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21/06/2015 - 02h00

Há 25 anos, carros importados voltavam ao mercado nacional; relembre a história

EDUARDO SODRÉ
EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"
JOSIAS SILVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em tempos de hiperinflação e bloqueio das cadernetas de poupança, duas medidas da era Collor mudaram a vida de muitos brasileiros: o uso internacional dos cartões de crédito e a reabertura do mercado aos produtos importados, que completa 25 anos.

Suspensa desde 1976, a entrada de carros estrangeiros foi reaberta em maio de 1990.

O primeiro a chegar em São Paulo foi um BMW 520i, que desembarcou no aeroporto de Guarulhos na manhã do dia 15 de junho daquele ano.

Trazido pela Deck Veículos, empresa do grupo Regino, o sedã tinha potência modesta em comparação aos carros atuais: 129 cv. Era um dos modelos mais simples da linha na Europa, mas ainda assim bem mais sofisticado que os VW Santana e Chevrolet Monza da época.

O preço elevado daquele 520i, que hoje equivaleria a R$ 530 mil, era o padrão da época. Os primeiros modelos a desembarcar eram luxuosos, pois os 85% de imposto de importação, mais os custos da operação, afastavam veículos mais em conta.

As exceções daqueles tempos foram os carros russos da Lada, que chegaram por meio de um grupo importador sediado no Panamá. Falavam em vender 40 mil unidades por ano e, de fato, obtiveram bons volumes no país.

"Havia enorme curiosidade para ver os Laika e Niva, que eram baratos para concorrer com os nacionais. Havia um enorme depósito em Barueri e escritórios na Avenida Paulista", lembra o engenheiro e jornalista Bob Sharp, que atuou como relações públicas da Lada.

A operação russa era ambiciosa, contrastante com os muitos aventureiros que se arriscaram a trazer pequenos lotes de carros. Tempos depois, tais modelos agonizavam nas ruas com problemas de adaptação.

GASOLINA NA BAGAGEM

O empresário Sérgio Habib -que na época era dono de uma cadeia de assistência técnica- quis mostrar à Citroën que seus planos não eram mera aventura.

Engenheiro por formação, Habib exportou 800 litros de gasolina brasileira (com 22% de álcool) para a França e, depois, foi conversar com representantes da empresa francesa. Quando chegou a Paris, já havia sete brasileiros candidatos a importadores.

O empresário diz que a maior preocupação da Citroën era justamente a adaptação de seus carros ao combustível nacional.
Habib conta que tirou do bolso o recibo do armazém onde estava armazenada a gasolina e o entregou para o executivo francês.

A ousadia valeu a autorização para importar a marca. O primeiro modelo a chegar foi o XM, em maio de 1991, que custava US$ 110 mil.

Com a inflação -que caminhava para superar os 1.600% em 1990-, era preciso ser rápido para fechar negócio. Se o carro não fosse faturado até às 16h, no dia seguinte havia acréscimo de 2% no preço -que, em valores atualizados, beiraria os R$ 500 mil.

MARCAS INSTALADAS TAMBÉM IMPORTARAM

As fabricantes instaladas no Brasil também entraram, aos poucos, no ramo de importados. A Fiat, que estava atenta às indicações de abertura do mercado, trouxe cem unidades do sedã Alfa Romeo 164 no fim de 1990.

A Chevrolet entrou no negócio com a minivan Lumina APV, comercializada até 1992. VW e Ford optaram por esperar, embora empresas independentes já trouxessem modelos estrangeiros de ambas.

Em 1993, quando o imposto caiu de 85% para 35% (e depois para 20%), as marcas se animaram. Carros menos caros começaram a chegar, como o italiano Fiat Tipo e o belga Chevrolet Astra.

As japonesas Honda e Toyota oficializaram as operações de importação nessa época, e teve início a história de Civic e Corolla no Brasil.

Mas o imposto oscilou outras tantas vezes, atrapalhando as operações. "Nesses 25 anos, a valsa das alíquotas continua sendo nosso maior problema", afirma Sérgio Habib, hoje presidente do Grupo SHC, que também representa a chinesa JAC.

As variações de mercado, associadas ao crescimento das vendas e a medidas de incentivo à produção local, mudaram o cenário. Após 25 anos, a maior parte das empresas que chegaram com a reabertura às importações têm fábrica no país.

 

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