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31/05/2015 - 02h00

Empresas usam jogos e representação de papéis para treinar os líderes

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

No ano que vem, a indústria mundial de "gamificação" deve movimentar US$ 2,8 bilhões (R$ 8,8 bilhões). A projeção é da consultoria M2 Research.

"Gamificação" é a aplicação de jogos não só para diversão, mas também na publicidade, programas de fidelidade de clientes e recursos humanos.

As empresas passaram a usar jogos para selecionar seus funcionários, para o processo de adaptação deles ao cotidiano da corporação, treinamentos, motivação, ensiná-los a usar sistemas de vendas e outras aplicações.

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A "gamificação" cresceu bem mais do que a economia nos últimos anos. Na projeção da M2 Research, o valor global do mercado saiu de menos de US$ 1 bilhão(R$ 3,16 bilhões) em 2014 para quase triplicar em 2016.

O sucesso se explica pelo prazer, diz o professor Alan da Luz, do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi. "É gostoso jogar. As pessoas gostam de brincar. É uma das coisas que nos definem como humanos. Por isso é tão usado."

Adriano Vizoni/Folhapress
Fernando Seacero no tabuleiro de sua empresa de gamificação
Fernando Seacero no tabuleiro de sua empresa de gamificação

Além de ser algo que dá prazer, a "gamificação" nas empresas é usada, geralmente, para atividades que tradicionalmente não empolgam tanto os funcionários.

Os elementos de entretenimento em treinamento profissional dentro das empresas "conseguem transformar temas não tão palatáveis em coisas interessantes", diz Vicente Martins, 36, professor de mídia digital da ESPM.

Um tabuleiro gigantesco estendido no chão é o cenário do Madru, um dos jogos que a empresa i9Ação, de "gamificação", aplica. A história tem tema medieval: alguns clãs saem da aldeia, jogando os dados para passar pelas casas e atravessam o vale profundo para encontrar os mercadores fenícios.

O propósito real do jogo é possibilitar metáforas com o cotidiano corporativo e, desse jeito, treinar os funcionários. Ele é aplicado para equipes de uma mesma empresa.

Por exemplo, a regra diz que reuniões entre clãs devem ser curtas. A mensagem é que eles precisam comunicar o que querem de maneira rápida e eficiente.

Fernando Seacero, 41, sócio da i9Ação, cita outra correlação com a vida profissional: "As corporações são divididas em clãs, que são os departamentos. No jogo, eles começam separados, cada um com um objetivo e constroem estratégias que só funcionam se usadas por todos".

Ele mesmo conduz o jogo, e durante a sessão assume vários papéis e usa diferentes fantasias.

Um de seus clientes é a Iterative, empresa de TI. O diretor Marcelo Pavan, 40, diz que a média de idade dos funcionários é baixa e que com um treinamento em forma de jogo eles aprendem mais rápido. "Essa geração está acostumada a esse tipo de situação", descreve.

O treinamento mais tradicional, com apresentação de slides, "não empolga as pessoas para receber conhecimento ou participar", diz Guilherme Camargo, da Sioux, uma desenvolvedora de jogos que trabalha bastante com setores de RH de empresas.

Não é só para treinamentos que as empresas usam jogos. A Roleplayers aplica um para a seleção de trainees de um banco. O diretor Bruno Cobbi, 32, conta que o tema é uma explosão de um vírus zumbi que os candidatos precisam resolver. Enquanto isso, estão sendo observados pelos contratantes.

Na empresa de comércio on-line Meus Pedidos, o processo de integração de todos os novos funcionários é um jogo em que os novos empregados assumem a personalidade de vendedores que precisam cadastrar um produto que não existe, pensar em estratégia de preços e tentar a sorte: os dados dizem se uma venda é concretizada ou não.

Danilo Verpa/Folhapress
Mario Lapin é diretor da Virgo Games
Mario Lapin é diretor da Virgo Games

O diretor Rafael Trapp, 29, diz que cria uma narrativa a cada turma. Uma foi ligada ao filme "Os Vingadores". "Há uma crise econômica e os heróis pararam de ser subsidiados. Para manter a paz, o diretor seleciona gente para vender réplicas do escudo do Capitão América, do martelo do Thor etc."

A adesão, que no mercado de RH é chamada de engajamento, costuma ser alta, diz Cobbi. "Não dá para ser passivo ao embarcar no jogo", afirma o designer de games, Mario Lapin, 34, diretor da Virgo.table

 

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