80% dos CEOs tiveram começo humilde na carreira, diz especialista

Quem vê um CEO de uma grande companhia, desfrutando de todos privilégios possíveis, não se dá conta que a maioria deles começou trabalhando em cargos pouco especializados ou tiveram infância nada privilegiada.

Essa é a realidade do profissional no Brasil, segundo Moíses Fry, professor dos cursos de mestrado e de doutorado de administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor visitante da UC Berkeley, nos Estados Unidos. Ele trabalha em um livro, que deve ser lançado no ano que vem, com perfil de 31 presidentes de companhias de diversos setores.

"80% dos entrevistados vieram de famílias humildes ou começaram de baixo nas empresas, em serviços como office-boy. O que os diferenciou foi a determinação e o objetivo claro de crescer na vida", afirma.

A maioria dele são homens maduros, na faixa de 50 a 60 anos, com formação técnica em administração ou engenharia e prazer por aprender. "Um traço comum entre eles é que continuam estudando e incentivam seus subordinados a fazer o mesmo, dando o exemplo."

No entanto, esse perfil passa por alterações. "Estamos vivendo uma revolução no conceito de gestão, com esse profissionais extremamente técnicos tendo que aprender a lidar com a emoção dos funcionários. Isso não acontecia no passado."

A mudança, segundo o professor, vem da percepção de que hoje as empresas não usam mais mão de obra e sim capital intelectual. Isso tem causado alguns entraves para os CEO, que ainda lutam para se adaptar aos novos tempos. "É muito difícil mudar, mas eles precisam saber lidar com pessoas e suas emoções. No mundo politicamente correto de hoje, a pressão é natural."

A formação do profissional também deve mudar. "Agora, no começo da carreira ele deve ter uma formação mais generalista, ao invés da formação técnica. Ao longo da sua vida profissional ele irá se especializando, diferentemente do que vemos nos CEOs de hoje", conclui.