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31/03/2013 - 06h40

Profissionais aderem a cursos livres virtuais para turbinar carreira

NICK WINGFIELD
Do "New York Times"

Quem quer que deseje aprender cálculo, estatística ou história grega antiga pode fazer cursos on-line gratuitos sobre esses temas em diversos sites, ministrados por instrutores com credenciais acadêmicas ilustres.

Para atividades mais banais, por exemplo aprender a remar ou criar uma floreira no jardim, o suprimento de vídeos gratuitos de instrução é inacabável no YouTube, eHow e outros sites.

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Especialista em Photoshop dá seminário on-line em Seattle, nos EUA
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Mas se você quiser assistir aos vídeos de um curso de três dias sobre as minúcias de como fotografar clientes que encomendam retratos que as mostram vestindo lingerie, o site CreativeLive oferece um curso por US$ 149 (R$ 300).

Empresas como a Udacity e a Coursera - grandes fornecedoras de cursos abertos on-line -estão apenas começando a oferecer cursos pagos que valerão créditos em cursos universitários, mas existem outras empresas que encontraram um nicho lucrativo, oferecendo cursos de design, fotografia e outras atividades criativas.

A CreativeLive, a Lynda.com e outras empresas desse segmento estão aproveitando os interesses de uma audiência altamente motivada para aperfeiçoar capacidades relacionadas à carreira profissional.

Os cursos on-line são, em geral, mais baratos do que os presenciais de fotografia e outros assuntos, e podem atrair instrutores conhecidos, dada sua promessa de atingir grandes audiências.

Amanda Picone, fotógrafa de casamentos em Babylon, Nova York, comprou o curso de fotos de modelos em lingerie da CreativeLive, porque imaginou que isso poderia ajudá-la a atrair mais clientes, já que existem pessoas estão interessadas em encomendar fotos sensuais. Picone aprendeu que pedir às modelos que ergam ligeiramente o queixo pode resultar em retratos mais lisonjeiros.

"Eles me ajudaram, demais", disse Picone sobre os diversos cursos da CreativeLive que ela fez.

DINHEIRO EM CAIXA

Os investidores estão percebendo o potencial de lucro desse nicho. Em janeiro, algumas das empresas de capital de risco que investiram no Facebook e em outras companhias conhecidas de tecnologia decidiram investir US$ 103 milhões para capitalizar a Lynda.com, produtora de vídeos on-line de treinamento sobre o software e outras ferramentas técnicas usadas pelos profissionais de criação.

E duas das maiores agências de talentos de Hollywood, a Creative Artists Agency e a William Morris Endeavor, investiram somas modestas na CreativeLive, em um sinal de seu interesse em empregar o serviço da empresa como novo veículo para seus clientes.

A CreativeLive já obteve US$ 8 milhões (R$ 18 milhões) em capital desde o ano passado. O principal investidor foi a Greylock Partners, uma companhia de capital de risco.

Embora seja improvável que Tom Cruise e outros ídolos das matinês comecem a dar cursos na CreativeLive, pelo menos por enquanto, a Creative Artists Agency tem entre seus clientes especialistas em decoração residencial, chefs de cozinha e escritores, muitos dos quais já faturam como palestrantes em eventos empresariais e feiras setoriais.

"Adoramos a ideia de que isso pode se tornar uma nova plataforma com escala e peso financeiro capazes de atender às necessidades de nossos clientes", disse Michael Yanover, diretor de desenvolvimento de negócios da Creative Artists.

A CreativeLive oferece uma diferença com a qual as rivais não contam: seus cursos são transmitidos ao vivo via internet e o ritmo dos programas varia em tempo real de acordo com as reações da pequena audiência em estúdio convidada para cada aula e também do grupo muito maior de espectadores que acompanham a aula on-line.

As aulas ao vivo em geral atraem entre 20 mil e 60 mil espectadores. Uma exceção foi a audiência para um curso de três dias ministrado pelo escritor Ramit Sethi, chamado Recursos Essenciais para os Empresários Criativos, cuja audiência superou os 150 mil espectadores ao dia.

Em alguns casos, os instrutores podem receber centenas de milhares de dólares, nos casos de cursos com múltiplos dias de aula. A CreativeLive "já pagou milhões de dólares" aos seus instrutores, diz Chase Jarvis, fotógrafo profissional que cofundou a empresa, em 2010.

"Criatividade é a nova alfabetização", disse Jarvis.

CUSTOS MENORES

As transmissões ao vivo da companhia podem ser assistidas gratuitamente, mas a CreativeLive cobra entre US$ 19 e US$ 249 de quem quer assistir às reprises das aulas; entre 3% e 10% dos espectadores acabam comprando acesso às reprises porque não puderam assistir à aula completa ou desejam estudar com mais atenção.

"Os usuários consideram que as aulas os ajudam a melhorar em suas carreiras ou vidas", disse Mika Salmi, veterano executivo de televisão e internet que comandou as operações digitais da Viacom e se tornou presidente-executivo da CreativeLive no ano passado. "As aulas são um investimento da pessoa nela mesma".

O KelbyTraining.com, um site de ensino de fotografia, tem cerca de 100 mil assinantes, que pagam US$ 25 ao mês, ou US$ 199 ao ano, por acesso pleno a cursos em vídeo sobre tópicos que variam de fotografia de animais selvagens a técnicas para retratar executivos.

A Digital-Tutors oferece mais de mil cursos sobre efeitos especiais e ferramentas gráficas usadas por cineastas e criadores de videogames, disponíveis para os clientes que se disponham a pagar US$ 45 ao mês.

Coursera também começou a reforçar suas ofertas de arte e design, que incluem um curso chamado "Introdução à Programação para Artistas Digitais", com aulas de um professor do Instituto de Arte da Califórnia.

A Lynda.com é um dos maiores sites da categoria. Cofundada 17 anos atrás por Linda Weinman, que trabalhou nos efeitos especiais dos filmes "O Retorno de Jedi" e "Tron", a companhia faturou mais de US$ 100 milhões no ano passado, 30% acima do total do ano anterior. Como a CreativeLive, a Lynda.com opera no azul praticamente desde que abriu as portas.

A empresa cobra US$ 25 ao mês dos assinantes individuais por acesso ilimitado a um acervo de 90 mil vídeos de treinamento, muitos dos quais sobre programas de software usados por artistas, designers e editores - aquilo que Weinman define como "o lado criativo do software".

"Não sinto resistência alguma à cobrança", diz Weinman.

COMPETIÇÃO

Não está claro ainda como esses sites influenciarão as fontes mais tradicionais de educação nos ramos criativos, entre os quais escolas de arte, faculdades locais e seminários de fotografia.

Weinman afirmou que as escolas "inicialmente se sentiam muito ameaçadas" pela Lynda.com, mas muitas delas, como o Columbia College Chicago, mais tarde decidiram pagar por licenças de uso do site para que seus alunos e professores possam assistir aos vídeos.

John Upchurch, diretor de recursos de computação e tecnologia do departamento de arte e design do Columbia College Chicago, disse que os vídeos davam aos instrutores tempo para ensinar mais do que o simples uso de ferramentas de software.

"Muita gente quer se dedicar mais ao pensamento criativo, a coisas que estimulem o pensamento criativo", diz Upchurch.

P. Tradução de Paulo Migliacci

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