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23/11/2014 - 02h00

Só 50% dos carros envolvidos em recall são levados à oficina, diz Procon

RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO

Daniel Ribeiro, 33, já adiou a visita a uma concessionária Fiat por algumas vezes. O advogado tem um Punto Essence 2014, um dos quatro modelos convocados na última campanha de chamamento anunciada pela marca.

Isso porque trocar o óleo lubrificante da caixa de câmbio ("visando adequá-lo às especificações previstas no Manual de Uso e Manutenção", segundo recomendação da empresa) é uma tarefa que não o preocupa.

"A prioridade desse recall na minha rotina é zero, uma vez que não me foi informado se esse tipo de problema coloca minha vida em risco", avalia Ribeiro.

Ele promete levar o hatch para o reparo na próxima semana, e assim não engrossar um contingente volumoso: na média, 50% dos clientes não atendem aos chamados, segundo dados do Procon.

"Esse é um montante alarmante. Um bom número seria 80% de comparecimento", afirma Andréa Arantes, assessora-executiva do Procon de São Paulo.

Editoria de Arte/Folhapress

A maior procura pelo reparo concentra-se no primeiro mês após o chamado.

"Até o fim de outubro, nosso recall do Classe C registrou um índice de atendimento de 40%. A campanha envolve 954 veículos e foi anunciada em setembro", informa a assessoria de imprensa da Mercedes-Benz.

Tanto montadoras quanto o Procon acreditam que ainda falta conscientização. "Os consumidores devem entender que o atendimento ao chamado visa impedir um eventual acidente, pois o produto objeto de recall expõe os ocupantes a riscos", afirma Andréa Arantes.

Outra razão que parece explicar o porquê de grande parte dos consumidores não atender aos recalls é a aparente falta de gravidade de certos defeitos diante da periculosidade de outros.

"Lembro que o recall do VW Fox para troca de um componente do banco traseiro, que poderia cortar o dedo dos usuários, gerou uma repercussão muito grande. Acredito que todos os proprietários atenderam a esse chamado", diz Ribeiro.

Editoria de Arte/Folhapress

POR ONDE COMEÇA

A maioria dos casos de recall é detectada pelas próprias montadoras, que realizam contínuos testes de qualidade mesmo após o produto ser lançado.

As fabricantes devem comunicar o problema aos canais de defesa do consumidor, que analisam se o volume de reclamações daquele defeito ou seus desdobramentos justificam um recall.
Contudo, os proprietários dos veículos também podem dar origem a um campanha de chamamento.

"Poucos consumidores têm a sensibilidade de identificar que um acidente sofrido por ele ocorreu por um defeito de fábrica. Muitos mais casos poderiam ser divulgados, mas os clientes não registram queixa", conclui a assessora-executiva do Procon.

Os fabricantes devem comunicar os órgãos de defesa do consumidor, mas não são obrigados a contatar cada cliente individualmente.

"Cabe às empresas divulgar a campanha pelos meios de comunicação, como rádio, TV e jornais", diz Andréa Arantes.

Esse, no entanto, não é o único meio de saber se o seu carro (ou o que deseja comprar) já foi convocado.

No site do Procon, uma simples busca revela se determinado modelo foi chamado e para qual tipo de reparo preventivo.

O Sistema de Registro de Avisos de Riscos, do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), é outra fonte de consulta.

Desde 2010, uma portaria do Denatran prevê que o não comparecimento a um recall deve constar no documento do carro, mas a medida ainda não saiu do papel. Segundo o órgão, o sistema de gerenciamento das informações está em fase de desenvolvimento.

O Procon avisa que o chamado "recall branco", feito quando a fabricante acredita que o problema não afeta a segurança, é ilegal. "Em alguns casos, as montadoras aproveitam uma ida do carro à concessionária, como na revisão periódica, para reparar um defeito de fábrica. É uma forma de burlar a lei e geralmente ocorre na fase inicial do que virá a ser um recall", explica Andréa Arantes.

Editoria de Arte/Folhapress

CUSTO ZERO

Também é proibido impor qualquer tipo de ônus ao consumidor. Se isso acontecer, o cliente deve comunicar aos órgãos de defesa.

Uma vez anunciada uma campanha, seu encerramento só acontece após 100% dos veículos envolvidos passarem pela concessionária. Portanto, não há prazo para atender a um recall em andamento.

O direito do consumidor vai ainda mais longe, explica Arantes: "Mesmo que o proprietário não compareça a um recall e sofra algum dano decorrente daquele defeito não reparado, ele ainda pode pedir indenização".

Sem obrigações burocráticas perante um chamado para reparo, resta ao consumidor apenas o dever de atendê-lo.

Confira aqui se sua montadora fez recall recentemente.

 

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