Publicidade
05/05/2013 - 01h31

Estudo mostra os efeitos colaterais de premiar funcionários

FELIPE MAIA
EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS E NEGÓCIOS"

A "gamificação", ou seja, o ato de transformar hábitos pessoais em uma espécie de jogo, está na moda no mundo dos negócios. Esse tipo de método ajuda a engajar consumidores em torno de um produto.

Mas, no caso de políticas corporativas, esse tipo de disputa pode ter efeitos colaterais. A conclusão é de um estudo feito por Ian Larkin, professor da Escola de Negócios de Harvard.

Candidato interrompe entrevista para falar ao celular; veja outros comportamentos 'bizarros'
Recém-contratado tem de tirar férias antes de começar em empresa dos EUA
Aos 70, CLT divide opiniões: caducou ou permanece atual?

A pesquisa analisou um programa aplicado por uma empresa, não revelada, de lavagem industrial de roupas dos Estados Unidos.

Para resolver o problema de atrasos dos profissionais, a companhia criou um sistema em que os funcionários que não faltavam sem justificativa ou chegavam na hora ao trabalho durante um mês ganhavam um vale-compras de US$ 75 (R$ 150).

O resultado foi desanimador: as pessoas passaram a usar o programa estrategicamente, faltando por "motivos de saúde" quando estavam atrasadas, para não perder o prêmio. E as que já eram pontuais sofreram uma queda de 6% a 8% na produtividade.

Divulgação
Ian Larkin, professor da escola de negócios de Harvard
Ian Larkin, professor da escola de negócios de Harvard

A explicação de Larkin é que esses profissionais se desmotivaram por ver colegas sendo premiados por algo que eles já faziam há muito tempo. "Eles já estavam trabalhando muito e não estavam ganhando mais por isso", afirma.

O professor vê problemas em promover competições que envolvam dinheiro. Veja trechos da entrevista.

Folha - É errado premiar funcionários em dinheiro?
Ian Larkin - Em geral, é melhor não usar. O valor do prêmio tem de ser o reconhecimento perante as outras pessoas, premiar o profissional pelo bom trabalho já realizado e fazer com que os colegas dele saibam isso.

Cite um exemplo de um bom programa de incentivo que não seja monetário.
Há uma companhia de software de Boston que mede o desempenho dos garçons de restaurantes, se eles fazem os clientes gastarem mais. Os melhores atendentes ganham o direito de escolher a escala de trabalho e podem optar por trabalhar às sextas ou aos sábados à noite, quando o salão está mais cheio e eles ganham gorjetas maiores. Ao fazer isso, o restaurante faz com que eles compitam para ter um desempenho espetacular.

No caso do estudo, o problema não era a meta ser simples?
Os prêmios devem ser para resultados excepcionais, e não para algo que qualquer médio faria. Há gestores que consideram que a "gamificação" pode ser usada para tudo, mesmo para consertar comportamentos errados dos profissionais, como chegar atrasado, ou para premiar atitudes que já são esperadas.

 

Publicidade

 
Busca

Encontre vagas




pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag