Jovem leva em conta o valor da empresa na hora de decidir onde trabalhar
ADRIANA FONSECA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Foi-se o tempo em que um bom salário era o suficiente para atrair e, principalmente, reter jovens talentosos nas empresas. A melhora geral na condição econômica na última década permitiu a uma boa parcela da população escolher onde trabalhar.
Atentas a isso, surgiram no mercado start-ups que conectam pessoas a trabalhos que façam sentido para elas.
"Os jovens, sobretudo, mas não só eles, não veem o trabalho só como um meio de ganhar dinheiro. Eles querem ver propósito no que fazem", diz Fellipe Bazilio, fundador da Biz.u com Rafael Chaves e Wagner Andrade. A empresa tem uma plataforma que não leva em conta só currículo e experiência profissional. O "match" considera vivências, valores e propósitos pessoais.
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Fabio Braga/Folhapress | ||
Alexandre Pellaes, 40, executivo |
No lançamento do serviço, em maio, havia oito empresas cadastradas. Em dez dias, eram 20. "Esperamos encerrar 2015 com cem empresas e 50 mil profissionais", diz Bazilio, que, junto com os sócios, investiu R$ 20 mil no negócio. A Biz.u contou com mais dois aportes, que totalizaram R$ 363 mil.
Há mais tempo no mercado está a 99Jobs. Fundada em 2013, a start-up não nasceu com foco nos jovens, mas acabou atraindo esse público.
Dos 410 mil usuários, 85% têm de 18 a 28 anos. "É uma geração que, por já ter as necessidades básicas atendidas, pode pensar no que faz sentido para ela", diz Alexandre Pellaes, porta-voz da empresa, que faturou R$ 1,3 milhão em 2014.
Ao entrar na plataforma, o candidato avalia o que considera mais importante: dinheiro, segurança, flexibilidade, impacto social, etc. A partir daí, a 99Jobs faz o cruzamento com dados das empresas para encontrar aquelas com valores semelhantes.
Ao contrário da Biz.u, que cobra da empresa anunciante, a 99Jobs é gratuita para o candidato e para quem contrata. A empresa-cliente paga por serviço de consultoria -são 2.100 empresas na plataforma, 20 com consultoria.
Também para atender o público que escolhe onde trabalhar nasceu a Love Mondays. Fundada pela brasileira Luciana Caletti e os irlandeses David Curran e Shane O'Grady, o site permite aos funcionários avaliar de forma anônima as empresas. "A ideia é levar mais transparência ao mercado", diz Luciana.
A Love Mondays, que tem quase 70% dos usuários na faixa de 18 a 34 anos, já recebeu comentários sobre mais de 45 mil empresas. Em breve, vai anunciar vagas, como já fazem Biz.u e 99Jobs. "Antes, as pessoas não tinham a intenção de ter satisfação pessoal com o trabalho. Hoje, a situação é outra."
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