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10/04/2016 - 02h00

Engenheiros migram para áreas como gestão em busca de oportunidades

GUILHERME CELESTINO
DE SÃO PAULO

Rômulo Machado, 51, se formou em engenharia mecânica, em 1989. Com a crise, foi parar na área comercial.

Quem quer ficar na área de engenharia tem que se aprimorar, afirma especialista

Ele diz que o o atual encolhimento do mercado de engenharia, afetado pela crise nas grandes construtoras e a paralisação de obras da Petrobras, é uma oportunidade para que profissionais da área descubram novos talentos e campos de trabalho.

"Engenheiros são profissionais versáteis e flexíveis. Há muito espaço para eles em áreas comerciais e de gestão", afirma.

Theo Marques/Folhapress
Curitiba, Parana, Brasil, 07-04-2016, 10h30 - Romulo Machado e engenheiro mecanico de formacao, mas trabalha como consultor da De Bernt, consultoria de RH. Com a crise economica afetando o mercado de trabalho, engenheiros como Romulo se veem obrigados a adaptar-se e ate mesmo a mudar de ramo. (Foto: Theo Marques/Folhapress - FSP-SUP-EMPREGO)
Rômulo Machado é engenheiro mecânico de formação, mas trabalha como consultor da De Bernt, consultoria de RH

Machado, que já foi executivo em empresa de telecomunicações durante o boom da telefonia, em 1998, hoje é diretor regional da De Bernt, uma empresa voltada para a recolocação de executivos e o desenvolvimento humano.

"Minha formação me deu uma visão mais prática das coisas, que é muito valorizada em um ambiente de gestão de pessoas", diz.

O mercado financeiro também "adora engenheiros", afirma Cassia de Assis, 62, coordenadora de engenharia civil do Instituto Mauá de Tecnologia.

Segundo ela, a formação sólida desse profissional em cálculos e sua capacidade de lidar com grande volume de dados o torna bastante atraente para os bancos de investimento.

Aos engenheiros que desejam ou precisam mudar de área, Assis recomenda começar a busca em empresas pequenas, que são mais flexíveis na contratação, ou abrir uma consultoria para prestação de serviço.

"Engenharia é uma formação de excelência e qualidade. Com um bom curso, o profissional vai achar uma saída para os momentos difíceis, mesmo que não seja uma solução ortodoxa", afirma Assis.

ABRIR PORTAS

Fazer engenharia também abre portas em setores como gestão de pessoas, marketing, e tecnologia da informação.

O especialista em gestão e recursos humanos da Inniti Joseph Teperman, 37, lembra que o mercado financeiro privilegia o pensamento matemático próprio do engenheiro, enquanto o mercado de consultorias conta com a visão estratégica de longo prazo que também caracteriza o profissional de engenharia.

Já a tecnologia da informação se aproveita do conhecimento de softwares do engenheiro e do fato de ele, em geral, ser antenado.

Teperman aconselha o profissional em busca de nova colocação a estudar a área pretendida para identificar o que é mais valorizado ali. Por exemplo: um MBA é importante para quem visa o setor de gestão. Já a área de tecnologia pode exigir um aperfeiçoamento do inglês.

Aprimorar as habilidades de comunicação é essencial, diz ele: "Pessoas com mais facilidade com números e cálculos são menos relacionais, é importante fazer MBA ou participar de um coaching".

Para Eduardo Bahi, 51, engenheiro eletrônico que trabalha como consultor de carreira na Thomas Case, todas essas áreas contratam engenheiros pela sua capacidade de resolver problemas.

"Mas é preciso saber se vender em uma área que você não domina", ressalva. Para isso, é importante preencher eventuais lacunas na formação acadêmica.

O engenheiro mecânico Maurício Giusti, 45, foi um dos que preferiram voltar à universidade e, assim, fortalecer o currículo para a nova carreira em gestão.

Ele fez um MBA na escola de negócios francesa Insead. "Eu tinha a parte prática por trabalhar em consultorias, mas senti falta de formação em finanças e marketing."

Hoje, Giusti preside a Phoenix Tower do Brasil, empresa de torres para celular.

Já Ricardo Caixeta, 27, estudou engenharia de produção na Escola Politécnica da USP, mas foi trabalhar em um banco de investimento.

Seus diferenciais, diz, são o conhecimento em programação e a forma mais analítica e estruturada de pensar.

Para compensar o pouco conhecimento de economia, Caixeta passou a ler sobre mercado financeiro em jornais e livros especializados.

CRESCIMENTO RÁPIDO

Engenheiros que mudam de área o fazem em busca de crescimento mais rápido, salários maiores e mercado de trabalho mais receptivo.

O engenheiro mecânico Gabriel Almeida, 30, trabalhou como trainee na empresa de engenharia e eletrônica Bosch no Brasil e na divisão de motores elétricos da companhia na Alemanha.

Também foi funcionário do grupo Rhodia, antes de virar gerente de recrutamento e seleção na área de operações e técnicas de engenharia e manufatura da Talenses.

"Queria novos desafios e, também, acelerar minha carreira e ganhar mais", diz.

Em engenharia, o tempo até se alcançar um cargo de alto escalão é maior. Em outras áreas, esse profissional costuma ser contratado como analista, com piso salarial menor, mas tem chance de ascensão muito mais rápida.

Juan Carlo Breda, 22, está no último ano de engenharia civil na Mauá. Ele faz estágio na construtora de médio porte Waled e diz que há a oportunidade de ser contratado. Mas o plano é tentar um cargo de executivo, para conseguir melhor remuneração.

"Na faculdade aprendi a lidar com questões da área de administração. Isso pode ajudar a abrir portas, mesmo que eu não faça um MBA", diz.

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DIVERSIFIQUE
Segmentos que buscam engenheiros

MERCADO FINANCEIRO
Bancos procuram profissionais da área por familiaridade com números e cálculos complexos, além de conhecimento em resolução de problemas

CONSULTORIA DE NEGÓCIOS
Empresas que prestam serviços de consultoria buscam engenheiros por sua visão de estratégia de longo prazo e capacidade de avaliar cenário múltiplos de solução

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
A área de TI contrata engenheiros com perfil ligado à programação, além de conhecimento de tecnologia e softwares e familiaridade com os termos da área

SUSTENTABILIDADE
Companhias de desenvolvimento de alternativas ambientais têm interesse em engenheiros por seu conhecimento em processos industriais e otimização de linha de produção

GESTÃO DE PESSOAS
A visão prática e focada em dados é atraente para os setores de gestão e recrutamento, em especial quando os clientes são empresas de engenharia ou áreas correlatas

 

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