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14/06/2015 - 02h00

Carente, jovem do Brasil quer que empresa se adapte à sua personalidade

FERNANDA PERRIN
DE SÃO PAULO

Os jovens profissionais brasileiros da geração Y (nascidos nos anos 1980 e 1990) estão entre os mais carentes por feedback do mundo, segundo estudo global da consultoria Universum.

Na América Latina, 44% abririam mão de melhor remuneração para ter mais equilíbrio entre vida e trabalho. Na região, os brasileiros são os que mais querem que a empresa combine com sua personalidade (61%), seguidos pelos mexicanos (53%).

A educação com ênfase na autoestima dada a esses jovens, sua alta qualificação e o fato de terem vivido em um período de crescimento econômico do país deixaram esta geração pouco preparada para lidar com frustração. Segundo especialistas, eles são mais idealistas e ambiciosos em relação ao trabalho do que gerações anteriores.

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Aos 22 anos, Anielle Guedes iniciou duas graduações na USP (física e economia), largou uma, fundou cinco start-ups e faliu duas.

Fabio Braga/Folhapress
Anielle Guedes, 22, estudante de economia
Anielle Guedes, 22, estudante de economia

Seu principal negócio no momento é a Urban3D, cuja proposta ambiciosa é zerar o déficit habitacional mundial em 15 anos.

Por ter entrado no mercado em época de desemprego baixo, o jovem brasileiro, diferentemente do europeu, valoriza mais seu desenvolvimento (prioridade para 50%) do que o salário (17%).

Fernanda Ribeiro, 23, entrou em conflito com os pais quando saiu de um cargo bem remunerado na P&G para ser trainee na AmBev. Como esta oferecia salário e estabilidade menores, a família foi contra a mudança.

Editoria de Arte/Folhapress

"Eu preferi a AmBev por causa do desenvolvimento. Eu já tinha ficado um tempo na P&G [um ano e meio] e senti que minha curva de aprendizado estabilizava."

"Os jovens vivem com uma velocidade que as organizações não têm", diz Eline Kullock, da empresa de recrutamento Stanton Chase.

Criados na internet, eles se acostumaram a uma dinâmica de vida veloz, que se reflete, no trabalho, em ansiedade por ascensão rápida.

O engenheiro Julio Faro, 33, trabalha há cinco anos na Agco Corporation. Ele diz que só está na empresa há tanto tempo –para os parâmetros da geração– porque foi promovido rapidamente, mas já avisou seu chefe que vai sair se não "acontecer algo" nos próximos seis meses.

Para André Siqueira, da Universum, as empresas também têm sua culpa por essa expectativa tão alta. Na disputa por mão de obra qualificada quando o mercado estava aquecido, elas prometeram um trabalho ideal ao jovem, com mentoria e promoções constantes, que não podiam entregar na prática.

Editoria de Arte/Folhapress

DOSES DE REALIDADE

Um dos programas da YCoach, especializada em desenvolvimento de jovens, é o "doses de realidade", cujo objetivo é mostrar o óbvio: trabalho também inclui exigências, conflitos e frustrações.

"A crise econômica pode ser positiva para quem achava que fazer uma grande faculdade, um intercâmbio e falar línguas era a receita para uma carreira de sucesso", diz Felipe Maluf, da YCoach.

Outra pesquisa da Universum com 67 mil estudantes brasileiros indica que o impacto já foi sentido. Em 2014, inovação e sucesso de mercado eram os atributos mais valorizados no empregador. Em 2015, a prioridade passou a ser solidez financeira.

Fabio Braga/Folhapress
Fernanda Ribeiro, 23, trainee
Fernanda Ribeiro, 23, trainee

Colaborou GABRIELA STOCCO

 

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