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11/01/2015 - 02h10

Aficionados por uma marca transformam o hobby em negócio e abrem oficinas

TAÍS MAYUMI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem passa pela avenida Rubem Berta (zona sul de São Paulo) e vê a Avanti demora para perceber que não se trata de uma oficina qualquer.

Mas os cinco Mercedes-Benz estacionados na porta dão a dica: a loja só atende carros da marca alemã.

O espaço dispensa luxo e não há sequer uma placa com o nome do local. Tampouco é grande -cabem, por vez, cerca de 15 carros.

Já passaram por lá modelos de tirar o fôlego: 300 SL Gullwing (o famoso "Asa de Gaivota"), 230 SL Roadster (a "Pagoda"), 190 E e quase todas as gerações dos Classe C, Classe E e Classe S, além de outros exemplares raros de diversas décadas.

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Para Bosco, da Avanti, segredo está na confiança no serviço
Para Bosco, da Avanti, segredo está na confiança no serviço

A cada mês, cerca de 45 exemplares recebem serviços na oficina, que já funciona há 20 anos no endereço. Atualmente, há mais de 3.000 clientes cadastrados.

O público é variado: vai desde o que tem apenas um carro, de uso próprio, até colecionadores com 200 autos.

"Eles passam de carro, de táxi ou de avião (a oficina fica perto do aeroporto de Congonhas), mas de ônibus, jamais", brinca Francisco Benyunes, 54, gerente administrativo do local.

Para ele, o segredo são o atendimento personalizado e a confiança no serviço, que não é barato, mas, na maior parte dos casos, tem preços inferiores aos cobrados nas autorizadas.

"Até para os mais abastados a concessionária é cara e muitos não confiam no trabalho: acham que exploram, trocam peças que não precisam ser trocadas", afirma João Bosco, dono da oficina.

Na Avanti, a mão de obra custa cerca de R$ 130 a hora. Uma troca de óleo sai R$ 329.

No caso da Alfas Service, especializada em Alfa Romeo, o serviço é uma das poucas opções qualificadas, uma vez que a Fiat (dona da Alfa) deixou de comercializar a marca no Brasil em 2005.

Entre os automóveis da oficina, aparecem placas de Goiás, Santa Catarina e cidades paulistas variadas. "Vem até gente de Manaus", conta Gino Muraca, 52, dono da oficina, que cobra R$ 100 por hora de mão de obra.

Em 1994, quando a mecânica foi criada, já havia uma forte demanda pelo serviço. "Era uma marca abandonada, refém do mercado e de serviços malfeitos", lamenta.

A ideia do negócio surgiu após um acidente com seu primeiro Alfa Romeo, enquanto viajava para Santos. O carro, um 2300, era praticamente novo, e Muraca resolveu vender as peças para compensar a perda.

"Em um mês e meio tudo estava vendido, mas as pessoas continuavam a ligar pedindo peças", conta. Foi aí que ele enxergou o nicho.

Hoje, as peças são todas importadas e os oito mecânicos que trabalham ali foram treinados por Muraca para entender os segredos da tecnologia tida como delicada.

Ele estima que, atualmente, dos cerca de 6.500 Alfa Romeos no Brasil, 50% sejam atendidos em sua loja.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Gino Muraca, dono da oficina Alphas World, que atende apenas carros Alpha Romeo
Gino Muraca, dono da oficina Alphas Service, que atende apenas carros Alpha Romeo

NACIONAIS E FRANCESES TAMBÉM TÊM ESPAÇO

Com a chegada de mais marcas ao país e o aumento da frota, algumas oficinas especializadas decidiram ampliar a atividade. É o caso da Motor Fast, que desde 1997 é focada em marcas da França.

Hoje, o negócio se diversificou, mas 75% de seu faturamento ainda vem dos carros franceses. "O forte é Peugeot e Citroën", diz o dono, Alberto Martinucci Junior, 58. A oficina recebe entre cem e 120 carros por mês.

A especialização começou quando Martinucci foi a uma feira de mecânica na França, em 1997, e se especializou nas marcas do país.

"Na época, no auge dos importados, o cara comprava um Peugeot ou um Renault e dependia 100% das concessionárias", conta o filho de Alberto, Bruno Martinucci, 25, que cresceu em meio aos carros, hoje comanda a oficina ao lado de seu pai.

A cada dois anos, eles voltam ao exterior para participar de feiras e se atualizar. "Você nunca sabe tudo, especialmente com as marcas da França", diz Bruno.

Ele conta que muitos têm receio dos carros franceses porque, segundo ele, "têm defeitos e frescuras demais".

Ainda assim, é um entusiasta: dos oito carros em sua garagem, seis são de marcas francesas. "Sabendo cuidar, não dá problema", diz.

Seu xodó é um Peugeot 405 T16, único no país e que já foi do piloto Rubens Barrichello.

Uma dos maiores desafios na oficina é conseguir peças.

"Os clientes reclamam, mas não tem o que fazer, pois a maioria dos componentes demora, pelo menos, dois ou três dias para chegar", afirma.

FUSCAS E KOMBIS

Nem só de carros de luxo vivem as oficinas especializadas. Na Katraca, são os Fuscas e as Kombis que ganharam a atenção do proprietário Alexandre Caretta, 35.

"Vi que isso ia ser uma tendência. Com a modernização, ninguém mais mexeria com carros antigos", diz Caretta, que recebe uma média de dez carros por semana.

"Já teve gente que veio dirigindo de Santa Catarina, dormiu num hotel enquanto eu fazia o serviço e, no dia seguinte, voltou", conta.

Além de um nicho de mercado, os carros são uma paixão para Caretta. Já passaram por sua garagem 46 veículos -todos da VW e refrigerados a ar. Fuscas, já foram 35.

Seu favorito é um 1962, comprado em 2006, vendido em 2007 e recuperado sete anos depois.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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