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08/02/2015 - 02h00

Carro sujo mostra preocupação com água, mas é preciso cuidar da pintura

FERNANDO MIRAGAYA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O estudante de engenharia André César Franco, 21, limpava seu Chevrolet Corsa com água semanalmente. Agora, estufa o peito para falar que não lava o carro há quase três meses. "O que faço é, durante a chuva, pegar um pano e tirar a sujeira", garante.

Com a crise hídrica, manter o carro sujo virou motivo de orgulho cívico em São Paulo. Existe até um movimento para as pessoas só lavarem o veículo quando houver água, o "Não Chove, Não Lavo".

Porém, não dá para apenas ignorar a sujeira. É como ficar muito tempo sem tomar banho: problemas na pele -nesse caso, na lataria- vão aparecer em alguma hora.

A lavagem sob chuva feita por Franco é uma das alternativas mais viáveis para não gastar água. Contudo, é importante secar o carro depois. Sob o efeito do sol, a água ácida dos temporais pode deixar manchas que só sairão com um polimento.

Lalo de Almeida/Folhapress
André César Franco, que não lava seu carro há quatro meses para economizar água
André César Franco, que não lava seu carro há quatro meses para economizar água

"É pior do que deixar a poeira acumular sobre a lataria", compara Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade).

Nos veículos empoeirados, é bom nem tentar disfarçar a sujeira passando pano seco.

"Como o pó acumulado pode ter partículas grossas, o efeito da tentativa de limpeza será o de uma lixa, provocando riscos", Satkunas.

NATUREZA PODE SER INIMIGA DA PINTURA

Excrementos de pássaros, insetos e frutas que se esparramam na lataria são perigosos. "Eles podem provocar perda de brilho e diminuição da resistência da pintura", avisa Edmundo Soares, consultor de Negócios da Glasurit, divisão de tintas automotivas da Basf.

Estacionar perto de grandes indústrias é outro veneno: há risco de corrosão por causa da fuligem. "Qualquer resíduo de origem química tem de ser eliminado. O enxofre, por exemplo, vai formar ácido sulfúrico ao misturar-se com a água da chuva", explica Satkunas.

Nem mesmo as capas veiculares salvam. Em uma área externa, o carro coberto fica sujeito a variações de temperatura em um ambiente abafado. Manchas amareladas poderão surgir, e um simples risco na superfície tende a virar ferrugem.

Ilustração Alexandre Affonso/Editoria de Arte/Folhapress
EVITE A SUJEIRAComo manter o carro sem lavar mantendo a lataria íntegra

INTERIOR PEDE ATENÇÃO
Na cabine, aspirador de pó e lixeira portátil são grandes aliados em tempos de seca. Já o tapete de borracha pode ser limpo com pano úmido.

Esse também serve para disfarçar a sujeira nos acessos ao habitáculo. É importante limpar as soleiras e as borrachas em volta das portas. Desta forma, evita-se sujar as roupas e levar resíduos para dentro do veículo.
Outra dica é limpar os calçados antes de entrar.

Lá dentro, não fume: a nicotina engordura vidros e peças plásticas. E é prudente não comer no automóvel. "Fico bravo quando meu filho come bolacha dentro do carro", afirma o psicólogo Mauro de Almeida, 62.

Ele tem suas razões: seu Renault Sandero Stepway, comprado em novembro, nunca viu água. O carro, que é branco, está com "outra cor" graças às estradas de terra por onde trafega em São Pedro (a 192 km de São Paulo). "A água sempre foi uma preocupação para mim, mas confesso que a terra cobrindo o carro não é agradável".

MAIS CARA, LAVAGEM A SECO É OPÇÃO CONSCIENTE DURANTE CRISE

Ao permanecer muito tempo com sujeira e sem nenhum tipo de cuidado, a pintura tende a perder seu brilho e, nos casos extremos, ganhar manchas só removidas após o dono investir pesado.

"O polimento de um carro médio sai em torno de R$ 200, podendo chegar a R$ 500 em casos mais específicos", calcula Leonardo Pierucci, da GEB Reparações, que também recomenda o uso de capas para manter o carro limpo por mais tempo. "As de cetim ou lycra são as melhores, mas o veículo deve esta limpo antes de ser guardado e ficar em local coberto, já que elas não são impermeáveis".

Outro alento para quem não consegue ficar com o carro sujo é que engenheiros e especialistas aprovam as lavagens a seco -desde que feita com produtos específicos e panos próprios.

O processo consiste em aplicar um líquido químico na lataria, que age amolecendo a sujeira e facilitando sua remoção. Se o carro estiver mais sujo, usa-se uma quantidade maior do detergente.

Mas há limites: nos casos de barro e lama impregnados na lataria, o recomendável é utilizar água nesses locais, e só então com eles removidos aplicar a lavagem a seco.

Sem maior perigo de riscos na pintura do que uma lavagem convencional, o serviço, no entanto, é mais caro.

Entre os lava-rápidos consultados pela Folha, os preços oscilam de R$ 35 a R$ 75, contra uma variação de R$ 20 a R$ 50 do método tradicional. O investimento é maior, mas é uma alternativa para quem não quer ostentar a poeira do carro por aí.

 

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