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09/09/2012 - 06h05

Sem indicação, morador pode encontrar pedreiro na internet

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

Encontrar um pedreiro qualificado que consiga tocar uma reforma e entregar o trabalho no prazo é uma missão cada vez mais difícil.

Com o aquecimento no mercado da construção civil nos últimos anos, reformas caseiras passaram a interessar menos aos profissionais.

No período de 12 meses encerrado em julho deste ano, o número de contratações na construção civil superou em 230 mil a quantidade de trabalhadores demitidos, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Hoje o piso salarial desse profissional é de R$ 1.168,20. Mas, como são muito requisitados, o valor pode subir.

"Falta mão de obra nas construtoras, e tem pedreiro 'top' ganhando cerca de R$ 5.000 por mês. É difícil haver quem se interesse em fazer 'bicos' em residências", diz Fabio Cury, proprietário da construtora Cury.

Lucas Lima/Folhapress
Retrato dos pedreiros Moisés Pinheiro Fagundes (esq) e Cleber Santos de Oliveira (dir). Eles são sócios e anunciam o trabalho na Internet. (Foto: Lucas Lima/Folhapress, IMÓVEIS) ***EXCLUSIVO FOLHA****
Os pedreiros Moisés Pinheiro Fagundes (esq.) e Cleber Santos de Oliveira anunciam seus serviços na internet.

"Há uma redução drástica na oferta de trabalhadores para reformas para casa", acrescenta Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações de capital e trabalho do Sinduscon-SP (Sindicato da Construção).

Os pedreiros e sócios Cleber Santos de Oliveira, 33, e Moisés Pinheiro Fagundes, 35, aproveitam a demanda. "A gente termina um serviço e já tem outro esperando."

Como alternativa a indicações de vizinhos, amigos e conhecidos, os moradores que precisam fazer reformas encontram profissionais na internet.

NA REDE

Se fazer uma reforma em casa dá trabalho, encontrar um bom profissional para levá-la a cabo é um dos primeiros desafios.

"O trabalhador prefere ter carteira assinada e mais estabilidade a fazer pequenos serviços", afirma Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações de capital e trabalho do Sinduscon-SP.

Carolina Daffara/Editoria de Arte

Na hora da disputa com a indústria, difícil de ser vencida, o morador que precisa fazer uma obra pode contar com a ajuda da internet --além da tradicional propaganda boca a boca, que ainda é a forma mais segura de encontrar um profissional.

Pedreiros, empreiteiras e empresas anunciam seus serviços em sites (veja ao lado). Além dos tradicionais classificados, também é possível contratar diretamente sites que prestem serviços de reparo, como o Dr. Resolve ou o Pra que Marido?.

O fundador do Dr. Resolve, David Pinto, conta que teve a ideia de abrir a empresa após precisar reformar seu apartamento. "Percebi que era muito difícil encontrar mão de obra qualificada e resolvi apostar nesse serviço."

Além de estar na internet, a empresa conta com cerca de 500 unidades físicas no país. Em dezembro de 2011, Pinto fundou o Instituto da Construção, que oferece cursos para pedreiros, instaladores, eletricistas e outros profissionais da construção civil. "Falta mão de obra com capacidade técnica, pois em geral o pedreiro aprende só com a experiência do dia a dia."

Um dos motivos que ele vê para a escassez de mão de obra é o menor interesse de jovens pela profissão. "Normalmente eles procuram um emprego que dê status."

DE OLHO

O fundador do Faça Bem Feito, Admilson Silva de Oliveira, conta que, quando vai anunciar um pedreiro no seu site, o visita antes para ver como é o seu trabalho e pede referências sobre o que ele já fez. "Quando reformei minha casa, percebi que não havia como avaliar antes a qualidade do profissional."

O autônomo Flávio Ferreira, 39, que mora na zona leste de São Paulo, pediu a opinião de vizinhos para contratar um pedreiro para trabalhar na laje de sua residência, mas não achou um.
Decidiu buscar na internet e contratou um profissional do Faça Bem Feito. "O serviço está ok," diz.

O CEO do site Getninjas, fundado em 2011, Eduardo L'Hotelier diz ter cerca de 10 mil profissionais cadastrados. E eles podem ser avaliados pelos clientes. A reportagem, porém, consultou 15 profissionais após fazer uma busca no site, mas nenhum ainda havia sido avaliado.

Há três anos, o pedreiro José Júlio Filho, 49, criou um CNPJ. "Antes poderiam pensar que eu prestava serviço e não pagava imposto. No ano seguinte, fiz meu primeiro anúncio."

Por saber da demanda por pedreiros, pensou que poderia conseguir mais clientes do que pelo boca a boca. Deu certo. "Em agosto recebi mais de dez ofertas só pela internet. Acabo recusando muitas por falta de tempo."

O pedreiro Pedro Lopes Estrela, 41, também montou uma empresa e hoje tem uma equipe que trabalha com ele. "Depois da internet, somos muito mais procurados."

Carolina Daffara/Editoria de Arte
 

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