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07/10/2012 - 06h04

Vício em trabalho não se mede pelo número de horas no escritório

FELIPE MAIA
DE SÃO PAULO

Olhar apenas o número de horas que alguém trabalha não é suficiente para indicar que ela tenha uma compulsão, afirma Ståle Pallesen, professor da Universidade de Bergen (Noruega). Leia trechos da entrevista do especialista à Folha.

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Folha - Existe um perfil típico de profissional com mais risco de ser "workaholic"?
Ståle Pallesen - É difícil dizer, mas estudos mostram que existe uma relação com pessoas de alto nível de educação, cargos de confiança nas organizações e liberdade para trabalhar quantas horas quiserem, sem uma regulamentação clara. Além disso, se você é uma pessoa muito confiável, que sempre se mostra pronta a fazer e estruturar as coisas quando é necessário, ou que é muito perfeccionista e dá muita ênfase a fazer tudo muito corretamente, pode correr mais riscos.

Como diferenciar quem é "workaholic" de quem apenas gosta muito de trabalhar?
A diferença é relacionada ao engajamento com o trabalho. Se as pessoas estão engajadas com o trabalho, elas gostam de trabalhar muito e se sentem bem. Mas os "workaholics" trabalham para reduzir sentimentos negativos, de culpa.

O problema está ligado à duração da jornada de trabalho?
É possível que a pessoa tenha um comportamento obsessivo com o trabalho sem necessariamente trabalhar muitas horas. É errado usar isso para medir se alguém é "workaholic" ou não. As pessoas podem trabalhar muitas horas apenas porque gostam.

Quem tem mais culpa pelo problema: os profissionais ou as empresas?
Os dois contribuem, mas as pesquisas ainda se concentram mais nos traços de personalidade dos profissionais, na ambição deles. O que se pode dizer é que os líderes são exemplos. E se um chefe trabalha de modo excessivo, e se sempre o funcionário que também trabalha muitíssimo é recompensado por isso, então esse pode ser um fator organizacional que contribui para o problema.

 

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