Câmbio automático vira tendência entre carros compactos
RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO
Dos 12 hatches compactos vendidos no Brasil, 8 oferecem ao motorista a opção de não usar o pé esquerdo para trocar de marcha –as exceções são o novo Ford Ka, o Jac J3, o Nissan March e o Toyota Etios.
Esse fato bastaria para demonstrar como os câmbios automáticos e automatizados têm se popularizado numa categoria que, num passado recente, não oferecia o recurso sequer como opcional.
Mas a frequência de lançamentos com esses tipos de transmissão é o que marca a pressa das montadoras em atender as exigências do consumidor.
Editoria de Arte/Folhapress |
Apenas três meses depois do seu lançamento, o Volkswagen Up! ganhou o câmbio I-Motion, transmissão automatizada até então reservada a Gol, Fox e Polo.
Ao passar pelo teste Folha-Mauá, o compacto teve boas médias de consumo (11,8 km/l com etanol e 15,4 km/l com gasolina), mas decepcionou ao acelerar até os 100 km/h 1,2s mais lento que o modelo mecânico.
Sandero e Logan ainda estavam "frescos" no mercado quando receberam a transmissão Easy'R, em setembro. Segundo a Renault, a tecnologia foi desenvolvida em três anos e utiliza componente da ZF, consagrada fabricante de transmissões, fornecedora de BMW e Land Rover, entre outras marcas.
Nos modelos da Renault, descansar o pé esquerdo custa R$ 2.400, enquanto o Up! sobe para R$ 2.900 na versão I-Motion.
Já a Fiat inovou com um sistema até então inédito entre quase todos os carros, reservado apenas a esportivos, como Ferrari e Aston Martin.
Na linha 2015 do Uno, a tradicional alavanca do câmbio Dualogic (um dos primeiros desse tipo no mercado) foi substituída por botões.
Se na prática não há mudanças, o recurso cumpre seu papel de chamar a atenção por ser simplesmente diferente.
No mais, a novidade revela a importância que as marcas têm dado aos câmbios automáticos/automatizados entre os modelos mais baratos.
Mesmo quem ainda não tem uma opção desse tipo promete, em breve, uma alternativa para que o motorista apenas ponha no (ou aperte o) D e saia dirigindo.
CÂMBIO DUALOGIC EVOLUI
A nova maneira de selecionar as marchas no Uno não é a única novidade no câmbio do hatch. Há algo por trás das teclas -não tão intuitivas quanto a alavanca, diga-se.
Nota-se uma melhora cristalina no funcionamento do Dualogic, agora com o sobrenome Plus.
Os "soluços" a cada troca de marcha foram sensivelmente diminuídos, e, dependendo da rotação do motor e da velocidade, pouco se percebe o avanço ou a redução de cada uma das cinco marchas.
Para conduzi-lo no modo manual, aletas atrás do volante respondem rapidamente aos comandos do motorista, que, se aliviar o pé do acelerador a cada mudança, terá uma resposta da transmissão levemente mais suave.
O Uno Sporting não chega a ser um esportivo nato, mas quem buscar encontrará certa diversão na condução do hatch, sobretudo na direção de respostas um pouco mais diretas do que o modelo antecessor.
Mas a falta de fôlego do motor 1.4 Evo é cada vez mais evidente, principalmente por modelos com bloco de 1 litro alcançarem a mesma potência do propulsor da Fiat.
FOCO NO INTERIOR
Sem uma revolução na parte mecânica -como fez o novo Ka-, o Uno concentrou sua artilharia no interior.
O acabamento melhorou com a troca dos materiais, sobretudo na superfície frontal do painel, mais em contato com os ocupantes.
A central multimídia é mais agradável visualmente do que a de muitos carros asiáticos de categorias superiores, além de ter funcionamento simples, sem exigir muita habilidade do usuário.
Os bancos do modelo anterior foram mantidos, o que significa que após um período mais longo os ocupantes se cansarão. Falta apoio e um pouco mais de firmeza.
Mas a atenção do motorista se voltará para o painel, sem dúvida o destaque da nova cabine.
Na parte central, um display de 3,5 polegadas exibe um número de informações e ajustes que mesmo os rivais mais completos nesse sentido não alcançam.
Além dos dados básicos, como consumo médio e instantâneo, autonomia, distânicia percorrida e informações de áudio, o condutor ainda é informado sobre temperatura externa e do motor, indicador de lâmpadas queimadas, número de horas do funcionamento do motor e indicação de troca de marchas.
DODGE
É possível ainda configurar a disposição das informações. Tudo controlado pelo volante, que não por coincidência é o mesmo do Dodge Journey -Fiat e Chrysler hoje fazem parte da FCA (Fiat Chrysler Automobiles).
Se a maioria dos concorrentes do Uno se tornou referência em algo (Logan em espaço e Up! em segurança, por por exemplo), o hatch da Fiat passa a ser exemplo de como trocar marchas de um jeito diferente.
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