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20/04/2013 - 23h30

Residenciais abertos à vizinhança buscam preservar a privacidade

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

Empreendimentos sem muros ou que tenham comércio no térreo e praças públicas podem manter a privacidade dos moradores, caso o projeto tenha sido bem planejado, de acordo com especialistas e incorporadoras.

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Quando a integração se dá por um estabelecimento comercial, como no Motion Avanhadava, na região do Baixo Augusta, e no Unlimited Ocean Front, em Santos, não deverá haver diferenças em relação a um condomínio comum. Isso porque as entradas de carro e de pedestres não serão as mesmas que as do ponto comercial.

As duas incorporadoras lançarão neste semestre o Habitarte, também residencial. Haverá uma escultura de 50 metros de altura e uma praça aberta ao público na primeira fase.

"Unidades pequenas, com foco em casais jovens ou solteiros, encaixam-se melhor no perfil 'sem muro', com maior integração com a rua", diz Artur Jorge de Deus Lé, do escritório Anastassiadis Arquitetos.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
A publicitária Carla Fernandes diz que abrir área verde privado para uso público é positivo para a cidade
A publicitária Carla Fernandes diz que disponibilizar área verde para uso público é positivo para a cidade e para o condômino

DEMANDA
Leila Jacy, diretora de incorporação da Stan, diz que já há espaço no Brasil para projetos mais integrados, mas, segundo ela, o comprador em geral procura empreendimentos com separação para a rua.

O arquiteto Benedito Abbud vai na mesma linha e diz que um limitador para que os empreendimentos sejam mais abertos à cidade muitas vezes vem do próprio consumidor.

"Os condôminos acham até que a incorporadora não quer muro para economizar. Também não veem motivo para abrir mão de uma área e deixá-la para uso público, já que eles que pagam por ela."

Segundo Abbud, é preciso um incentivo do poder público para as incorporadoras que deixem um terreno aberto, como uma praça.

Para a publicitária Carla Fernandes, 42, moradora do empreendimento Paulistânia, a convivência com os moradores do entorno é positiva. Ao lado do condomínio, mas sem acesso direto a ele, há uma área verde que fica aberta ao público

"Acho isso ótimo para a cidade. Vai ser sempre insuficiente o que o governo fizer."

Para Paola Alambert, diretora da Abyara Brasil Brokers, uma dificuldade para deixar uma praça aberta é que normalmente num caso desses se exige um terreno maior. "Mas um comércio no térreo já é algo positivo para a cidade", completa.

Filipe Soares, diretor da Yuny, diz que a tendência, ainda no início, deverá maior dimensão com o tempo.

SEGURANÇA
Cyro Naufel, diretor da imobiliária Lopes, diz que projetos sem muros serão isolados, "por causa da violência". "Não dá para expor o prédio. Os muros são uma demanda do comprador."

Mas a opinião de Naufel não é unânime. Um ponto levantado por especialistas é que, embora possa facilitar a invasão por um ladrão, a ausência de muros também pode inibi-la, por deixá-lo exposto a quem está fora do empreendimento.

"É uma faca de dois gumes para o bandido", afirma Omar Anauate, diretor de condomínio da Aabic (Associação Administradora de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo). Para o paisagista Luiz Carlos Orsini, responsável pelo projeto do Habitarte, é ilusão acreditar que os muros trazem segurança.

Em alguns lançamentos, como o Jardim das Perdizes, na zona oeste, haverá um parque aberto ao público. Os condomínios, porém, serão fechados e independentes entre si.

LANÇAMENTOS
Incorporadora com foco em edifícios mais integrados ao entorno, a Idea! Zarvos deverá lançar, em abril e maio deste ano, quatro projetos em São Paulo que seguem essa tendência. Trata-se dos edifícios Azul, Oka, Pop Madalena e Pop XYZ, todos com previsão de conclusão em 2015.

No segmento residencial, a empresa entregou sete empreendimentos até hoje. Nos primeiros, uma marca era uma calçada maior, mas agora, em terrenos maiores, a proposta de comércio nos edifícios também ganhou corpo.

"Muita gente associa a ideia de lojas no térreo a prédios deteriorados, mas essa é uma visão equivocada", diz Otavio Zarvos, presidente da incorporadora.

O tamanho dos imóveis varia muito --de 40 m² a 600 m². O metro quadrado custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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