Venda de imóveis compactos cresce em São Paulo
DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO
A administradora de empresas Carin Betania Burin, 37, já comprou dois imóveis compactos de alto padrão -um em Curitiba e outro na Vila Olímpia (zona sul de São Paulo) para investimento.
Ela diz que não moraria em nenhum deles, por considerá-los pequenos para comportar a ela e seu marido. Segundo ela, porém, o imóvel adéqua-se bem para um número menor de pessoas.
Condomínio varia pouco, mas serviço extra eleva custos em imóvel compacto
Construtoras apostam em apartamentos pequenos de alto padrão em SP
"O acabamento é ótimo, e a localização, também. Mas prefiro continuar no meu apartamento de 89 metros quadrados", diz a investidora.
Ze Carlos Barretta/Folhapress |
Carin Burin comprou dois imoveis pequenos de padrão elevado para investimento |
Segundo Joe Khzouz, CEO da incorporadora BKO, imóveis menores, mesmo com elevado número de serviços, são mais afinados com jovens solteiros ou casais sem filhos.
Para compensar a falta de espaço na unidade, o condomínio oferece serviços como lavanderia e diferentes tipos de espaços para confraternizações (ver quadro ao abaixo).
Apesar de não agradar a quem busca um imóvel grande, o tamanho de um apartamento compacto é um dos responsáveis pelo preço mais baixo, em relação a outros de padrão elevado.
A diferença ocorre devido ao tamanho, não por diferença no valor do metro quadrado, também alto, em geral, a partir de R$ 10 mil. Comparando um de 35 metros quadrados com outro de 220 metros quadrados, a diferença é de R$ 1,85 milhão.
VENDAS
De acordo com o Secovi-SP (sindicato da habitação), com base em dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), imóveis residenciais com menos de 45 metros quadrados representavam 8% das vendas em 2009 na cidade de São Paulo.
Em 2012, até novembro (dado mais recente), ficaram em 14% - alta de seis pontos percentuais no período. A participação também cresceu nos lançamentos e foi de 10% em 2009 para 16%.
Considerando apenas novembro de 2012, o percentual é ainda mais expressivo: 34% dos lançamentos e 24% das vendas.
"Em Alphaville, vendemos um empreendimento muito mal em 2010. Com um compacto, ocorreu o contrário, e esgotamos 180 unidades num único dia", diz Khzouz, da BKO.
Elbio Fernández Mera, vice-presidente de comercialização e marketing do Secovi-SP, observa que a tendência em grandes cidades como Paris e Nova York é de apartamentos compactos para jovens solteiros ou para quem busca morar perto do trabalho. "São Paulo está indo nesse caminho", completa.
Marcelo Dzik, diretor de incorporação da Even, que lançou no mês passado o London SP Residence (na Consolação), com esse perfil, descarta excesso de oferta. "Esse tipo de produto não existia em bairros nobres."
Para Eliane Monetti, professora e pesquisadora do núcleo de Real Estate (mercado imobiliário) da Poli-USP, o fato de haver muitos investidores tende a fazer o preço desse tipo de apartamento subir.
Carolina Daffara/Editoria de Arte | ||
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