Aprovação em curso difícil depende de motivação, adequação ao perfil do programa e estudo
ROGÉRIO DE MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Saber exatamente o que se quer da carreira e ter acumulado experiência profissional são os principais fatores analisados nos processos seletivos de pós-graduação de algumas das instituições mais concorridas do país.
Em parte das universidades mais disputadas, tão importante quanto o desempenho em testes e avaliações é saber com clareza o que esperar do curso e estar preparado para ele. "Não adianta investir em um curso de pós-graduação sem ter o preparo adequado", diz Andrea Guerra, gestora de programas de especialização da Fundação Dom Cabral.
Fernanda Frazão/Folhapress |
No ano em que passou no mestrado, Eliel Wellington Marcelino, 33, foi o único candidato aprovado no mestrado do Inpe vindo de uma graduação privada |
Ela explica que o preparo acadêmico e a experiência profissional são aspectos fundamentais analisados nos processos seletivos da fundação, que tem recebido candidatos cada vez mais jovens.
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Ela reforça ainda a importância da motivação para os estudos: "Não se pode buscar apenas um certificado ancorado na imagem da instituição. É preciso querer realmente se desenvolver".
Foi para buscar desenvolvimento que o analista de marketing André de Mello, 32, decidiu tentar uma vaga de pós-graduação na USP. A decisão veio em 2008, seis anos após ter se graduado em marketing.
"Achei que era o momento certo. Na época, estava vivendo desafios no trabalho para os quais sentia que precisava estar melhor qualificado", lembra. Ele escolheu o curso Comunicação Organizacional e Relações Públicas da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da Universidade de São Paulo.
Para ingressar em um programa top, o processo seletivo costuma ser trabalhoso. Não há uma regra única, mas em geral passa-se por uma prova de conhecimentos específicos rigorosa, uma prova de proficiência em inglês, análise do projeto de dissertação ou tese e entrevista com uma banca de professores.
O candidato deve formular de modo claro sua pesquisa e escolher um professor do departamento para ser seu orientador. Cada mentor tem um número limitado de alunos por período, o que limita o número de vagas.
Em muitos dos programas não há um número específico de postos em aberto: eles variam de acordo com a disponibilidade dos orientadores e, em muitos casos, pela dificuldade do processo de seleção, nem todas as vagas acabam sendo preenchidas.
Alessandro Shinoda/Folhapress |
O analista de marketing, Andre Canario de Mello, 32, que ptou pela USP para fazer sua pós em comunicação organizacional |
Alex Abiko, coordenador do programa Poli Integra, departamento responsável por cursos de pós-graduação "lato sensu" da Escola Politécnica da USP, afirma que a seleção para os cursos é dividida em avaliação de currículo acadêmico e entrevista.
"Avaliamos o interesse e a motivação do profissional. Queremos pessoas que já tenham experiência, porque é preciso que haja debate dentro da sala de aula para que o aluno se desenvolva."
Eliel Marcelino, 33, que passou em um curso de especialização em engenharia automotiva na Poli, diz que não teve dificuldades para ser aprovado na USP, mas lembra que a seleção para o mestrado, que conclui antes de entrar na especialização, exigiu preparação intensa. Marcelino cursou o mestrado no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
"Eu quis fazer mestrado logo após a faculdade porque sempre tive o sonho de lecionar", revela o profissional, que fez o curso de engenharia e tecnologia espaciais na instituição de ponta.
Para conseguir uma vaga nesse curso, Marcelino diz que foi submetido a uma análise do histórico acadêmico. Depois de aprovado, passou por um período de cinco semanas de curso preparatório.
"Nesse período, você estuda oito horas por dia." No final, são aplicadas provas aos candidatos. Só os que conseguem as melhores pontuações entram no mestrado.
"Fiquei em segundo lugar entre 32 candidatos. Eu era o único que vinha de uma faculdade privada", conta Marcelino, sem esconder o orgulho pela conquista.
empreender
Já o empresário Thiago Correia da Silva, 32, tinha como objetivo fazer sua pós-graduação em uma instituição não apenas conceituada, mas que também agregasse práticas efetivas de gestão ao seu dia a dia como administrador. Optou pela pós em gestão empresarial da Fundação Getulio Vargas.
Avener Prado/Folhapress |
Thiago Correia da Silva, 32, queria fazer pós em escola de referência |
No processo seletivo, a avaliação do histórico do candidato e a entrevista levam em conta principalmente a experiência profissional.
O nível de cargo gerencial exigido em algumas especializações é uma forma de garantir uma troca de experiências enriquecedoras em sala da aula, explica o pró-reitor da FGV-RJ, Antônio Freitas. "O critério é ver se a pessoa tem o conhecimento mínimo para acompanhar o curso e se tem alguma experiência profissional para compartilhar com os colegas."
Para Silva, o curso fez diferença em sua visão de empresário. "Foi um divisor de águas. Tudo que aprendo lá consigo colocar em prática."
Colaborou ALLAN RAVAGNANI
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