Para ajudar os filhos a estudar um novo idioma, pais não devem forçar a barra
DIEGO IWATA LIMA
DE SÃO PAULO
Como ajudar as crianças a fixar o aprendizado de línguas estrangeiras em casa? O segredo é a naturalidade.
Para especialistas no ensino de idiomas e educação infantil, os pais não devem fazer do lar uma segunda sala de aula para as crianças. Também não é boa ideia fabricar um cenário estrangeiro artificial.
"O mundo das crianças hoje já é repleto de oportunidades para o contato com outras línguas, em especial o inglês", afirma Neide Noffs, psicopedagoga e diretora da Faculdade de Educação da PUC de São Paulo.
"Se a criança se interessar por conta própria por músicas em outras línguas, ótimo. Mas colocar a música para tocar e ficar questionando a criança não é bom", complementa Noffs.
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Segundo Adriana Friedman, coordenadora do programa Mapa da Infância Brasileira e doutora em antropologia, forçar a barra em casa pode fazer com que a criança rejeite o aprendizado.
"Se ninguém na casa tiver o inglês como primeiro idioma, não há por que os pais falarem essa língua durante o jantar, para a criança treinar, por exemplo", afirma ela.
Além do risco de afastamento, pela pressão que uma situação artificial pode criar, as encenações são desnecessárias atualmente.
Por outro lado, se o contato com o idioma estudado fizer parte do cotidiano, não existem contraindicações.
Matilde e Felipe, filhos de Roxanna Debeuz, coordenadora de português, inglês e espanhol na escola bilíngue Builders, aprenderam as três línguas ao mesmo tempo.
Uruguaia, Roxanna se casou com Luiz, que é brasileiro. Em casa, as crianças, que já estudavam num colégio com currículo em inglês, acabaram tendo contato natural com as outras duas línguas.
"Eles aprenderam com tranquilidade. Porque, além de já terem a facilidade da idade, eles não enxergavam o processo como algo forçado. Queriam aprender por se tratar de algo útil para o cotidiano", diz.
POR QUÊ?
Maximina Freire, doutora em educação e professora do departamento de inglês da PUC-SP, defende que não se deve forçar uma criança a estudar um idioma num curso, sem explicar a ela o que isso significa.
O correto é mostrar que vantagem pode vir daquele aprendizado, explica ela.
"A criança é imediatista. Se ela entender que saber inglês pode, por exemplo, fazer com que ela se saia melhor em um jogo de videogame em que ela está interessada, é mais provável que ela vá buscar esse recurso", diz.
Outra estratégia eficaz para engajar as criança no estudo de idioma é ligar o aprendizado a uma meta que possa ser palpável.
"Pode-se dizer à criança que, falando inglês, ela poderá aproveitar melhor uma viagem com a família aos parques dos Estados Unidos, por exemplo", exemplifica a psicopedagoga Neide Noffs.
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