Estratégica, a rua Paim se renova com lançamentos e moradores

A rua Paim, localizada na Bela Vista (região central), é a campeã em lançamentos em São Paulo nos últimos cinco anos, conforme levantamento feito pelo Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) a pedido da Folha.

Com apenas 500 metros de extensão, a Paim tem localização privilegiada. Ela começa na rua Frei Caneca e desemboca na avenida Nove de Julho, ou vice-versa, ligando vias com fácil acesso para outras regiões da cidade.

"A Paim é uma das ruas mais importantes do centro. Ela é via de acesso para praticamente toda a cidade de São Paulo", diz José Paim, presidente da construtora MaxCasa.

Para urbanistas, prédios novos se fecham para rua

'Treme-treme' marca auge e declínio da área

A localização estratégica e a infraestrutura do entorno estão embalando a procura por imóveis na área. Nos últimos cinco anos, sete residenciais foram lançados na rua: três estão prontos e os outros quatro estão em obra.

Os apartamentos, em geral, são de um e dois dormitórios com até 70 m². As torres têm lazer completo, como piscina e área gourmet, e oferecem serviços como lavanderia e pet center.

O preço do metro quadrado de lançamentos na rua, segundo o Secovi, é de R$ 7.774 –contra média de R$ 9.000 na cidade.

"É comum que, quando uma construtora se interessa por determinada rua ou região, outras construtoras sigam o mesmo caminho", afirma Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP.

Os novos moradores atendem ao perfil compacto dos imóveis: jovens, solteiros, que procuram um endereço mais próximo do trabalho.

"Ainda assim, 70% dos compradores são investidores", diz Alessandra Calefo, diretora de incorporação da You,Inc, empresa responsável pelos dois empreendimentos recém-entregues da rua.

As unidades do Terraço Paulista, o pioneiro da rua, foram totalmente vendidas em dois meses, segundo ela.

COMPRADOS

Tal procura fez com que as áreas passíveis de construção fossem quase totalmente compradas –como uma grande oficina mecânica e um estacionamento, que devem dar lugar a outros dois empreendimentos.

"Os terrenos já foram todos comprados. O pouco que restou não tem área suficiente para incorporação", afirma Calefo.

A chegada dos novos moradores e a rotina de canteiro de obras (com a substituição dos velhos prédios e cortiços por projetos de grande porte) mudaram a configuração da via e amenizaram um problema histórico da Paim
.
Marcada como ponto de venda de drogas, a rua está recebendo mais policiamento.

Para Marcos de Souza, gerente de um restaurante na Paim e que morou por nove anos no edifício 14 Bis e conhecido popularmente como "treme-treme" (leia mais abaixo), a movimentação em torno dos novos prédios atenuou a sensação de insegurança.

"Antes, o tráfico de drogas acontecia na porta do 'treme-treme'", afirma Souza.

Luis Soares, 23, trocou o Brooklin, na zona sul, pela Paim para ficar mais perto da loja em que é gerente. Ele alugou há um ano um apartamento e pretende comprar uma unidade em um dos edifícios em obra.

"Eu tinha um pouco de medo de andar aqui quando me mudei, mas a rua está bastante tranquila."