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12/10/2014 - 02h15

Hyundai expande produção de carros movidos a hidrogênio

RICARDO MIOTO
ENVIADO ESPECIAL A ULSAN (COREIA DO SUL)

A Hyundai iniciou neste ano, na Coreia do Sul, a primeira linha de produção em massa de carros a hidrogênio. São pouco mais de 200 automóveis por ano, um por dia útil, em Ulsan, no sul do país.

A tecnologia utiliza um sistema que gera eletricidade por meio de reações eletroquímicas entre o hidrogênio -que é armazenado em um tanque especial- e o oxigênio do ar. A energia resultante põe o veículo em movimento, e o escapamento emite apenas vapor d'água.

A vantagem do hidrogênio é a rápida recarga. Encher um tanque leva três minutos, enquanto um carro elétrico precisa ficar plugado na tomada por várias horas.

O modelo da Hyundai é o utilitário esportivo ix35. Seu ponto fraco é o preço: na Coreia do Sul, essa versão custa US$ 150 mil (R$ 361,4 mil), cinco vezes mais que a opção a gasolina. Para a montadora, o aumento na escala vai reduzir os valores.

Os locais mais promissores para essa tecnologia são o Japão e o estado da Califórnia, onde já há algumas dezenas de estações de hidrogênio e outras estão a caminho.

Como a Hyundai não atua no mercado japonês, é preciso conquistar os californianos. A empresa já oferece a eles o ix35 a hidrogênio no sistema de leasing a US$ 499 por mês (R$ 1.200), com abastecimento grátis.

"Não será fácil, o objetivo inicial é sobreviver", diz Sae Hoon Kim, engenheiro sênior da Hyundai. Ele aponta um problema do tipo "primeiro o ovo ou a galinha" no setor.

"Os consumidores precisam de uma rede de estações para passar a comprar carros a hidrogênio, mas para que as estações sejam viáveis, é preciso ter consumidores. É nesse momento que a atuação dos governos é importante."

Existem 13 estações de hidrogênio na Coreia do Sul, a maioria construída pela própria Hyundai. Kim reclama que o governo local não apoia a criação de uma rede maior.

Divulgação
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o Hyundai iX35 movido a hidrogênio custa US$ 150 mil na Coreia do Sul

AO VOLANTE

A Folha dirigiu o ix35 a hidrogênio na Coreia. Diferentemente de um carro com motor a combustão, ele é silencioso (como um elétrico) e não vibra. Não há perda aparente de desempenho, e a potência equivale a 136 cv. A autonomia supera os 500 km.

O carro pode demorar cerca de 30 minutos para esquentar e começar a funcionar. Segundo Kim, esse valor tem diminuído, e os engenheiros estão trabalhando para zerá-lo.

Outra questão é a obtenção do hidrogênio, que reage com o oxigênio do ar gerando energia e água. O ideal que é ele seja obtido como resíduo da indústria química, com custo quase zero.

Outra forma de obtenção é por hidrólise, mas aí é necessário gastar energia. Se tal energia vier de fontes que geram gases-estufa, como o carvão, segue havendo impacto no aquecimento global.

Por fim, como as estações ainda são poucas e subsidiadas, não há como estabelecer um valor médio preciso do hidrogênio -oferecer combustível grátis é uma tentativa de driblar tal imprevisibilidade.

MONTADORAS OCIDENTAIS AGEM COM CAUTELA

A Volkswagen, por exemplo, declarou que não considera colocar um veículo desses no mercado antes de 2020. A empresa tem um programa grande de pesquisa nesse setor, mas aponta várias limitações atuais.

Rudolf Krebs, responsável pelo programa de carros elétricos da empresa, diz que todo o processo de converter água em hidrogênio, colocá-lo no tanque e então deixá-lo entrar em contato com o oxigênio para liberar energia tem apenas 30% ou 40% de eficiência energética -o resto se perde no caminho.

Por isso, ele acredita que, ao menos por enquanto, seja melhor carregar diretamente o carro com energia elétrica.

"O melhor seria um carro elétrico com um sistema secundário a hidrogênio, que pode ser utilizado em longas viagens ou emergências."

LIMITAÇÕES

Charlie Freese, diretor da divisão de motores da General Motors americana, também aponta limitações nos ambiciosos planos das asiáticas. Ele acredita que ainda serão necessários vários anos para que o mercado americano aceite carros a hidrogênio.

Além do fato de o governo japonês estar subsidiando fortemente os carros a hidrogênio, em até US$ 20 mil por unidade (R$ 48,2 mil), disfarçando artificialmente o custo mais elevado, ele aponta uma questão geográfica.

Em um país pequeno é mais fácil criar uma rede de estações, afirma Freese. "Nos EUA, mesmo que um estado resolva criar infraestrutura, o sujeito não vai poder viajar para outro de carro?"

Freese lembra que o preço da gasolina ainda é relativamente baixo naquele país. "Se você erra o 'timing', a tecnologia pode ter um grande revés. A última coisa que queremos é colocar carros no mercado e todo mundo ficar tão frustrado a ponto de termos de esperar 50 anos para alguém ter coragem de sugerir uma nova tentativa", diz o executivo.

Viagem a convite da Hyundai

 

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