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07/07/2013 - 01h00

Família paga para rastrear parentes pelo smartphone

DERLA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O receio de sequestros e outros crimes impulsiona o mercado de monitoramento de pessoas. Pequenas empresas se propõem a rastrear crianças, por exemplo, por meio de pequenos aparelhos de GPS cobrando taxas mais acessíveis.

"A tecnologia de geolocalização já é muito usada na área de logística, em caminhões que transportam cargas. Hoje, há empresários que começaram a colocá-la no dia a dia das pessoas", afirma Eduardo Francisco, professor de geonegócios e estatística espacial da Fundação Getulio Vargas.

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A companhia gaúcha Planejar, que oferece um serviço desse tipo para animais em propriedades rurais, decidiu lançar há um ano um sistema para localizar gente. Hoje, a empresa tem mil clientes.

Lucas Lima/Folhapress
Empresa de Daniel Avizú tem 4,5 milhões de usuários cadastrados
Empresa de Daniel Avizú tem 4,5 milhões de usuários cadastrados

São duas tecnologias: o primeiro produto é um aplicativo que é instalado no celular e usa o sistema de geolocalização do aparelho para fazer o rastreamento. O custo é de R$ 1,99 por mês.

O segundo é um GPS portátil que parece um controle remoto para portões e pode ser escondido na mochila da criança. A mensalidade é de R$ 83,25 por mês.

É possível acompanhar a movimentação do indivíduo monitorado por meio de um smartphone ou de um computador. O dispositivo emite um sinal de alerta caso o usuário saia do perímetro considerado seguro.

Fabiano Karaim, 27, sócio-diretor da companhia, diz que apenas os clientes têm acesso ao sistema.

"Quem compra é o responsável pelo uso. Não tenho uma central em que eu possa ver o que a pessoa está fazendo", afirma.

Agora, a Planejar está fazendo adaptações no produto para oferecê-lo a empresários interessados em monitorar a localização de funcionários de equipes externas, como motoboys e vendedores.

SEM MARKETING

Outro sistema que permite manter familiares no radar por meio de um smartphone é o Zoemob -o administrador da conta recebe alertas com as localizações dos filhos, por exemplo, para avaliar possíveis desvios de rota.

O aplicativo, que recebeu investimento de R$ 1 milhão do fundo e.Bricks, custa R$ 7,68 por mês e pode ser usado em cinco dispositivos ao mesmo tempo.

Lançada em outubro de 2011, a ferramenta tem 4,5 milhões de usuários cadastrados em 200 países. "Não gastamos um centavo com marketing, porque não era o foco. Não sei o que aconteceu, mas as pessoas parecem se interessar pelo assunto", conta Daniel Avizú, 33, presidente-executivo da companhia.

O rastreamento também pode ser benéfico para familiares de idosos que têm Alzheimer, argumenta Fabio Mascarenhas, 42, que é diretor de franquias da Unepxmil, localizada em Indaiatuba, interior de São Paulo.

"Eles muitas vezes se perdem, então é importante monitorar o trajeto o tempo inteiro. O familiar também consegue saber se o parente sofreu uma queda por meio de um alarme que é acionado por causa da vibração."

O equipamento desenvolvido pela empresa é grátis, mas a família paga uma mensalidade de R$ 79,90 para usá-lo.

De acordo com Mascarenhas, o serviço registra taxa de crescimento de 30% ao mês no número de usuários, que hoje é de 500 mil, incluindo o serviço para carros.

Já a Intuitive Appz, de Santo André, aposta na geolocalização para tentar resolver um problema prático: o trânsito na porta das escolas na hora da saída.

No mês que vem, a empresa começa a testar em um colégio da região o aplicativo Filho sem Fila. Funcionará da seguinte forma: ao se aproximar da escola, o pai pode enviar uma mensagem para o porteiro informando que está chegando. O funcionário, então, recebe a foto e o nome do estudante em um tablet.

"Ele chamará o aluno para esperar na portaria, mas só irá entregá-lo depois de conferir se o rosto do adulto está no banco de imagens de autorizados", explica Leonardo Gmeiner, 37, sócio-diretor da empresa.

Joel Silva/Folhapress
Leonardo Gmeiner desenvolveu aplicativo que ajuda os pais a buscar filhos na escola
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O objetivo, segundo o empresário, é diminuir a fila de carros na frente das instituições de ensino e evitar que a criança ou o adolescente sejam entregues a pessoas não autorizadas.

O custo para o colégio será de R$ 1.800 por mês.

DE ELITE

Apesar da diversidade de dispositivos, Gláucio Daniel, o coordenador de treinamentos web do Grupo Impacta, diz que esse tipo de serviço tem apelo apenas entre as famílias de classe média alta.

"É algo mais elitizado. Só vai usar isso quem já estiver acostumado com tablets, por exemplo. Não vejo consumidores em massa utilizarem essa tecnologia, como acontece com as redes sociais", afirma.

 

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