BMW 328i, Mercedes C250 e Volvo S60 mostram que têm muito em comum
EDUARDO SODRÉ
EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"
Davi Ribeiro/Folhapress | ||
BMW 328i, Mercedes C250 e Volvo S60 mostram que têm muito em comum |
O mundo dos automóveis de luxo tem seus estereótipos. Enquanto a Mercedes é referência em luxo, a BMW preza pela esportividade e a Volvo ancora sua fama na segurança. Você pode acreditar nisso como se fossem leis divinas, mas a fé será abalada se um S60 vermelho cruzar seu caminho.
O mesmo ocorrerá se um C250 com bancos de couro carmesim e reentrâncias aerodinâmicas na carroceria dobrar a esquina de sua rua, ou então se o dono de um 328i abrir a porta do sedã e revelar a sobriedade chique de sua cabine. Estereótipos? Esqueça-os.
Esses três sedãs são unidos pelo preço e por pacotes de equipamentos semelhantes. O primeiro a chegar para o teste Folha-Mauá foi o Volvo. É o veterano do trio, pois sua segunda geração foi lançada no Brasil em 2011.
De lá pra cá, passou por um levíssimo retoque visual e uma mudança de motor. Saiu o Ecoboost de origem Ford e entrou o sueco Drive-E. Ambos são 2.0 e têm potências próximas. Porém, na pista, quanta diferença.
O S60 atual precisou de 7s para atingir 100 km/h, andando colado aos alemães. Já o antecessor era 1s menos rápido na mesma prova e consumia 8% mais de gasolina.
O volante de aro gordo é o menos esportivo deste comparativo, mas o quadro de instrumentos virtuais deixa o ambiente tecnológico. Na configuração mais braba, os ícones do painel surgem sombreados de vermelho.
As rodas aro 18 da versão T5 R-Design (R$ 157.950) são prenúncio de rodar áspero, mas a suspensão se vira bem e zela pelo bem-estar a bordo. Em uma boa viagem com a estrada livre, nada a reclamar; o Volvo segue sólido como um monólito.
Há espaço razoável para as pernas e limitado para a cabeça no banco de trás. É o preço cobrado pela curvatura do teto, que deixa o S60 com os contornos de um cupê.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
OS OUTROS
O Volvo faz todo o esforço possível para que características negativas não sobressaiam, mas o problema são os outros.
Mercedes e BMW travam um duelo à parte, pois a nacionalização dos modelos acirra a briga por mercado. É preciso vender bem para justificar o investimento.
As primeiras unidades do Série 3 já estão sendo montadas em Araquari (SC) e em breve chegarão às lojas. Não haverá mudanças em relação aos sedãs feitos na Alemanha, como o 328i testado.
A fábrica da Mercedes-Benz está sendo construída em Iracemápolis (a 163 km de São Paulo). Os primeiros Classe C nacionais serão produzidos a partir de 2016.
Já o Volvo ainda está longe de ganhar uma versão brasileira, pois a empresa ainda não divulgou planos de fabricação local. Essa decisão passa pela China, pois, embora tenha autonomia para desenvolver seus projetos, a marca sueca pertence à Geely.
PONTO DE EQUILÍBRIO
O bom equilíbrio entre conforto e verve esportiva faz do BMW o carro mais versátil desse comparativo. Ruas esburacadas são menos percebidas a bordo do sedã bávaro, sem que tal suavidade interfira no desempenho. Curvas são vencidas facilmente, e os controles de estabilidade parecem atuar pouco. O carro se basta.
O 328i é soberbo no que não se vê, como as soluções mecânicas que fazem o carro ser o que é. Porém, é preciso um pouco mais para justificar um cheque de R$ 203.950.
Por exemplo, não há sensor de estacionamento dianteiro, item só disponível na versão 335i (R$ 295.950), e, apesar da qualidade do interior, há menos requinte. É nesse ponto que o Mercedes se sobressai.
O novo C250 custa um pouco menos (R$ 189,9 mil), mas parece valer mais que os rivais Volvo e BMW. Principalmente por oferecer uma cabine mais suntuosa.
O motor do sedã da Mercedes-Benz tem 34 cv a menos que o dos concorrentes. A diferença é compensada pelo uso de alumínio em boa parte da carroceria, que reduz o peso do automóvel, e pelo acerto do câmbio automático de sete marchas.
Na pista, o C250 ficou um pouco atrás do BMW, mas a diferença é medida em décimos de segundo. Isso confirma o que o desenho sugere: esse alemão está esportivo como nunca, até demais.
FIRMEZA ALEMÃ
Apesar de ter suspensão pneumática, o Mercedes mostrou ser o mais firme dos carros deste comparativo. Isso é ótimo na hora de andar rápido, mas um tanto cansativo no dia a dia, ainda mais para clientes acostumados aos "tapetes voadores" da marca.
Mas aos que desejam um comportamento mais emocionante, todos os dedos apontam para o C250, que, em certos momentos, lembra seus "irmãos" AMG.
Aos racionais, a BMW 328i é a escolha. Sóbria, rápida e equilibrada, é a síntese do bom automóvel.
O S60 é indicado a consumidores ousados. Ele custa bem menos que os concorrentes germânicos e oferece pacote semelhante, mas isso não significa ser o melhor negócio do ponto de vista financeiro. Pelo que se tem visto no mercado, certamente sofrerá depreciação maior.
Contudo, seu desenho inspirado traz algo atemporal que não se repete todo o dia, como uma boa viagem por uma estrada livre.
Davi Ribeiro/Folhapress | ||
Sedãs premium miram em consumidores diferentes |
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