Novo Honda NSX eleva o patamar dos esportivos híbridos
EDUARDO SODRÉ
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO (JAPÃO)
Primeiro, vem a explosão. Cinco segundos depois, o silêncio. Em seu "Big Bang" particular, o Honda NSX está na origem dos novos tempos para os superesportivos.
A calmaria que se dá logo após a partida é obra do sistema híbrido. Há dois motores elétricos acoplados no eixo dianteiro, e um terceiro vai na parte de trás.
Entre eles está o V6 biturbo, a gasolina, responsável pelo ronco inicial.
Franck Robichon/Efe | ||
Novo Honda NSX tem motores elétrico e a combustão que combinados geram 550 cv |
A combinação de todas as forças gera 550 cv de potência. Nada de surpreendente no mundo dos supercarros, mas o NSX tem algo a mais.
A avaliação na pista de testes da Honda em Togichi, Japão, era restrita a duas voltas em um circuito oval.
Ted Klaus, líder da equipe que desenvolveu o carro, lembra que se trata de um modelo pré-série. Entretanto, o acabamento correto da cabine mostra que o NSX está pronto para as ruas.
Os primeiros metros são percorridos no modo elétrico. Já na cabeceira da pista, o acelerador é pressionado até o fundo. O carro parte sem titubear.
As rodas não destracionam, não há ameaças de saídas de traseira ou de dianteira. O NSX apenas traça uma linha reta e parte como se não houvesse amanhã.
Reprodução | ||
Sistema híbrido do Honda NSX |
Um engenheiro vai no banco do carona. Ele capta as reações do motorista e faz anotações em uma prancheta.
Não dá para entender os caracteres japoneses, mas se imagina que há apenas elogios ali.
A primeira volta serve para ver a capacidade que o NSX tem de acelerar. Na segunda, a solidez do carro é o que chama a atenção. Parece ser impossível tirá-lo dos trilhos, pois o Honda permanece neutro mesmo a 180 km/h.
O teste acaba em segundos, que pareceram um suspiro. É preciso alguns instantes para avaliar uma experiência tão fugaz.
Provavelmente, um convívio mais longo mostraria que o NSX é o mais surpreendente carro japonês já feito, e o que melhor aproveita o potencial dos sistemas híbridos. Dá para acelerar sem peso na consciência ecológica.
Como não foi possível andar mais, resta torcer pela sua chegada ao Brasil -onde, mesmo com os incentivos fiscais aos quais tem direito, custará perto de R$ 1 milhão.
O jornalista Eduardo Sodré viajou a convite da Anfavea
PRIMEIRA GERAÇÃO TEVE 'MÃO' DE AYRTON SENNA
As missões do Honda NSX, lançado em 1990, não eram simples: enfrentar os principais esportivos alemães (Porsche), italianos (Ferrari) e americanos (Corvette) e demonstrar ao mundo o poderio da marca no mundo das competições.
Naquele ano, a Honda vivia seu auge dentro das competições. Era dela o motor que empurrava a McLaren rumo ao bicampeonato de Fórmula 1 de Ayrton Senna.
A sintonia do brasileiro com os engenheiros da marca o levou a contribuir no desenvolvimento do NSX.
Durante testes no circuito de Nürburgring, na Alemanha, Senna levou os engenheiros a enrijecerem o chassis em 50%. Ajustes na suspensão e na dirigibilidade também vieram após considerações do tricampeão.
Primeiro supercarro da Honda, o NSX (sigla para New Sportscar Experimental) tinha uma configuração incomum até para os dias de hoje: motor central (localizado atrás dos bancos dianteiros), tração traseira e carroceria toda em alumínio -fora o primeiro carro do mundo a empregar o material.
Seu motor era um 3.0 V6 de 290 cv e 31 kgfm de torque, que mais tarde ganharia upgrades (veja linha do tempo).
O câmbio era manual, de cinco marchas. E não havia direção hidráulica.
Segundo a Honda, seu visual foi inspirado no avião de caça F-16 (daí sua cabine ligeiramente mais frontal).
No interior, o motorista contava com posição de guiar rente ao assoalho, bancos de couro, painel simples, mas de leitura fácil, ar-condicionado automático e sistema de som de alta qualidade.
Em 2005, a Honda encerrou a produção do modelo -que por muito tempo foi o carro japonês mais caro à venda (RODRIGO MORA)
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