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20/02/2013 - 07h30

Hotéis de Nova York começam a alugar lobby para reuniões de profissionais

MARTHA WHITE
"DO NEW YORK TIMES"

Os viajantes de negócios experientes estão acostumados a reservar um lugar para dormir nos hotéis. Mas e um sofá no saguão dos prédios?

Por falta de opção, os saguões de hotéis, centros de negócios e espaços abertos em torno de áreas de reunião há muito funcionam como locais para conversação, para fazer amizades, e para tocar trabalhos urgentes, e a crescente capacidade dos trabalhadores para se manterem conectados sem que precisem estar atrelados a uma mesa acelerou a tendência.

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Agora, alguns hotéis estão começando a administrar o uso antes improvisado de suas cadeiras, mesas e nichos pelos hóspedes, e em alguns casos estão cobrando por isso. Para os hotéis, esse espaço se tornou uma fonte inexplorada de receita adicional e de novos clientes entre as pessoas que moram e trabalham por perto.

Kevin P. Casey/"The New York Times"
Reunião no hotel Redmond Marriott Town Center; lobbies e centros de conferência começam a ser alugados por hora
Reunião no hotel Redmond Marriott Town Center; lobbies e centros de conferência começam a ser alugados por hora

Sonja Fisher, engenheira de vendas da ParAccel, uma produtora de software, está entre esses clientes. "Já trabalhei em mesas do Starbucks, em salas de reuniões de edifícios residenciais, em restaurantes, bibliotecas", diz. "Os saguões dos hotéis se tornaram muito convenientes".

Fisher disse que pagar para garantir o uso de um espaço de trabalho adequado poderia ser compensador. "Eu consigo imaginar que eu ou minha empresa aceitemos um ideia como essa. Somos uma empresa pequena, e não temos muito espaço para reuniões", disse ela. "Imagino que talvez seja aceitável para nós incorrer nesse tipo de despesa".

Julie Germany, vice-presidente de estratégia digital do DCI Group, uma empresa de consultoria de assuntos públicos, disse que preferia saguões e outros espaços públicos em hotéis a salas de reuniões, para fins de networking e de trabalho colaborativo. "É um ambiente mais casual", disse. "Uma atmosfera muito mais informal. As pessoas se dispõem mais a conversar."

Essa informalidade pode ter seu lado negativo, no entanto. Os profissionais em viagem não têm como saber com antecedência se um sofá, mesa ou nicho estará disponível, e nem se haverá muito movimento no local - especialmente se ele ficar perto do bar do hotel -, o que pode dificultar discussões sérias ou confidenciais.

Nancy Butler, palestrante e consultora de negócios, recorre a hotéis para reuniões com clientes desde que decidiu fechar seu escritório físico, diz, mas a privacidade é sempre sua maior consideração. "Precisamos poder conversar sem que as pessoas em torno de nós fiquem ouvindo", disse Butler. Ao escolher um lugar para uma reunião, conta, "é preciso que ele ofereça confidencialidade, e por isso não escolho locais que eu não conheça bem."

O segundo elemento na lista de necessidades de Butler, abaixo da privacidade, é uma mesa na qual possa posicionar seus papéis e que ofereça apoio para escrever. "É difícil trabalhar com a papelada no colo", ela diz.

Mark Gilbreath, presidente-executivo da LiquidSpace, uma plataforma online de reservas que oferece espaços de trabalho para locação curta, usando um modelo de negócios parecido com o adotado pelas empresas de automóveis compartilhados, disse ter constatado que "as pessoas cada vez mais saem de seus locais de trabalho para que possam trabalhar".

Espaços oferecidos por hotéis respondem por 10% das ofertas da companhia de Gilbreath, ele diz, e são a categoria de mais rápido crescimento entre os espaços para locação nas 250 cidades dos Estados Unidos que o serviço atende.

A rede hotéis Marriott oferece o serviço Workspace on Demand em cerca de três dúzias de unidades nas cadeias Marriott Hotels & Resorts, Renaissance Hotels e Courtyard by Marriott, principalmente nas regiões de Washington e San Francisco. Os espaços incluem mesas com tampos altos, nichos nos saguões e pequenas salas de reuniões para 10 ou menos pessoas.

