Raros, bons profissionais das áreas técnicas são disputados pelas empresas
ALINE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A dificuldade de encontrar profissionais qualificados para áreas técnicas é frequente no Brasil, mostra um levantamento feito pela consultoria Page Personnel.
"As empresas almejam pessoas com capacidades específicas e não há no país a quantidade necessária de profissionais", explica Ricardo Ribas, gerente executivo da consultoria.
Segundo o estudo, o motivo de existir tantas ocupações em aberto é o fato de o brasileiro não estudar adequadamente tais áreas ou apresentar falhas em sua formação acadêmica e cultural.
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"Da mesma forma que há pessoas com dificuldade de resolver questões de matemática, algumas escolas oferecem cursos de especialização com poucas horas de estudo, e isso não estimula o aprofundamento e o aprendizado", afirma Célio Antunes, presidente do Grupo Impacta Tecnologia, especializado no treinamento de profissionais.
Paulo Troya + Renan Teles/Folhapress | ||
Luan Gabellini, 26, sócio de empresa |
"Está faltando o conhecimento técnico mesmo, propriamente dito. Os alunos não estão dominando assuntos esperados", observa Fabio Neves, sócio-diretor da plataforma de ensino a distância iPED.
Ele procura há quase três meses um profissional de análise de sistemas, mas não encontra ninguém com as aptidões necessárias.
"As pessoas têm conhecimento superficial. É como se o profissional soubesse como funciona um carro, mas não soubesse como montar o motor", exemplifica.
Já a gestora de recursos humanos Apdata demorou quatro meses para preencher uma vaga de analista de desenvolvimento de sistemas.
"Faltava aos candidatos conhecimento em programas e softwares", explica Claudia Alves de Souza, gerente de recursos humanos da empresa.
Além da formação, não se vê no mundo corporativo uma valorização apropriada da carreira técnica.
"As empresas preparam trainees para cargos de gestão. Eles não são expostos às questões técnicas", diz Paulo Dias, diretor da área de recrutamento e seleção da Stato Consultoria.
"Conheço profissionais brilhantes. Mas eles nunca ganharão, por exemplo, um salário compatível com o de um grande executivo. Então, um técnico aqui, por mais excelente que seja, vai ter salário, ascensão de carreira e benefícios menores do que um gerente", completa Enio Klein, da K&G Sistemas.
Frente a isso, a saída encontrada por Luan Gabellini, sócio fundador da Betalabs –empresa especializada em plataformas de comércio eletrônico– foi dar um atrativo financeiro aos funcionários. "Oferecemos salário acima da média do mercado e um bônus atrelado a resultados objetivos", conta.
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