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13/01/2013 - 05h57

Empresas adotam 'terapia interna' para treinar funcionários

CAMILA GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em voga no mundo corporativo, o conceito de "coaching" é uma espécie de terapia para a carreira, na qual o executivo vai a sessões com um consultor externo para discutir a vida profissional. Agora, como alternativa, organizações têm usado "coaches" (treinadores) internos.

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São profissionais de recursos humanos e executivos da própria empresa treinados para ajudar outros funcionários a desenvolver a carreira e a melhorar o desempenho.

A Unilever é uma das empresas que implementaram a prática de "coaching" interno entre seus funcionários. Em 2011, Marcelo Costa, um dos diretores da organização, foi "coach" da gerente Fernanda Abraão.

Lucas Lima/Folhapress
Fernanda Abraão, gerente de trade marketing da Unilever, foi 'treinada' por Marcelo Costa, diretor da empresa
Fernanda Abraão, gerente de trade marketing da Unilever, foi 'treinada' por Marcelo Costa, diretor da empresa

Os dois tinham reuniões mensais -presenciais e por telefone- para discutir dúvidas profissionais de Abraão e seu desenvolvimento na carreira. Segundo ela, a participação no programa não era obrigatória, mas a aderência foi alta.

"Tivemos a liberdade de escolher quem seria nosso 'coach', de acordo com critérios como experiência e admiração", conta.

"O 'coach', nesse caso, não é uma pessoa neutra, mas consegue dar indicações de caminhos a seguir justamente por conhecer bem a realidade e as possibilidades da empresa", afirma Abraão.

Ela afirma ter aprendido a gerenciar pessoas e a delegar melhor as atividades, habilidades que aplica diariamente. Ainda que a prática oficial, com duração de um ano, tenha acabado, Abraão diz sentir-se à vontade para procurar o mentor para tirar dúvidas profissionais até hoje.

Segundo Jaqueline Weigel, diretora da Integração Escola de Negócios, a modalidade é uma ferramenta poderosa e preenche uma lacuna dos líderes no desenvolvimento e na motivação de pessoas. Ela afirma que a prática "é uma tendência forte entre as empresas em 2013".

"Enquanto o setor de recursos humanos costuma dar medidas e soluções, o 'coaching' interno vai além: faz o profissional se desenvolver e achar outras formas de funcionar dentro da empresa."

O funcionário é quem mais se beneficia com a prática, segundo Weigel. "Ele ganha em planos para desenvolver a própria carreira, tem uma oportunidade de aprendizado e suporte de alguém dentro da corporação", afirma.

Ela destaca que a metodologia tem restrições: não costuma funcionar, por exemplo, para alta gerência, "porque há conflito de interesses".

NOVOS CAMINHOS

Empresas como o banco Bradesco, o grupo Andrade Gutierrez e as Lojas Renner também já utilizaram o sistema de "coaching" interno entre os funcionários.

Stella Oliveira, que foi coordenadora da área de recursos humanos de uma rede de vestuário, conta que a maior dificuldade ao iniciar o processo foi a quebra de paradigmas. "Os profissionais do RH que se tornaram 'coaches' deixaram de entregar soluções prontas para os problemas dos funcionários e passaram a instigá-los a encontrar estratégias por si só."

Oliveira conta ainda que o programa foi importante para ajudar os funcionários a definir intenções na carreira, que muitas vezes não estavam claras.

A gestora, que atualmente coordena a área de recursos humanos do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), diz que, na instituição, também há estudos sobre desenvolvimento de liderança e projetos que incluem a aplicação de processos de "coaching" interno no futuro.

Para Hélio Castro, sócio da Horton International, empresa especializada em seleção de executivos e "coaching", o principal benefício do processo é que o responsável pelo treinamento conhece bem o ambiente e a cultura da empresa. "Ele sabe orientar o funcionário sobre o que pode agregar à experiência na organização."

Castro lembra, porém, que confidencialidade é um fator-chave. "As informações compartilhadas na conversa entre 'coach' e funcionário não devem ser usadas fora dali."

O ideal, segundo o especialista, é que a prática feita internamente não substitua o "coaching" externo.

"Enquanto o mentor de dentro da empresa pode ser uma espécie de modelo que ajuda a desenvolver a carreira dos funcionários, o consultor externo passa uma visão mais ampla do mercado."

 

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