Com novo sobrenome, Focus Sedan quer distância do Corolla

A Ford desistiu de brigar com Corolla e Civic entre os sedãs médios. Ao menos no que diz respeito ao marketing do Focus Sedan 2016.

Reestilizado nos moldes do hatch que estreou mês passado (com grade trapezoidal e faróis mais esticados), o três-volumes chega em agosto com o sobrenome Fastback e apelo à esportividade.

"Nosso carro não é igual ao da concorrência. Você quer espaço, pode ir para o Corolla; quer um desenho clássico, pode ir para o Sentra. Mas, se você quer um carro com design dinâmico e que entrega dirigibilidade esportiva, esse carro é o Focus", brada Oswaldo Ramos, gerente de marketing da Ford. Antes com a missão de entrar no "G4" dos sedãs médios em termos de vendas, agora o Focus quer ser uma opção diferenciada no segmento.

	Divulgação
	Ford Focus Fastback

Mas como assim Fastback? Mudou a traseira do Focus Sedan? Na verdade, não. Atrás, as únicas novidades estão nas lanternas com lentes vermelhas e na tampa com desenho mais limpo. A linha de caída do teto, que teoricamente definiria o termo fastback (como no Mustang 1967) é a mesma de antes, ou seja, de um sedã tradicional.

Vale considerar, no entanto, que o Focus Sedan tem desenho mais arrojado que a maioria dos rivais, com a traseira elevada e curta, além do teto bem arqueado.

Marketing à parte, o Focus Fastback estreia em três versões: SE (R$ 77,9 mi, SE Plus (R$ 79,9 mil, Titanium (R$ 87,9 mil e Titanium Plus (R$ 96,9 mil. Como no hatch da linha 2016, a versão de entrada S foi suprimida do catálogo e a SE, mais recheada, ficou no lugar pelo mesmo preço.

O modelo avaliado pela Folha foi o topo de linha Titanium Plus, que vem de série com faróis de xenônio direcionais, sistema multimídia Sync com tela de 8", teto-solar, assistente de estacionamento (agora também para vagas de shopping) e o sistema de frenagem automática. Por meio de um sensor no para-brisa, o Focus analisa a distância do carro da frente e aciona automaticamente os freios caso o motorista não reaja, evitando o impacto se a velocidade for inferior a 20 km/h ou ao menos diminuindo o estrago em velocidades até 50 km/h.

Com foco na dinâmica, o carro ganhou rodas aro 17" em todas as versões e recebeu aperfeiçoamentos na direção e suspensão. Na primeira, o sistema elétrico foi recalibrado para maior leveza em manobras. Na segunda, há novas buchas dianteiras, além de um aumento na rigidez da carroceria na parte da frente. Outra novidade é que as linhas mais fluidas diminuíram o arrasto aerodinâmico, baixando o Cx do Focus Sedan de 0,306 para 0,296. Por fim, a Ford também aplicou carpete com melhor isolamento acústico e isoladores de ruído nas caixas de roda dianteira e no corpo dos espelhos retrovisores.

	Divulgação
	Ford Focus

Os ganhos são facilmente perceptíveis em movimento. O Focus ficou mais confortável no trânsito, com volante mais macio, e também mais silencioso na estrada. A suspensão (com eixo traseiro independente multilink) continua fazendo ótimo trabalho na absorção de impactos com uma estabilidade praticamente sem igual no segmento. E nisso colabora também o novo sistema de controle de estabilidade preventivo, que já atua antes mesmo de o carro desgarrar. Numa curva, por exemplo, ele freia de leve a roda dianteira interna para puxar o carro para dentro da tangente.

A condução também foi valorizada com a chegada (finalmente!) das borboletas no volante (agora de três raios) para trocas manuais de marcha do câmbio Powershift de seis marchas. Pena que a transmissão de dupla embreagem da Ford não tenha trocas tão rápidas quanto a DSG da VW, por exemplo, mas ainda assim ficou bem melhor que os antigos botões "+ e -" na própria alavanca.

Modificações no motor Duratec 2.0 16V de injeção direta ficaram por conta de pormenores como módulo de controle de carga da bateria (que diminui o uso do alternador e, consequentemente, o consumo de combustível) e um novo compressor do ar-condicionado, que rouba menos potência do propulsor.

	Divulgação
	Ford Focus Fastback

A potência continua em saudáveis 178 cv usando etanol, com torque de 22,5 kgfm a 4.500 rpm. É o suficiente para um desempenho dos melhores da turma, perdendo apenas para o Jetta TSI, que conta com auxílio do turbo. Mas, sabendo explorar o motor em giros mais altos, o Focus anda com desenvoltura e não chega a ser gastão: acelerou de 0 a 100 km/h em 9,66 segundos chegou a 12,2 km/l de consumo médio na estrada, com etanol, nas medições do instituto Folha-Mauá.

Pontos negativos? Os de sempre: o principal é o espaço justo para os ocupantes do banco traseiro, algo em que o Focus é um dos piores do segmento. Também o porta-malas de 421 litros não chega a ser destaque entre os rivais, sendo superado até por sedãs compactos.

Outro ponto de rejeição ao modelo, porém, a Ford promete resolver: a manutenção, que tem fama de cara, será paga pela própria marca por 36 meses ou 30 mil km para os 2 mil primeiros Focus Fastback vendidos. Além disso, haverá um lote de 500 caros (entre hatch e sedã) com desconto de 15% para proprietários dos modelos 2014 e 2015. "A imprensa diz que o Focus nunca teve a atenção que merece da Ford, mas agora isso vai mudar", garante o gerente Ramos. Se a estratégia vai dar certo, só as vendas dirão.