Sedãs estão perdendo espaço para os jipinhos
EDUARDO SODRÉ
DE SÃO PAULO
Pesquisas encomendadas por montadoras nos últimos anos chegaram ao mesmo ponto: no Brasil, o comprador de sedãs médios é homem, tem entre 45 e 50 anos e usa o carro prioritariamente na cidade. Nenhum dos modelos à venda atualmente conseguiu reduzir a faixa etária.
De acordo com dados da Fenabrave (entidade que reúne as distribuidoras de veículos), o público mais jovem e com renda para gastar cerca de R$ 80 mil em um automóvel tem preferido os utilitários compactos. Na Honda, a idade média dos compradores do HR-V oscila de 35 a 45 anos. Na versão automática, custa R$ 81,7 mil.
VIRADA DE JOGO
Entre janeiro e abril de 2012, os três jipinhos urbanos mais vendidos de então (EcoSport, Duster e Tucson) somaram 25,1 mil unidades emplacadas, enquanto os líderes entre os sedãs médios foram parar em 40 mil garagens no mesmo período.
Em 2016, a proporção é bem diferente: Honda HR-V, Jeep Renegade e Renault Duster ignoraram a queda nas vendas no quadrimestre e, juntos, têm 46,2 mil licenciamentos. Os sedãs que dominam o segmento (Corolla, Civic e Sentra) estacionaram em 30 mil unidades.
Um, dois, três volumes - No Brasil, sedãs médios começaram a se destacar na década de 1980
O público feminino é o maior responsável pela virada. Na Peugeot, 52% dos jipinhos 2008 são vendidos para mulheres, com idade média de 46 anos. Pesquisas da montadora mostram que elas têm alto poder aquisitivo e são mais fiéis às marcas.
O problema é que os sedãs médios são carros globais e muito rentáveis. Se eles saem de moda, as empresas perdem dinheiro. Rejuvenescê-los é o caminho para disputar espaço com os SUVs.
TIO MODERNO
"Este é para mim, um tiozinho que gosta de um carro legal", disse à Folha Ronaldo Znidarsis, vice-presidente de vendas da Nissan do Brasil. O executivo, que completou 52 anos nesta sexta (20), se referia ao Sentra 2017.
Há de se descontar o entusiasmo de um executivo com sua cria, mas, de fato, o automóvel está menos sóbrio.
Quando chegou ao Brasil, em 2005, o Sentra chamou mais a atenção pelo visual antiquado do que por qualidades mecânicas. A geração seguinte (2007) chegou ao som do jingle "Será que é pra mim?", com o refrão "Não tem cara de tiozão, mas acelerou meu coração".
Divulgação | ||
Nissan Sentra SL 2017, que já está à venda no mercado nacional |
O modelo atual ia bem em vendas, estabilizado na terceira posição de seu segmento. Mas a Nissan tem feito um esforço global para rejuvenescer seu público, daí os traços modernosos de agora.
A carroceria é basicamente igual à anterior, mas a frente remodelada faz a diferença. Os faróis com recortes retos e as nervuras no capô são o ponto alto da nova identidade do carro, que pode ser equipado com faróis de LED e sistema de som da marca Bose.
Comparado à revolução por qual passam Cruze e Civic, as mudanças do Nissan são discretas. Porém, o Sentra já está nas lojas, com preços entre R$ 80 mil e R$ 96 mil. E com câmbio automático CVT, como os tiozinhos gostam.
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