Teste Folha-Mauá mostra efeito da blindagem no comportamento do carro
FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
Por fora, é difícil identificar qual Volkswagen Jetta TSi é o original e qual é o blindado. Só os mais atentos conseguem notar que os vidros do modelo branco refletem imagens um tanto distorcidas, causadas pelas grossas camadas adicionais a prova de balas. Fora isso, os carros são aparentemente idênticos.
As diferenças começam quando o motorista põe os sedãs para rodar no trânsito.
Venda de automóveis blindados deve ser recorde em 2013
A manta balística que reveste a carroceria do modelo blindado nível 3A (a máxima permitida pelo Exército) ajuda a filtrar o barulho que vem do exterior.
Toda a proteção extra soma 175 kg, o equivalente a três passageiros magros ou a um porta-malas repleto de bagagens pesadas.
Como esse peso fica concentrado na parte superior (envidraçada), nota-se que o veículo blindado pendula mais nas curvas e ao passar por imperfeições no asfalto, enquanto a direção pede mais esforço em manobras.
O teste Folha-Mauá revelou ainda que o modelo é quase 20% mais lento na prova de aceleração de 0 a 100 km/h (veja os números no quadro ao lado).
Outras perdas estão no consumo de combustível, que subiu, em média, 4%, e na frenagem -vindo a 80 km/h, foi necessário 1,5 metro a mais até a parada completa.
Esses percentuais podem variar, dependo do tipo da proteção e das características do carro (potência, geometria da suspensão), informa Robson do Prado, instrutor de pilotagem da Bodyguard.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CURSINHO
Devido às diferenças de comportamento do automóvel, existem cursos específicos para motoristas que utilizam um blindado. Os treinamentos de um dia custam R$ 2.000, aproximadamente.
"Não adianta investir cerca de R$ 50 mil em uma 'armadura' para o carro se o condutor não sabe como fugir de um ataque. Ao deixar o criminoso atirar mais de uma vez em um mesmo ponto, certamente a proteção irá ceder", explica Prado.
Até comportamentos cotidianos são revisados. No posto de combustível, local considerado de alta vulnerabilidade, o condutor é instruído a pagar a conta com dinheiro, passando as notas rapidamente por uma fresta da janela, evitando assim uma maior exposição.
Guiar conversando ao celular, mesmo com bluetooth, é outra atitude desaconselhável, pois, segundo especialistas ouvidos pela Folha, a tendência é que o bate-papo distraia o motorista, que deixa de prestar atenção em possíveis riscos ao seu redor.
Segundo a Abrablin (associação das blindadoras), o setor deve fechar 2013 com recorde de 10 mil carros protegidos, aumento de 16% em relação ao ano anterior.
Carros cedidos por W. Truffi Blindados e Volkswagen
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