"A maneira de trabalhar das pessoas está mudando", diz Peggy Roe, vice-presidente de operações mundiais da Marriott International. "O trabalho se tornou mais social e móvel."

A divisão Westin da Starwood Hotels & Resorts introduziu um conceito semelhante de espaços para trabalho pequenos e não tradicionais em dois de seus hotéis nos Estados Unidos, em Boston e Arlington (Virgínia), e em um hotel na Alemanha, em Munique. Em Arlington, a empresa tomou o espaço que abrigava o centro de convenções do hotel e o transformou em uma área mais moderna e flexível, com Wi-Fi, sofás e consoles de videoame Xbox, além de acessórios mais típicos de uma sala de reuniões, como equipamento de videoconferência e quadros brancos para escrita.

"Não estamos reinventando o centro de convenções, mas quando estudamos o espaço do hotel chegamos rapidamente à conclusão de que os centros de convenções antigos são bem pouco relevantes para os viajantes de negócios modernos", disse Brian Povinelli, vice-presidente sênior e líder mundial de marca da Westin.

"Não é mais necessário um espaço que ofereça recursos tecnológicos fornecidos pelo hotel, como no passado", ele diz. "Isso é menos importante agora porque muita gente trabalha com um tablet ou algo assim." A Westin planeja expandir esse espaço de trabalho a mais unidades de sua rede de hotéis.

Os espaços de trabalho oferecidos pelas redes Marriott e pelos hotéis da Starwood podem ser reservados via LiquidSpace.

Além de Internet sem fio e de uma atmosfera casual, o apelo desses espaços é que eles estão disponíveis quando o usuário necessitar deles. A maioria das reservas é feita com menos de 48 horas de antecedência, diz Roe, ainda que algumas sejam realizadas com menos de uma hora de antecedência.

Alguns espaços nas diversas redes da Marriott - como uma mesa ou nicho no saguão - podem ser reservados gratuitamente, e os preços para os espaços mais fechados e dotados de maiores recursos tecnológicos ficam bem abaixo dos usuais para salas de reunião, com a maioria custando no máximo US$ 200 por metade do dia, segundo Roe. No caso da Starwood, seus dois espaços de trabalho nos Estados Unidos são alugados a US$ 50 por hora.

Os hotéis se beneficiam até quando os viajantes trabalham nos espaços gratuitos, porque muitos deles compram comida ou bebida. E a LiquidSpace recebe uma comissão sobre os pagamentos de locação.

Ainda que a maior parte dos usuários originais sejam hóspedes, diz Roe, ela espera que futuras reservas venham de profissionais que trabalham nas imediações de um hotel, em busca de um espaço para trabalho ou reunião, além dos viajantes de negócios. Povinelli, da Westin, disse antecipar que o uso por profissionais locais venha a responder por 20% a 30% das reservas. "Nos dois espaços piloto na América do Norte, vemos alta considerável na demanda local", afirmou.

"O melhor caso é que um viajante veja nosso hotel como local de trabalho mesmo que estejam em casa", diz Roe. Reforçar os laços com a região do hotel também ajuda os hotéis a se protegerem contra ciclos de baixa nas viagens de negócios.

O uso de espaços como os dos hotéis está crescendo, porque as grandes empresas vêm reduzindo o espaço de seus escritórios em função do maior número de teletrabalhadores, afirma Richard Kadziz, porta-voz da CoreNet Global, uma associação do setor de imóveis comerciais. Em pesquisa conduzida no ano passado com 500 empresas norte-americanas, a CoreNet constatou que 40% delas planejavam ter espaço físico de nove metros quadrados ou menos por trabalhador dentro de cinco anos. Em 2010, a média era de 20 metros quadrados por trabalhador.

"O espaço designado para um trabalhador passa metade do tempo vazio", disse Kadziz. "Já não precisamos de tanto espaço por trabalhador nos escritórios convencionais".

Tradução de Paulo Migliacci

 

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