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03/11/2013 - 01h00

Com marketing on-line, engenheiros podem ser os novos publicitários

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Cálculo, teste de hipótese, variância e outras ferramentas de matemática viraram instrumentos importantes para quem trabalha na publicidade. Por isso, essa área está recebendo profissionais formados em um curso que não era um fornecedor tradicional de mão de obra para o setor: engenheiros.

Germano Batista, 26, gerente de marketing da loja Centauro, de artigos esportivos, cursou engenharia no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e conta que 10% de sua turma foi trabalhar nessa área.

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Fernanda Bertarini, 27, estudou engenharia de produção na USP, e os mesmos 10% da sala dela hoje trabalham com marketing. Ela é gerente do setor na Zocprint, que vende produtos personalizados de escritório.

O que está levando esses profissionais a essa área é um tipo de marketing que é mais mensurável, o on-line.

Eduardo Knapp/Folhapress
Jairo Mandelbaum formou-se em engenharia química, mas tem empresa de marketing
Jairo Mandelbaum formou-se em engenharia química, mas tem empresa de marketing

Dados do Ibope mostram que no primeiro semestre deste ano o volume de recursos em publicidade na internet subiram 46% em relação ao mesmo período de 2012.

No total, quase R$ 4 milhões foram destinados à propaganda em sites.

A web está, pela informação do Ibope, em terceiro lugar no ranking de locais onde os anunciantes escolhem investir (atrás de TV e jornais impressos). Em dois anos, passou a TV por assinatura e revistas.

Esses números não levam em conta descontos que os veículos dão aos anunciantes e não está incluída a verba que vai para o Facebook e o Google. No entanto, diz João Oliver, professor de mídias da ESPM, eles apontam para uma tendência real.

"No mundo digital dá para medir os resultados de todas as ações. Essa mensuração exige análise de números", diz Batista, da Centauro. O banner deve ficar logo na entrada do site ou em uma página interna? Vale a pena colocar, no próprio site, um anúncio em forma de "pop-up" para pedir que os visitantes cadastrem seus e-mails?

Essas são algumas das escolhas que os responsáveis pelo marketing nas empresas precisam tomar. Para ver o resultado de cada decisão, aplicam o que chamam de teste AB, que é uma comparação entre uma experiência e um modelo padrão.

Pedro Guasti, vice-presidente do BuscaPé, afirma que, "na área de inteligência, todos precisam saber fazer cálculo, estatística, margem de erro e desvio padrão".

Ele cursou engenharia durante dois anos, mas depois migrou para ciência da computação.

Bertarini, da Zocprint, explica que precisa analisar resultados de campanhas "em questão de horas".

O trabalho envolve "capturar dados, jogar para [uma planilha de] Excel e fazer cálculos estatísticos". Para fazer isso com a velocidade necessária, é preciso "ler" números, algo que engenheiros fazem bem, segundo ela.

Leonardo Soares/Folhapress
Engenheira de produção por formação, Fernanda Bertarini é gerente de marketing da Zocprint
Engenheira de produção por formação, Fernanda Bertarini é gerente de marketing da Zocprint

A OndaLocal é uma empresa que presta serviços de marketing on-line para pequenos negócios, como escritórios de advocacia. Um dos sócios, Jairo Mandelbaum, 29, diz que, quando contrata, pensa em alguém que consegue entender números.

"O perfil ideal de funcionário é alguém com boa base em exatas. É difícil achar. A gente pega pessoas de marketing e dá essa formação dentro da empresa", diz ele.

MUDANÇA NA GRADE

Guasti, do Buscapé afirma, no entanto, que em outras áreas, como tendências, criação e eventos, não é necessária formação em matemática. Nesses casos, vale mais a criatividade.

Mandelbaum, formado em engenharia química na USP, diz que as faculdades de publicidade vão ter que alterar seus currículos para dar uma formação melhor em análise de números.

Quem já está no mercado precisa correr atrás com cursos livres. Jota Ocuno, 30, diretor de planejamento de criação da Fillet, uma agência digital, formou-se em marketing.

Ele conta que as empresas que o contratam, hoje, estão interessadas no que chamam de "engajamento", que pode ser entendido como uma interação mais intensa com os clientes.

"Os números viraram o oráculo para sabermos o que temos que ajustar."

A maneira que ele e os subalternos encontraram para conseguir entender esse oráculo foi ir atrás de palestras e cursos livres.

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Jota Ocuno busca cursos livres e palestras para entender os números e dados do marketing on-line
Jota Ocuno busca cursos livres e palestras para entender os números e dados do marketing on-line
 

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