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12/06/2013 - 16h39

Franquias de baixo investimento terão seleção mais dura no Brasil

REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A ABF (Associação Brasileira de Franchising) decidiu ser mais dura com as exigências para abertura de microfranquias (que exigem investimentos de até R$ 80 mil). Isso porque esse modelo de negócio de investimento baixo, considerado a coqueluche do setor, teve resultados decepcionantes no ano passado.

A participação do número de unidades de microfranquias no mercado como um todo caiu de 13,5% em 2011 para 12,8% em 2012, apesar de o número de unidades dessas empresas ter crescido de 12,4 mil para 13,4 mil no período.

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Ricardo Camargo, diretor-executivo da associação, afirma que muitas microfranquias fecharam no ano passado por terem um modelo de negócios fraco.

"Muitas empresas foram abertas apenas como ideias, sem muita viabilidade ou planejamento. O chamariz principal dessas companhias era só o investimento inicial baixo."

Segundo o Sebrae, a taxa de fechamento de unidades de franquias no país é de 5% após dois anos de existência. Considerando apenas as de investimento baixo, o índice de mortalidade é maior, de 12% a 15% ao ano.

Uma das medidas foi adotada em abril, com o aumento do investimento inicial máximo, que passou de R$ 50 mil para R$ 80 mil. Isso deve abrir espaço para empresas mais sofisticadas no setor.

A associação também pretende agora aumentar as diretrizes para filiação à entidade.

Uma das ações será a exigência de um sistema de atração de mão de obra para as empresas que adotam esse modelo. "Como normalmente as microfranquias são de serviços, essas companhias têm dificuldade de encontrar mão de obra qualificada devido ao aquecimento do mercado de trabalho nacional", afirma o executivo.

Outras exigências serão a apresentação de manuais para os franqueados, planos de formação para empreendedores e funcionários e também a criação de propostas de negócios mais segmentadas.

"De qualquer forma, sempre orientamos quem está interessado em comprar uma microfranquia que leia atentamente a proposta, estude o contrato e converse com atuais franqueados", diz.

PLANEJAMENTO

A microfranquia Vazoli, que cobra uma taxa de franquia de até R$ 45 mil, foi criada em 2011 e já possui 82 unidades do país. A empresa foi criada em Severínia (SP) para atuar no ramo de facilitação de crédito no mercado financeiro, como intermediação para crédito consignado e financiamento imobiliário.

Para Eric Vaz de Lima, 34, diretor comercial e de expansão, o modelo de franquia só deu certo porque houve planejamento.

"A empresa foi criada em 2008 e apenas em 2011 resolveu formatar um modelo de franquias, quando já tínhamos dez unidades próprias abertas. Estudamos quais foram nossas dificuldades para atender os franqueados antes de começar as vendas", diz.

Um dos problemas que a companhia tinha era encontrar mão de obra qualificada. Segundo Lima, para diminuir essa dificuldade foi estudado o perfil dos melhores funcionários para criar um processo seletivo aprimorado que os franqueados pudessem usar.

"Nossa intenção nunca foi abrir dezenas de franquias que fossem fechar logo em seguida. Queremos que o franqueado tenha longa duração para fortalecer nossa marca", afirma.

PIB FRACO

O faturamento geral do setor de franchising no Brasil foi de R$ 103 bilhões no ano passado, uma alta nominal de 16,2% em relação a 2011. O setor representou 2,3% do PIB em 2012, contra 2,1% em 2011, segundo a associação.

A presidente da ABF, Cristina Franco, estima que neste ano o setor deve crescer de 14,5% a 16%. Mas ela reconhece que a inflação e o baixo crescimento do PIB podem atrapalhar os resultados.

"Além disso, temos dificuldades tributárias, os encargos sociais são caros demais, a locação de pontos comerciais não é barata e falta qualificação dos executivos. Infelizmente, essas são condições existentes no país há muitos anos, mas acreditamos que no segundo semestre teremos melhoras na inflação e no PIB, o que deve ajudar nosso setor", afirma.

FORA DO SHOPPING

A aposta das franquias para driblar o baixo crescimento do PIB é a expansão de unidades em grandes conglomerados habitacionais, lojas de rua e no interior do país.

"Quase não há mais espaço em shoppings de grandes cidades, por isso essas opções ganham força. Mas os problemas de infraestrutura do país também prejudicam a interiorização", diz Franco.

Quanto aos ramos de mais expansão, existe uma expectativa grande para os de limpeza, conservação, hotelaria e turismo. "A PEC das domésticas e os grandes eventos do país devem ajudar nisso", completa.

No ano passado, o ramo que mais cresceu em faturamento foi hotelaria e turismo, com 97,8%, seguido de limpeza e conservação (44,5%) e informática e eletrônicos (32,5%).

 

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