Anjos de Harvard abrem portas para start-ups no Brasil
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
O grupo é heterogêneo: há profissionais de gestão de investimentos, de tecnologia da informação, de varejo, de advocacia. Em comum, o fato de todos serem brasileiros e terem sido alunos da Universidade Harvard, nos EUA.
Cinquenta brasileiros que passaram pela instituição formaram, no primeiro semestre, um clube de investimento anjo que irá fazer aportes entre R$ 300 mil e R$ 800 mil em cada empresa que considerarem promissoras.
Simon Plestenjak/Folhapress | ||
Luciana Tornovsky fez mestrado em direito em Harvard e ajuda a selecionar empresas brasileiras que receberão investimento |
Os ex-alunos referem-se a si mesmos como "alumni", palavra latina usada para designar estudantes ou graduados de uma universidade.
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A ideia é criar um grupo de pessoas "qualificadas, competentes, que sejam um time analisando empreendimentos para investir", diz Andrea Seibel, 36, diretora da Leo Madeiras, advogada que integra o grupo.
A vantagem de ter gente de vários perfis é a "inteligência coletiva", destaca outro membro do clube, Benjamin Quadros, presidente de uma empresa de softwares.
"Usamos o 'know-how' de vários setores [TI, logística, varejo etc.] na hora de decidir se fazemos um investimento", completa.
A advogada Luciana Tornovsky, 37, sócia do Demarest & Almeida, dá exemplos de como ela avalia se vale investir em um empreendimento: "Pergunto se eles têm financiamento em aberto, como os funcionários são registrados e se os contratos são escritos e formalizados".
CONSULTORIA DE ELITE
Além de investir, os "alumni" de Harvard também podem ajudar as novas empresas abrindo caminhos. "Temos contatos e experiência para passar", diz Magnus Arantes, 40, um dos anjos.
Arantes é o principal responsável pela existência dos Anjos de Harvard no Brasil.
Alessandro Shinoda/Folhapress |
O empresario Magnus Arantes, 40, em sua empresa, responsavel pela criação do clube de ex-alunos brasileiros |
O empresário, formado em engenharia, é sócio de uma gestora de investimentos.
No segundo semestre do ano passado, os membros do conselho dos Anjos de Harvard o chamaram para que implementasse o clube aqui. Arantes visitou os clubes de Paris, de Londres, de Nova York e de São Francisco (que foi o primeiro a ser implementado, em 2007).
"Peguei um monte de informação e voltei para casa." O passo seguinte foi conversar com "alumni" brasileiros. Arantes juntou outros 49 membros, organizados em comitês: o de administração do clube, o de questões legais, o que busca projetos e seleciona empreendedores e outro de mentores, que orientam os selecionados (até agora, não houve um único escolhido).
ACESSO
Há três caminhos para um empreendedor chegar até o grupo. O primeiro é o mais exclusivo: também ser um "alumni" de Harvard. Há uma rede na internet para ex-alunos.
Outro é ser indicado por alguém que os anjos conheçam. Por exemplo, fundos de investimento que veem o negócio como promissor, porém pequeno para receber financiamento de grande porte.
A terceira maneira, para os empreendedores em geral, é se inscrever pelo site do clube (http://gust.com/angel-group/harvard-business-school-angels-of-brazil).
Arantes diz que por esse canal chegam muitos projetos -bons e ruins. E conta que recebeu uma proposta para que o clube investisse em um casa noturna gay na cidade de Jundiaí. "Não é o perfil do que procuramos."
HISTÓRIAS DOS ANJOS
Em 1993, o engenheiro Magnus Arantes, hoje um dos anjos de Harvard no Brasil, largou o emprego e fundou uma empresa que produzia softwares para cálculos de engenharia. Em 2000, vendeu a companhia e se matriculou em um programa em Harvard para donos de empresas. Os estudantes ficam um mês na escola de negócios e repetem o programa durante três anos.
A advogada Luciana Tornovsky, 37, começou o mestrado em direito em Harvard depois de se formar na mesma área em São Paulo. Nos EUA, especializou-se em fusões e aquisições. Voltou para o Brasil para trabalhar no escritório Demarest & Almeida. A contribuição de Tornovsky é analisar se as start-ups têm problemas jurídicos que as impeçam de receber aportes.
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