Empresa cria serviço só para casamento gay, mas ainda espera clientes
REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O economista Rossano Gastaldo, 29, trabalha há cinco anos em Porto Alegre com cerimonial de casamentos, mas em março deste ano resolveu apostar em reduzir seu nicho de atuação: fundou uma empresa chamada That's Amore, que só realiza casamentos gays.
Uma resolução aprovada nesta semana pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que obrigou todos os cartórios do país a celebrar casamentos gays, em tese vai abrir espaço para empresas como a de Gastaldo. Em 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal) havia reconhecido, em decisão unânime, a equiparação da união homossexual à heterossexual.
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Filipe Corrêa/Divulgação |
Rossano Gastaldo, proprietário da empresa de eventos That's Amore, que só faz casamentos gays" |
O empresário diz que ainda não realizou nenhuma cerimônia gay: apenas recebeu muitos pedidos de informação e orçamentos. Seu serviço de assessoria cobra de 3% a 5% do valor do total casamento. "É um mercado de um potencial enorme, mas que ainda precisa ser desenvolvido e até vencer a resistência de parte do público-alvo", diz.
Segundo ele, as cerimônias para esse público devem ter um "viés muito artístico", com decoração requintada e "detalhes teatrais" na celebração.
Pesquisas das consultorias Out of Now Global e inSearch Tendências e Estudos de Mercado estimam que a população de gays e lésbicas no Brasil seja de cerca de 18 milhões de pessoas. De acordo com esses levantamentos, 32% desse público têm entre 18 e 24 anos, enquanto 35% estão na faixa de 25 a 34 anos.
Quanto a renda, 36% estão na classe A, enquanto 47% na classe B. A renda média mensal é de R$ 3.247.
Essas são algumas razões para Gastaldo ter criado sua empresa. "Mas isso também significa atender um público muito exigente. Tenho o cuidado de orientar os fornecedores e criar novos serviços e produtos", afirma.
MERCADO BILIONÁRIO
A Abrafesta (Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais) espera que o mercado de casamentos movimente R$ 16 bilhões neste ano, um crescimento de mais de 8% em relação a 2012, quando movimentou R$ 14,8 bilhões.
O presidente da entidade, Cristofer Mickenhagen, considera que no médio e longo prazos o mercado de casamentos entre gays e lésbicas vai aumentar ainda mais esse faturamento. "Algumas cerimônias fechadas já ocorrem, mas com a aceitação maior da sociedade desse direito, mais e mais fornecedores estão surgindo", diz.
Ele destaca que feiras de casamentos já abrem espaço para empresas voltadas ao público homossexual. "Nossa indústria de casamentos já tem farta experiência em atender uma diversidade de religiões e públicos. Não vai existir problemas em atender os casamentos de pessoas do mesmo sexo. No fim, todos os casais querem o mesmo: conforto e excelência", comenta.
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