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13/07/2014 - 02h05

Entre as Copas de 1950 e 2014, venda de autos cresceu de 30 mil para 3 milhões

EDUARDO SODRÉ
RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO

"Nem a Volks faz quatro gols em seis minutos", diz a piada repetida à exaustão após a vitória de 7x1 da Alemanha sobre o Brasil. A verdade é mais impressionante: a empresa produz, em média, oito carros nesse tempo, dois a cada 60s. A indústria evoluiu muito entre o Maracanazo e a derrota no Mineirão.

Pedro Danthas/Divulgação
Somadas, as duas fábricas que produzem o hatch Gol (Taubaté e São Bernardo do Campo) finalizam dois carros por minuto
Somadas, as duas fábricas que produzem o hatch Gol (Taubaté e São Bernardo do Campo) finalizam dois carros por minuto

Na virada das décadas de 1940 e 1950, o setor automotivo engatinhava. As ruas de um país essencialmente rural misturavam modelos Ford e Chevrolet produzidos nos EUA e pequenos veículos europeus, como Morris Oxford, Austin A40 e Renault 4cv.

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Em 1950, o inglês Austin A40 era um "popular": custava o equivalente a R$ 19 mil
Em 1950, o inglês Austin A40 era um "popular": custava o equivalente a R$ 19 mil

Esses carrinhos chegaram aqui devido a acordos comerciais com nações como Inglaterra e França, que precisavam exportar. Eram tempos de reconstrução pós-guerra.

A Copa do Mundo de 1950 faz parte desse cenário. O Brasil vivia um período de crescimento. Contudo, a derrota para o Uruguai mexeu com a autoestima, e tudo parecia ir mal. Apesar disso, a indústria seguiu seu ritmo, como deverá ocorrer agora.

"A Copa tem um reflexo pontual nas vendas e um impacto político que influencia na economia, mas nossos problemas são outros, não a derrota no campo. Temos juros altos e carga tributária também elevada, bem maior que a que incidia sobre os carros importados Em 1950", diz Ivan Fonseca e Silva, presidente da Geely Motors do Brasil.

Para o executivo, a recuperação do mercado após o Mundial será tímida, mas isso não terá relação com o resultado ruim da seleção: "As pessoas não estão pensando em comprar carro."

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Fuscas montados no fim da década de 1950; no início da produção nacional, ainda com peças importadas, VW tinha somente 12 funcionários
Fuscas montados na década de 1950; no início da produção, ainda com peças importadas, VW tinha somente 12 funcionários

OUTROS TEMPOS

O abismo entre a década de 1950 e os tempos atuais na indústria automobilística é equivalente à grandeza de se conquistar cinco Copas do Mundo. Se o futebol não é mais o mesmo, mudaram também as formas de vender e usar o automóvel.

Embora o primeiro veículo -um Peugeot importado por Alberto Santos Dumont- tenha chegado ao Brasil no fim do século 19, a indústria nacional é de fato implantada apenas em 1957, ano seguinte à criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), programa do governo Juscelino Kubitschek que estabelecia as bases do parque fabril brasileiro.

A partir desse ano, carros, comerciais leves e caminhões passam a ser produzidos localmente, e não apenas importados ou montados.

Nos primeiros três anos, a produção de automóveis era muito inferior à de comerciais leves, caminhões e ônibus. Em 1957, foram fabricados e montados 1.166 carros de passeio, ante 10.871 utilitários, 16.259 caminhões e 2.246 ônibus. Os dados são da Anfavea (associação das fabricantes).

Esse é o motivo de o utilitário Jeep Willys ter sido o automóvel mais emplacado no país em 1958. As 8.300 unidades vendidas são modestíssimas diante dos 14 mil Fiat Palio comercializados somente em junho de 2014, mês considerado ruim pela indústria.

Somente em 1960, a produção de carros de passeio chega ao patamar de 40 mil unidades e se iguala à dos outros veículos.

Os números atuais revelam a distância para aquele longíquo 1957: em 2013, foram 3,7 milhões de veículos produzidos, e 73% desses eram automóveis convencionais.

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Fiat Palio Fire é o modelo mais barato produzido hoje no Brasil; preço parte de R$ 24.490
Fiat Palio Fire é o modelo mais barato produzido hoje no Brasil; preço parte de R$ 24.490

POTÊNCIA

Há uma enorme diferença também entre os carros, dilatada ao longo do tempo devido a novas tecnologias, além de fenômenos sociais e econômicos. Popular nos anos 1950, o Renault 4CV tinha motor traseiro de 760 cm³ e 21 cv de potência. Hoje, propulsores com tamanho similar (1.0)rendem quatro vezes mais potência e vão na parte frontal do veículo.

Se nas décadas de 60 e 70 os modelos de quatro portas eram "mico", agora são maioria; peruas eram o sonho das famílias, mas hoje foram substituídas por minivans e utilitários de luxo.

E nenhum engenheiro daquela época poderia imaginar que os automóveis usariam álcool derivado da cana, combustível hoje indispensável nos segmentos de entrada, que sequer consideram modelos sem tecnologia flex.

 

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