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27/01/2013 - 05h49

Califórnia prepara grande teste de cursos universitários pela internet

DO "NEW YORK TIMES"

O plano de uma universidade da Califórnia para oferecer diversos cursos pela internet pode, dependendo do sucesso dos alunos, abrir caminho para que centenas de milhares de estudantes do Estado possam assistir a aulas on-line a custo reduzido.

A Udacity, "start-up" do Vale do Silício que cria cursos universitários via internet, anunciou neste mês um acordo com a Universidade Estadual de San José para uma série de cursos introdutórios ou de recuperação acadêmica.

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Como os cursos devem incluir um instrutor em sala de aula, eles também podem ajudar a atenuar a resistência dos professores contra as aulas on-line.

O acordo da universidade estadual com a Udacity representa também a primeira vez em que professores universitários colaboram com um provedor de cursos abertos massificados on-line (MOOCs, na sigla em inglês) para criar cursos em que os alunos assistem aos vídeos por conta própria, mas também recebem orientação de mentores on-line e vão a aulas presenciais, para desenvolver tarefas com um professor.

No futuro, esses cursos híbridos poderão ser oferecidos a centenas de milhares de alunos do Estado.

O governador Jerry Brown, que tem pressionado as universidades estaduais a entrarem mais agressivamente na educação on-line, procurou a empresa pedindo uma solução tecnológica para algo que havia se tornado um exasperante desafio para a Califórnia.

Ellen Junn, reitora e vice-presidente de assuntos acadêmicos da Estadual de San José, disse que o sistema californiano de universidades estaduais enfrenta uma crise porque mais de 50% dos alunos ingressantes não atendem a requisitos básicos.

"Eles se formam no ensino médio, mas não conseguem passar nos nossos exames admissionais elementares de matemática e inglês", disse ela.

O programa-piloto da Udacity irá incluir reforços de álgebra, uma disciplina de álgebra para nível superior e introdução à estatística.

Para o projeto-piloto que começa neste mês, os cursos serão limitados a 300 alunos - metade da Universidade Estadual de San José, e metade de colégios e faculdades comunitárias locais. O custo de cada curso com três unidades será de US$ 150, significativamente menos do que a mensalidade normal da Estadual de San José. Sebastian Thrun, um dos criadores da Udacity, não revelou quanto a empresa irá receber.

A Estadual de San José irá receber verbas da Fundação Nacional de Ciência para estudar a eficácia do novo modelo de sala de aula digital.

Os cursos abertos on-line explodiram na educação superior americana em 2011, depois que Thrun, pesquisador de inteligência artificial em Stanford, conhecido nacionalmente, e Peter Norvig, diretor de pesquisas do Google, se ofereceram para dar um curso introdutório de inteligência artificial pela internet. Mais de 160 mil interessados se matricularam.

Depois que dois outros cursos de Stanford atraíram mais de 100 mil alunos cada, Thrun lançou seu empreendimento. Dois outros cientistas da computação de Stanford, Andrew Ng e Daphne Koller, criaram uma empresa concorrente, a Coursera, para desenvolver as tecnologias necessárias para melhorar o alcance e a eficácia da educação on-line.

Os cursos passaram rapidamente da periferia para o centro das políticas de ensino superior, à medida que um crescente número de escolas passou a testar formas de oferecer cursos on-line que contem como créditos acadêmicos.

A edX, uma colaboração universitária iniciada no ano passado por Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), começa neste mês a oferecer alguns de seus cursos em duas faculdades comunitárias de Massachusetts, também num formato híbrido.

Recentemente, a edX concluiu uma oferta-piloto do seu difícil curso de circuitos e eletrônica na Estadual de San José, com resultados impressionantes: enquanto 40% dos alunos na versão tradicional da aula tinham nota C ou inferior, apenas 9% na aula híbrida da edX tiveram avaliações tão baixas.

No segundo semestre de 2012, pela primeira vez os cursos da Udacity foram testados em um pequeno grupo de colegiais com dificuldades de aprendizado, no sistema da Winfree Academy Charter School, nos arredores de Dallas-Fort Worth.

"Eu estava um pouco assustada de colocar nossos garotos, que têm dificuldades e correm o risco de abandonar a escola, em uma aula escrita por um professor de Stanford", disse Melody Chalkley, fundadora da Winfree. "Mas, dos 23 alunos que usaram a Udacity, um largou a escola, e todos os outros 22 concluíram com sucesso. E duas moças passaram por todo o curso de física em apenas duas semanas."

Até agora, esses cursos eram vistos como uma ameaça aos empregos dos professores. A seccional de San José da Associação de Professores da Califórnia ainda não se posicionou sobre o piloto da Udacity. Muitos membros nem estavam cientes, e alguns dos que conheciam o plano disseram que só ficaram sabendo dele informalmente.

"Minha opinião pessoal é de que não é por acidente que isso está sendo anunciado num momento em que a maior parte do corpo docente não está no campus, mas não tenho provas disso", disse Preston Rudy, professor de sociologia na Estadual de San José e vice-presidente da seccional. "Não sei o suficiente acerca da Udacity para tomar qualquer posição, mas, no geral, sei que a universidade está preocupada com quem irá lecionar os cursos se eles ficarem on-line, quem terá o controle, e se serão empregados da universidade."

O acordo da Udacity pode aplacar parte da oposição do corpo docente, porque o esforço continuará envolvendo os professores - mas também usará assistentes acadêmicos on-line, ou "mentores", contratados e treinados pela Udacity.

O programa é uma tentativa de superar a maior falha nos cursos abertos on-line - a evasão de 90%.

Apesar do alto número de matrículas, cerca de metade dos alunos que se inscrevem nesses cursos, seja na Udacity ou em outros provedores, desiste logo no começo, antes mesmo de receber a primeira tarefa. Muitos deles são curiosos sem compromisso real com as aulas. Mas outros, disse Thrun, simplesmente precisavam de mais apoio.

"Eu pessoalmente fico perturbado pelo índice de evasão de 90%", disse Thrun. "Os alunos que se matriculam estão altamente motivados - e os MOOCs só terão sucesso se tornarem bem-sucedidos os alunos com motivação normal."

No piloto da San José, a Udacity terá mentores monitorando os cursos e oferecendo diversos serviços de apoio didático, o que pode incluir consultas regulares a um mentor ou e-mails automatizados oferecendo estímulo e auxílio a alunos atolados em um problema.

Thrun disse que a nova abordagem adotada pela Udacity surgiu em resposta a um telefonema de Brown. "Para mim, isso começou a seco, com uma ligação do governador da Califórnia que disse: 'Ei, Sebastian, temos uma crise no Estado'."

Um professor da Estadual de San José que foi um dos criadores do novo curso de estatística se disse otimista com os resultados da nova abordagem.

"Um dos desafios desses cursos massificados, como instrutor, é como você mantém contato com seus alunos. É simplesmente impossível", disse Ronald Rogers, chefe do Departamento de Psicologia da Estadual de San José.

Ele disse que o modelo de curso que a Udacity desenvolveu será um teste significativo da nova abordagem para a educação on-line, e um refinamento da ideia dos cursos abertos. "É uma questão empírica. Acho que, sob certos aspectos, é um tubo de ensaio, e vamos ver se ele pode ser ampliado."

Tradução de RODRIGO LEITE

 

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