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03/11/2013 - 01h30

Síndico pode não ser morador e receber remuneração para gerenciar edifício

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

Com a grande entrega de condomínios-clubes nos últimos anos, com várias torres e ampla área de lazer, o síndico passou a ser mais exigido.

Para gerir centenas de unidades, a disponibilidade de tempo virou imperativo, e nem sempre há candidatos com o perfil necessário.

Condomínio pode criar conselhos para acompanhar trabalho do síndico

No outro extremo, em empreendimentos de uma única torre, também pode haver dificuldades de preencher a vaga com um condômino, já que o número de pessoas vivendo ali é menor e nem todos têm o perfil necessário para exercer a função.

Bruno Poletti/Folhapress
Antonio Caros Meyer é síndico em vários prédios com a ajuda da mulher, Cláudia
Antonio Carlos Meyer é síndico remunerado em vários prédios na cidade de São Paulo e trabalha com a mulher, Cláudia

Como resposta a essa carência surgiu a figura do síndico "profissional".

Apesar do nome, não se trata de uma profissão regulamentada, mas da atividade de síndico exercida por quem não é morador, administra diversos condomínios e é remunerado por isso.

Antonio Carlos Meyer, 61, é um deles. Além de gerenciar o edifício onde mora, ele é síndico de outros cinco empreendimentos, nas zonas sul e oeste de São Paulo, nos quais presta serviços com sua mulher, Cláudia, 58.

O trabalho é feito nos prédios, aonde vão duas vezes por semana, e a distância.

"Nas visitas, identificamos os problemas e acompanhamos a solução daquilo que já foi identificado. Analisamos as contas, assinamos os documentos, fazemos tudo que é necessário", diz Meyer, que é formado em engenharia.

Leonardo Soares/Folhapress
Ronaldo de Oliveira, 35, presta serviços a diversos condomínios em São Paulo
Ronaldo de Oliveira presta serviços a diversos condomínios

Segundo ele, não morar no prédio não atrapalha o serviço, pois o trabalho de administração de contas, por exemplo, é feito de casa. "Ficamos até as 23h trabalhando e com o celular ligado até na hora de dormir", afirma.

COMO ESCOLHER
Ter um síndico de fora na administração do condomínio, porém, não é garantia de que a gestão será melhor do que se a função estivesse sendo exercida por um morador.

A escolha tem vantagens e desvantagens, e especialistas divergem sobre o assunto. Eles ressaltam, porém, que o mais importante é o preparo do síndico, que pode ser bom ou ruim, não importa se ele vive ou não no condomínio.

Para escolher bem, uma dica é checar se ele tem noções de administração e legislação condominial e se é hábil nos relacionamentos.

"Ele não vai ficar na operação do dia a dia, é o cara de gestão. Tem de saber escutar o condômino e ter habilidade para cobrar a administradora e o zelador", diz Marcelo Mahtuk, diretor da administradora Manager.

Para Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), um condômino é melhor porque está mais presente no dia a dia.

Já Dostoiévscki Vieira, diretor-executivo da Pró Síndico, associação de síndicos que ministra cursos na área, diz que o profissional de fora, remunerado, é mais indicado em condomínios com mais de 50 unidades, que exigem mais dedicação.

Além disso, ele pode sofrer menos pressão emocional dos outros moradores porque não vive no prédio.

Segundo Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH, que também oferta cursos de formação, a maioria dos alunos quer "dar um up" na carreira, como síndicos que moram no prédio e funcionários do condomínio.

Para Mahtuk, é preciso levar em conta que "não é só um curso com algumas horas que habilita alguém a ser um síndico 'profissional'".

REMUNERAÇÃO
Pagamentos para o síndico condômino são muito raros. Quando recebem algum benefício, o comum é a isenção da taxa condominial.

Para os síndicos "profissionais", a remuneração costuma ficar entre R$ 30 e R$ 60 por apartamento.

Angélica Arbex, gerente de relacionamento da Lello Condomínios, aponta que, nos novos edifícios, é comum o primeiro síndico ser de fora, para criar as bases de uma boa administração.

"O síndico 'profissional' tem um conhecimento específico e um compromisso claro de gestão e prestação de contas focada no planejamento financeiro."

Ronaldo de Oliveira, 35, morava em uma casa e não conhecia nada do dia a dia de um condomínio, mas, ao se casar, mudou para um com muitas dívidas. Virou síndico.

Renegociou contratos, alugou o topo do prédio para instalar uma antena, entrou com uma ação contra inadimplentes, entre outras ações. "Minha fama se espalhou e hoje atuo como síndico em vários condomínios."

Carolina Daffara/Editoria de Arte/Folhapress
 

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