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19/04/2015 - 02h00

Nacional mais barato e importado mais caro se encontram em São Paulo

RODRIGO MORA
DE SÃO PAULO

Na única loja oficial da Lamborghini no país, no Jardim Europa (zona oeste de São Paulo), um Aventador Roadster LP 700-4 na cor Giallo Orion reluz sobre um tablado de madeira.

Apenas o superesportivo é exposto na vitrine. Está lá para ser cobiçado, com a luz do sol ressaltando seus 4,78 m de comprimento.

Uma única reta leva do número 110 da avenida Europa ao 215 da rua Augusta, onde uma das quase 600 lojas da Fiat expõe seus modelos. O Palio Fire, carro mais vendido do Brasil, é um mero coadjuvante no showroom.

Eduardo Knapp/Folhapress
Fiat Palio é o nacional mais barato (R$ 27.430) e Lamborghini Aventador, o importado mais caro (R$ 3,8 milhões).
Fiat Palio é o nacional mais barato (R$ 27.430) e Lamborghini Aventador, o importado mais caro (R$ 3,8 milhões).

O hatch feito em Betim (MG) sequer está na vitrine. E enquanto que no Aventador poucos põem a mão, qualquer um pode entrar no Palio, mexer em bancos e abrir o porta-malas ou o capô.

Tratar um carro como joia rara e outro como apenas um meio de locomoção não é o único fator que justifica a diferença de R$ 3.772.570 entre o mais barato e o mais caro.

As razões para tal discrepância começam bem antes de girar a chave na ignição.

Todos os dias, 380 Palios na versão Fire saem da fábrica da Fiat. É uma produção em larga escala, na qual os funcionários têm pouco tempo para exercer tarefas repetidas à exaustão, como encaixar um para-brisa ou aparafusar o painel. Outros modelos da marca passam pela mesma linha de produção.

Em Bolonha, na fábrica da Lamborghini, apenas cinco unidades do Aventador são montadas diariamente. Feito de fibra de carbono e alumínio, o esportivo italiano tem um setor só para ele.

Uma significativa parte do processo é realizada por computadores e máquinas, mas é possível dizer que o Lamborghini carrega uma boa dose de trabalho artesanal.

Exemplo: com uma espécie de martelo, um profissional especializado em fibra de carbono bate no monocoque para, por meio das vibrações, identificar zonas onde possa haver ar alojado no material.

Editoria de Arte

LUCRO

Com uma escala tão restrita, cada unidade do Aventador precisa render gorda margem de lucro para justificar sua produção.

A Lamborghini, que pertence ao grupo VW, está sob o guarda-chuva da Audi. A empresa não revela o percentual de lucro com a comercialização do superesportivo, mas certamente é bem superior aos cerca de 3% arrecadados na venda de um Fiat Palio Fire.

STATUS

"Quem compra um carro como o Aventador Roadster, acima de tudo, quer exclusividade. E isso não diz respeito somente ao preço, mas sim ao fato de ser um dos poucos a ter o veículo por aqui", explica Walter Baron, executivo de vendas da Lamborghini São Paulo.

Em outras palavras, enquanto o Palio Fire teve 183.744 unidades emplacadas em 2014, o Aventador Roadster teve duas.

Não por falta de endinheirados interessados no modelo, mas é que a produção, na cidade italiana de Sant'Agata Bolognese, é limitada.

Baron conta que a importadora negocia uma cota anual de cerca de 15 a 20 carros (de todos os modelos) junto à fabricante italiana. Segundo dados da Abeifa (associação das importadoras), 10 modelos Lamborghini zero-quilômetro foram vendidos no Brasil em 2014.

Eduardo Knapp/Folhapress
Como todo mundo que passa em frente à loja da Lamborghini, Palio "baba" no Aventador
Como todo mundo que passa em frente à loja da Lamborghini, Palio "baba" no Aventador

"De acordo com nossa base de clientes em potencial, determinamos a quantidade de carros, as cores da carroceria e do acabamento. O pacote de equipamentos é sempre o mais completo", diz.

Além de milionário, é preciso ser apaixonado por carros. O dono de Aventador mais famoso no Brasil é Eike Batista, que teve o seu (da versão cupê) apreendido pela Polícia Federal como parte do bloqueio de bens do empresário.

Outra preocupação da loja paulista é escolher carros cuja cor não se repita: cada cliente terá um veículo ao seu gosto, desde que não seja igual ao de outro dono.

RESTRITO

Até na hora de serem utilizados, Palio e Aventador têm demandas divergentes. Quem desembolsa R$ 3,8 milhões pelo Lamborghini tem todo direito de guiá-lo todos os dias, de casa até o trabalho, da academia à padaria. Mas, ao menos no Brasil, isso é praticamente impossível.

"Não é um carro que o proprietário usará no dia a dia, e, sim, nos finais de semana, em passeios programados", afirma Baron.

É preciso "medir" por onde o superesportivo passará e evitar ruas esburacadas ou vagas apertadas.

O Palio pode não ter o desempenho e o status do Aventador, mas entrega ao seu dono mais liberdade de uso –conceito que também é valioso.

SUPERLATIVO

O uso da fibra de carbono aliado a um motor 6.5 V12 torna o Aventador um símbolo do que é ser superlativo. Capaz de render 700 cv e 70,3 kgfm, ele lança o carro aos 100 km/h em 3s, atingindo a velocidade máxima 350 km/h, segundo a fabricante.

Para isso, conta até com pneus Pirelli (255/35 ZR19 na frente e 335/30 ZR 20 atrás) feitos sob medida.

O desempenho do motor 1.0 de 75 cv do Palio Fire é mais modesto: 0 a 100 km/h em 15,4s de acordo com a medição do teste Folha-Mauá.

Por meio de um seletor no painel, escolhe-se o comportamento do carro: Strada, Sport e Corsa. O comando altera o modo de funcionamento do motor, da transmissão (de dupla embreagem) e dos sistemas de controle de estabilidade, deixando o carro mais dócil ou mais visceral.

Com RODRIGO LARA, colaboração para a Folha

 

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