Fiat sonha fazer do Mobi o novo líder do mercado; o problema está na receita
EDUARDO SODRÉ
DE SÃO PAULO
Atualizado às 16h01.
A Fiat quer transformar um carro popular em fenômeno pop. A conclusão veio durante a apresentação do compacto Mobi, evento repleto de blogueiros e celebridades que, mediante pagamento, distribuíram fotos e afagos ao carro nas redes sociais.
Enquanto a festa imodesta rolava no auditório do Ibirapuera, técnicos preparavam os detalhes para o dia seguinte. Os carros deveriam estar perfeitos para o primeiro teste, quando as impressões ao volante contariam mais que as curtidas virtuais.
E lá estavam os Mobi, enfileirados em frente a um hotel de luxo, na marginal Pinheiros. Os faróis grandes o fazem parecer maior, mas são apenas 3,57 m de uma ponta a outra, 24 cm a menos que o Uno, de quem toma a base. E aí começam os problemas.
ACIMA DE R$ 30 MIL
A novidade é uma versão encolhida de outros compactos da Fiat. Até o motor é o mesmo 1.0 flex com quatro cilindros (76 cv). Assim sendo, era de se esperar um preço menor que os R$ 31,9 mil da opção Easy. Segundo a fabricante, a inflação não permitiu valores abaixo de R$ 30 mil.
O carro escolhido para o teste é o completo Like On (R$ 42,3 mil), equipado com todos os principais itens de conforto e mais computador de bordo, rodas de liga leve e som com botões no volante.
Texturas diferentes nas forrações da cabine demonstram a preocupação de elevar o nível. A Fiat procurou se distanciar da deselegância discreta do Palio Fire e fazer do Mobi um carro mais chique. É reflexo da estratégia de lançamento da picape Toro, que tem gerado filas de espera Brasil afora.
"Não queremos ser conhecidos apenas como a marca que faz carros baratos, embora isso não signifique que não possamos fazer o mais barato do Brasil", disse Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto no grupo FCA (Fiat Chrysler).
O desejo de oferecer algo a mais também é visto no porta-malas, que tem tampa de vidro escurecido e um compartimento que permite guardar objetos menores com mais segurança.
Em movimento, mais do mesmo. Sem regulagem de profundidade da coluna de direção, o Mobi repete o problema de Uno e Palio Fire. A posição ideal de dirigir nunca é alcançada, pois pedais ou volante sempre estarão mais para lá ou para cá do que deveriam.
Não foi possível levar o carro para a pista de testes, mas o desempenho é adequado à proposta urbana. A suspensão mais firme que a do Palio Fire e o consumo surpreendem. Com gasolina no tanque, a média indicada no computador de bordo ficou em 16,7 km/l. A avaliação incluiu trechos curtos com trânsito intenso e alguns quilômetros de rodovia, rodando a 100 km/h.
AH, A CONCORRÊNCIA...
O problema, no entanto, são os outros. Apesar de a proposta urbana do Mobi ser bem embasada pelos itens de conforto e conectividade, os rivais foram mais longe.
O VW Up! pode se gabar de ter obtido cinco estrelas no teste de colisão e oferecer versão turbo. Já a Fiat não falou de segurança nem deu previsões sobre a chegada de uma versão com o novo motor 1.0 de três cilindros da marca, cuja estreia deve ocorrer na renovação da linha Uno.
Restaria ao Mobi ter um preço mais atraente, mas não é isso que acontece. Os valores empatam com o do compacto Volks, que parte de R$ 30,7 mil na versão básica com duas portas.
Mas a Fiat sonha alto e acredita que cerca de 9.000 unidades de seu lançamento serão emplacadas por mês.
Nos dias atuais, seria o suficiente para colocar o carro entre os três mais vendidos do Brasil. A questão é que o Mobi não tem apelo para se tornar um novo parâmetro, como ocorreu com a picape Toro em seu segmento.
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