Montadoras "esticam" a vida dos carros
DE SÃO PAULO
"Ninguém tem coragem de defender em reunião a decisão de interromper a produção de um carro com grande volume de vendas." A frase é de José Carlos Pinheiro Neto, então vice-presidente da GM, ao falar de mais uma reestilização do Corsa Classic.
O modelo é vendido desde 1995 sem muitas alterações. No lançamento, chamava-se Corsa Sedan e tinha motor 1.6. Depois do último retoque, feito em 2010, ficou a cara do "irmão" que acabara de sair de linha na China, um mercado muito menos exigente que o brasileiro.
O Chevrolet Classic não é o único a "reencarnar" várias vezes no Brasil. Vários carros têm recebido alterações para modernizar o visual ou serem alinhados à identidade global da marca.
"São modelos com uma margem de lucro alta", avalia Ricardo Bock, professor de engenharia automotiva da FEI (Fundação Educacional Inaciana). "O custo do projeto já foi pago, e a produção, com ferramental antigo, é mais barata."
Exemplos não faltam. A Peugeot optou por reestilizar a linha 206 em 2008 e chamá-la de 207. O Ford Fiesta produzido em Camaçari (BA) já passou por duas "plásticas". Agora convive com o New Fiesta mexicano, mais moderno e mais caro.
A VW adotou estratégia semelhante para a linha Polo 2012, lançada neste mês. Diante do grande investimento necessário para fabricar aqui a geração atual do carro, a montadora promoveu mais um retoque no modelo lançado há nove anos.
"O Polo atual atende bem ao nosso mercado", defende Henrique Sampaio, gerente de marketing da marca.
Para Fabrício Biondo, diretor de marketing do grupo PSA (Peugeot e Citroën), o mercado brasileiro cresceu além da capacidade dos fabricantes entre 2005 e 2010.
"Com as reestilizações, as montadoras oferecem aos consumidores ávidos por novidades produtos com preços que eles estão dispostos a pagar", afirma.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Esticar a vida de produtos não é exclusividade do Brasil. Há mercados que usam carrocerias ainda mais datadas. No Irã, por exemplo, a Khodro fabrica modelos com plataforma do Peugeot 405.
O Santana ainda é produzido na China, fruto de uma das duas parcerias da Volks com estatais locais.
No Brasil, especialistas apontam queda no atual ciclo médio -- quatro anos para reestilizações e oito anos para novas plataformas. "O ciclo está ficando mais curto devido à dinâmica do mercado e ao amadurecimento do consumidor, cada vez mais exigente", assevera Biondo.
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