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28/07/2013 - 01h15

Empresários voltam à vida de empregado após venderem negócio

MARCEL GUGONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em 2010, Guilherme Wroclawski, 29, e o amigo Heitor Chaves, 28, largaram seus empregos pelo sonho de ter a própria empresa. Menos de seis meses depois, eles estavam de volta à vida de funcionário.

O negócio que eles fundaram, o agregador de sites de compra coletiva SaveMe, foi comprado pelo Buscapé Company e decidiram ficar na companhia, que cresce por meio da incorporação de empreendimentos iniciantes.

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"Tínhamos nossa empresa, mas ela era formada por duas pessoas nos sofás de casa", conta Wroclawski.

Há dois caminhos para empreendedores que veem suas empresas crescerem e serem compradas: sair e fundar um outro negócio ou ficar na nova companhia.

Leticia Moreira/Folhapress
Guilherme Wroclawski, fundador da SaveMe, vendeu sua empresa ao Buscapé, onde se tornou funcionário
Guilherme Wroclawski, fundador da SaveMe, vendeu sua empresa ao Buscapé, onde se tornou funcionário

O consultor de carreiras José Augusto Figueiredo, da Lee Hecht Harrison, afirma que esse momento representa uma mudança bastante expressiva. "Há perda de autonomia no processo", afirma.

Figueiredo nota que a primeira reação do empresário nesse cenário é comparar o modo de trabalho das duas empresas -a sua e a nova.

"O mais comum é o empreendedor achar que o novo local vai ser pior", comenta o consultor.

A recomendação é de que o empreendedor analise o negócio respondendo a perguntas básicas: que tipo de apoio a compradora oferece e qual a meta de crescimento da pequena companhia se ela seguir sozinha.

E, mais do que isso, como o empreendedor se vê após o negócio. Sandra Finardi, diretora da divisão executivos do grupo DMRH, diz que a decisão de deixar a empresa após uma compra depende do perfil de cada empresário. Existem os mais conservadores, como fundadores de empresas familiares, que sofrem com a mudança de cultura.

"Passa-se, por exemplo, da relação baseada na confiança para uma gestão mais profissionalizada e meritocrática", ilustra. "Nesse cenário, o empreendedor não fica."

Mas há um grupo de empreendedores cujo objetivo é obter crescimento sustentado do próprio negócio a partir da venda a fundos de investimentos ou a outras empresas. Para quem fica, o acordo costuma contemplar o pagamento parcelado do negócio ao longo de dois a quatro anos e o fundador fica para integrar sua equipe à nova corporação.

NOVIDADES

Figueiredo diz que o maior obstáculo é aceitar novas regras após um tempo trabalhando conforme os próprios métodos. "É importante saber ceder em prol do consenso", reforça.

"Que a empresa vai mudar o modo de produzir, isso é certo. Mas a questão é em quanto tempo e com qual efeito na produtividade."

Nem sempre uma empresa pequena tem envergadura para competir com gigantes, analisa Araquen Pagotto, 51, fundador de uma desenvolvedora de softwares para o varejo comprada pela Totvs, a maior empresa desse setor no Brasil, em 2007.

Ele afirma que o seu empreendimento, fundado no fim dos anos 1980, tinha dificuldades para crescer de modo independente. Por isso, concordou com a venda.

Pagotto conta que há aspectos positivos e negativos nessa mudança.

"Na empresa pequena, as demandas podem ser resolvidas com mais velocidade, mas há uma insegurança para investir e tomar decisões complexas porque não há com quem trocar ideias, como um grupo de diretores."

JUNTAR EQUIPES

Ele ficou incumbido de integrar sua própria equipe à nova casa. Por contrato, ficaria mais três anos na companhia. No segundo ano, a Totvs ofereceu a ele a diretoria de pequenos negócios, que permitiu que o empreendedor continue buscando novas ideias para expandir a companhia.

Já Wroclawski diz que não pensa em deixar a vida de empregado para abrir outro negócio tão cedo.

"Para mim, o maior prazer de empreender é poder trabalhar numa empresa que idealizei e ver que há mais gente que também dedica tempo ao sucesso desse negócio."

Karime Xavier / Folhapress
Araquen Pagotto criou uma empresa de tecnologia na década de 1980, que vendeu à Totvs
Araquen Pagotto criou uma empresa de tecnologia na década de 1980, que vendeu à Totvs
 

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