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02/09/2012 - 06h05

Campeões de venda, utilitários esportivos dividem opiniões

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Gosto de carros grandes porque me sinto seguro dentro deles; os outros motoristas respeitam mais", diz o empresário Adriano Amaral, 36, proprietário de um BMW X6. A opinião é compartilhada por outros compradores que fizeram dos utilitários um sucesso no Brasil.

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Segundo dados da Fenabrave (federação das concessionárias), o emplacamento de SUVs (sigla em inglês para veículo utilitário esportivo) cresceu 74% em quatro anos e superou o tradicional segmento de sedãs médios. A conta inclui desde modelos de porte médio, como o Ford EcoSport, até gigantes como o Range Rover Vogue.

A diferença se torna mais significativa diante dos lançamentos do período: os sedãs se renovaram, enquanto os utilitários mudaram pouco.

Quem opta pelos modelos maiores enfrenta alguns percalços no dia a dia. "Há muitas vagas apertadas nos estacionamentos. Sensores e câmeras facilitam a manobra, mas a saída dos passageiros é sempre complicada. Falta espaço para abrir a porta", conta Amaral.

Diversos modelos contam com sistemas para o uso fora de estrada, mas, segundo fabricantes, apenas 5% dos donos usam esses recursos.

"Quem só roda em vias asfaltadas também se beneficia das características dos utilitários. Eles proporcionam segurança em trechos urbanos de cidades como São Paulo, com ruas esburacadas e alagamentos", defende Flávio Padovan, presidente da Land Rover.

Simon Plestenjak/Folhapress
O empresário Adriano Amaral e seu BMW X6, que tem 4,87 m de comprimento e 1,98 m de largura
O empresário Adriano Amaral e seu BMW X6, que tem 4,87 m de comprimento e 1,98 m de largura

Para a psicóloga Grace Alves, da Dirigir Bem, empresa especializada no atendimento de motoristas com fobias de trânsito, muitos dos que se sentem ameaçados por caminhões, ônibus e outros veículos grandes acabam comprando um carro maior.

"Temos pacientes que mudaram de comportamento ao comprar um automóvel grande. Uma jovem que tinha medo de dirigir passou a ter um comportamento muito agressivo no trânsito depois de adquirir um SUV. Tivemos que mudar a linha de trabalho", conta a psicóloga.

A paciente de Grace trocou o temor pelo excesso de confiança, que também traz riscos. "Sem a experiência necessária para dirigir um veículo grande, o condutor pode ter uma reação desastrosa em situação de emergência", diz a especialista.

O uso cotidiano de um veí-culo grande é um misto de alegrias e tristezas. A Folha rodou com um Toyota SW4 durante dez dias para sentir como é ter um jipão em uma cidade como São Paulo.

COMO RODA

Os benefícios apontados por proprietários de carros grandes aparecem logo nas primeiras voltas com o Toyota SW4. O motorista dirige em posição elevada, com ótima visibilidade. Por ser largo (tem pouco mais de dois metros de um espelho ao outro), o jipão obriga os motociclistas a terem cuidado ao ultrapassar pelo corredor.

O interior é amplo, com lugar de sobra para passageiros, compras e bagagens. Dá até para transportar pequenas mudanças. Contudo, ele não foi feito para as grandes capitais.

O utilitário, que é fabricado na Argentina e custa a partir de R$ 114.150, não cabe em qualquer lugar. Operações simples como trocar de faixa ou fazer o retorno em uma rua estreita tornam-se tarefas complicadas.

Manobras de estacionamento são um dilema à parte. Na SW4, o raio de giro curto e a câmera de ré ajudam, mas não têm o poder de encontrar vagas nos shoppings para o utilitário que tem 4,71 m de comprimento e 1,85 m de altura. Outro desafio é encaixar o Toyota na faixa demarcada sem invadir o espaço dos outros carros.

O vão-livre entre a carroceria e o solo ajuda a passar por buracos sem sustos, mas compromete a estabilidade.

Feita para enfrentar trechos de lama e terra ou rodar em estradas de asfalto perfeito, a suspensão não se dá bem nos desníveis do piso paulistano. O balanço da carroceria incomoda os passageiros mais sensíveis.

Mas tem gente que não se importa com esses inconvenientes, como a fotógrafa Vanessa Rodrigues, 27. Ela dirige utilitários desde que tirou a carteira de habilitação, em 2009. Está no seu segundo Mitsubishi Pajero TR4 e planeja partir para um Land Rover Defender 110.

"Do alto temos uma visão melhor e, pelo tamanho do carro, fica mais fácil se posicionar no trânsito. Os outros motoristas ficam com medo de bater no jipe", conta.
Para o piloto e instrutor de direção Ingo Hoffmann, o motorista precisa conhecer o carro que tem.

"Tamanho e potência extras exigem mais atenção, e nem sempre o motorista está bem preparado. A maioria dos meus alunos chega sem saber regular bancos e espelhos corretamente", diz o piloto.

 

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