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14/09/2014 - 02h10

Segmento de carros usados ignora crise do zero-quilômetro

RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO

Há duas principais razões para a retração do mercado de veículos novos, segundo executivos do setor: falta de crédito e baixa demanda. Em agosto, o setor registrou queda de 7,4% em relação a julho, enquanto o acumulado anual está 9,4% abaixo dos números de 2013.

O segundo sintoma é refletido na venda de seminovos, que, ao contrário dos zero-quilômetro, registra avanço de 4,8% nos primeiros oito meses do ano ante 2013.

Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), foram comercializados 8,5 milhões de usados no período.

Levantamento feito pelo Mercado Livre corrobora esses índices: os anúncios de usados cresceram 41% nos últimos 12 meses. Segundo o site de classificados, o modelo mais buscado é o Volkswagen Golf 2011.

A explicação é simples: em vez de aplicar um valor mais alto em um zero-quilômetro, o consumidor tem preferido investir menos em um usado, evitando o financiamento.

Além de mais cauteloso na hora da compra, o brasileiro está receoso quanto ao atual momento econômico e político do país, aponta uma pesquisa da Fecomercio SP.

Segundo a entidade, o índice Intenção de Consumo das Famílias (ICF) "bateu mais um recorde negativo em agosto, atingindo 107,9 pontos, menor valor de toda a série histórica, iniciada em agosto de 2009".

A categoria de avaliação do momento para bens duráveis, da qual fazem parte os automóveis, está em 90,9 pontos, numa escala de 0 a 200.

editoria de arte/Folhapress
Carro novo ou rodado?
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MAIS CRÉDITO

Se a demanda é uma equação de solução complexa -que envolve desde promoções e reduções de impostos a lançamentos de produtos-, a questão do crédito tem dado sinais de melhora.

Segundo levantamento do Itaú, planos concedidos com prazos de até 24 meses cresceram 3,9% de agosto de 2013 para agosto de 2014, indo de 25,5% para 29,4%.

Já o Banco Volkswagen anunciou que, até o próximo dia 30, não cobrará juros para os modelos Gol, Fox, Voyage e Up! financiados em até 12 meses. O cliente ainda terá 120 dias para o pagamento da primeira parcela. Isso pode ser um empurrão no consumidor mais indeciso, mas não é tudo.

Sinjin Yano, 27, procura sedãs ou hatches na faixa entre R$ 62 mil e R$ 75 mil. A escolha mais fácil seria um dos últimos lançamentos do segmento, que trazem itens que o engenheiro mecânico busca, como garantia de três anos, controle de tração, indicador de economia de combustível e conexão bluetooth.

"O que pesa a favor do 0km é a satisfação de ter um produto novo e as tecnologias atuais", reflete Yano.

A decisão, porém, ainda não foi tomada. "Por outro lado, há coisas que valorizo num usado, como preço mais em conta, design discreto, ter acesso a categorias superiores e a experiência do modelo em relação a custos de manutenção e recalls", conclui o engenheiro.

A universitária Gabriela Pedron, 30, cristaliza o que diz a pesquisa da Fecomercio SP. "Eu compraria um usado completo pelo mesmo valor de um novo 'liso'. Não é uma indecisão, e, sim, o que considero ser o mais correto sobre como usar o dinheiro".

Editoria de Arte/Folhapress
 

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