

Editoria de Arte/Folhapress

TOYOTA COROLLA

Editoria de Arte/Folhapress

O Corolla, que é um dos carros preferidos das pessoas com deficiência devido seu desempenho, conforto e segurança, mostrou um bom avanço com sua nova geração, mais espaçosa que a anterior.

O modelo passa a sensação de estabilidade e acelera com vigor. Agora, os ajustes do banco e as as alavancas que comandam setas, luzes e limpadores estão mais próximas das mãos. Não fosse a falta do piloto automático e de alguns itens de comodidade em sua versão de entrada, o sedã Toyota imporia muito mais dificuldades aos seus concorrentes na hora da escolha.

CITROËN C3

Editoria de Arte/Folhapress

Carro compacto e cadeira de rodas raramente se dão bem. No Citroën, a disposição interna dianteira faz com que a adaptação de aceleração e frenagem fique colada na porta do motorista, o que incomoda e gera insegurança na hora do acionamento.

O carro é confortável, a direção com assistência elétrica é leve e há vários ajustes e facilidades para o motorista, mas não é possível acomodar grandes volumes em seu porta-malas.
Ocorrem pequenos trancos nas trocas de marchas, e a aceleração é barulhenta. Um ponto positivo é que a versão avaliada traz piloto automático como item de série.

CHEVROLET SPIN

Editoria de Arte/Folhapress

Embora seja o único carro produzido no Brasil que, atualmente, possibilita realizar uma adaptação para que o cadeirante entre nele como passageiro sem ter de deixar a cadeira (cerca de R$ 2.300), a Spin tem desvantagens.

Sua altura complica a transferência do cadeirante para o lugar do motorista, e a trava do cinto de segurança fica quase escondida na lateral do banco.
A visibilidade é ampla, mas a direção não é tão leve para pessoas com menor força física. Devido ao espaço interno, é uma boa opção para transportar pessoas com deficiência que não dirigem.

NISSAN GRAND LIVINA

Direção leve, boa visibilidade e agilidade são pontos fortes da Livina. O espaço na cabine e no porta-malas beneficiam quem usa cadeira de rodas ou precisa levar itens como muletas ou andadores.

Contudo, a minivan peca em detalhes importantes para quem tem a mobilidade afetada. O cinto de segurança e o banco do motorista não têm ajuste de altura. Também não há piloto automático, e os retrovisores são pequenos. O apoio do braço esquerdo não é acolchoado, e quem usa alavanca manual de frenagem e aceleração vai sentir dores ao descansar o braço ali.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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