Análise: Maioria dos empreendedores não inventa nada, e sim adapta
MARCOS HASHIMOTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A prática do "copycat" (adaptar para ideias que funcionaram em outras regiões) é bastante difundida e, ao mesmo tempo, criticada como uma forma falsa de empreender, uma vez que não há inovação no processo.
Nem sempre a inovação deve ser considerada como uma descoberta tecnológica inédita, como muitos podem pensar. A adaptação de um negócio já existente para um mercado até então inexplorado é uma forma de inovar também.
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Não existe nenhum demérito em copiar uma ideia já existente. A maioria dos empreendedores não inventa nada, mas, sim, copia e melhora ou copia e adapta.
E, sejamos honestos: se o próximo Mark Zuckerberg ou Steve Jobs sair do Brasil, será por obra do acaso, e não de um ambiente propício a inovações de alto impacto como existe nos EUA.
Quem começa com o negócio tem a vantagem de fechar contratos de exclusividade, posicionar sua marca, contratar os melhores profissionais, escolher a melhor localização, entre outras, sempre procurando criar barreiras naturais aos novos entrantes.
Um bom modelo de "copycat" é aquele no qual o modelo brasileiro é adaptado ao contexto brasileiro, aproveitando peculiaridades da cultura, do comportamento do mercado ou qualquer outro aspecto que um novo entrante de fora do país levaria algum tempo para aprender e desenvolver.
Esse tipo de empresa dá certo quando o modelo de negócios é de fato replicável no Brasil, considerando as modificações e adaptações necessárias na versão para o país e os custos dessas modificações.
Muitas companhias exploram suas "cópias" em outros países como forma de aprendizado sobre um novo mercado. Por isso, não é raro a possibilidade de, uma vez que o modelo de negócio é testado com sucesso, a empresa que originalmente inspirou o "copycat" decidir entrar ela mesma no país e fazer uma oferta de aquisição de quem copiou a sua ideia ou se tornar um concorrente.
Embora haja a desvantagem de não ser mais o pioneiro, o novo competidor tem a vantagem de já ter uma estrutura operacional estabelecida, a tecnologia --quando houver-- e possivelmente uma marca mais forte.
MARCOS HASHIMOTO é coordenador e professor do Centro de Criatividade e Empreendedorismo da FAAP
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