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24/05/2015 - 01h30

Móveis de design estão mais populares, mas custo ainda é barreira

MARINA ESTARQUE
DE SÃO PAULO

O crescimento da classe C aumentou a demanda por produtos de bom design, mas essa demanda ainda não foi atendida, segundo especialistas ouvidos pela Folha. Tornar esses peças mais acessíveis, diminuindo custos, é um dos principais desafios do design no país.

O assunto é o tema da Bienal Brasileira de Design, que acontece até 12 de julho em Florianópolis (SC). "O design é qualidade de vida, é um direito. Se não é para todos, é porque o poder público e as empresas ainda não entenderam", diz Freddy Van Camp, curador do evento.

Com a nova classe média, há maior possibilidade de produção em larga escala, barateando o custo das peças.

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"O brasileiro tem uma forte sensibilidade estética e está cada vez mais educado culturalmente para o design inteligente, que independe totalmente de preço. A Havaianas é um exemplo disso", diz o designer Guto Indio da Costa.

Zaira da Silva, gerente de marketing da Oxford Porcelanas, concorda: "O design nesse momento é fundamental para quebrar barreiras e preconceitos antiquados."

Objetos que promovem a inclusão no processo produtivo, com artesãos, por exemplo, ou que atendem pessoas com necessidades especiais também podem ser considerados de design universal.

Com imóveis cada vez menores, os ambientes passam a ter várias funções e precisam atender a muitas necessidades ao mesmo tempo. Para resolver o problema da falta de espaço nas casas, designers apontam que é preciso pensar em móveis flexíveis e com medidas pequenas, que permitam o uso inteligente.

"O mercado ainda não percebeu essa mudança e, por enquanto, não oferece soluções compatíveis para a classe C", afirma Indio da Costa.

Outra tendência é a personalização, que pode ir desde a escolha da cor, do tecido e do tamanho até opções mais complexas, que envolvem a composição do objeto.

Há uma demanda por objetos coloridos e criativos. "A gente procura ter o cinza, o bege, o preto e branco, mas também uma cor diferente, caso a pessoa queira dar destaque a uma peça na sua casa. E muitas vezes essas são as que mais vendem", explica José Machado, diretor de design da Oppa, marca que busca se encaixar no "design para todos".

Mesmo que se pretendam universais, muitos desses produtos ainda são considerados caros. Uma das dificuldades de baratear os preços é o chamado "custo Brasil", alertam os empresários.

"Impossível não criticar a insana teia de custos e impostos brasileiros. Um fabricante chinês paga apenas 6% de impostos", diz Indio da Costa.

Já para Célio Teodorico, designer do Estúdio 566 e professor da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), alguns produtos poderiam ser mais baratos, mas seguem com um valor alto apenas para manter a exclusividade e o status.

Nesses casos, afirma ele, a solução é baixar a margem de lucro, possibilitando uma queda no preço. O bom design permitiria ao fabricante vender mais e, assim, lucrar na quantidade.

"Não é só uma questão estética, mas uma ferramenta estratégica. Quando as empresas perceberem isso todo mundo vai sair ganhando", afirma Zaira da Silva.

INOVAÇÃO

O design também pode ser uma oportunidade de melhorar os negócios até mesmo em tempos de crise. "É um diferencial disponível a preços baixíssimos", afirma Van Camp.

Para ele, poder público e empresas não tratam a área como inovação. "Inovar não se restringe à área tecnológica e científica", diz.

Para ter peças mais baratas sem perder a qualidade, os designers precisam de projetos que considerem toda a linha de produção e distribuição.

A base de mesa Junina, da Oppa, que está na Bienal, é um exemplo de montagem fácil. "Por ser feito de quatro peças iguais, esse objeto tem um processo industrial relativamente simples e a embalagem também, porque ele vai deitado", diz Machado.

Outra opção para baixar os custos é usar materiais baratos na composição do produto, como as luminárias do designer Raphael Accardo, à feitas de caixas de ovo recicladas, ou a banqueta Lola, do Estúdio 566, cujo assento é feito de restos de tecido.

 

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