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17/03/2013 - 06h30

'Solitários' são maioria entre os que adquirem crédito imobiliário

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De cada dez pessoas que adquiriram um crédito imobiliário na Caixa Econômica Federal no ano passado, seis usaram apenas um comprovante de renda e compraram o imóvel sozinhos --ou seja, sem a participação dos pais ou do cônjuge.

O número de participantes 'solitários' cresceu ao longo dos anos --em 2000, 57% dos empréstimos eram concedidos a mais de um mutuário, segundo dados da Caixa.

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Na avaliação do economista José Dutra Vieira Sobrinho, esse fenômeno é um reflexo dos relacionamentos em tempos de 'amor líquido'. "Pegar um empréstimo com o namorado significa ficar 30 anos compromissado e pagando."

O estudo feito pela Caixa, que responde por 75% do crédito habitacional no país, mostra que há cada vez mais mutuários com renda inferior a três salários mínimos: em 2003, eram 21% e, no ano passado, foram 32%. Por outro lado, houve uma redução na participação daqueles que ganham de três a seis mínimos --há dez anos eram 47% e hoje representam 36%.

Segundo a instituição, cada vez mais jovens compram apartamentos financiados. Em 2003, 54% tinham até 35 anos; em 2012, esse percentual subiu para 58%.

Ze Carlos Barretta/Folhapress
Danilo Ferreira da Silva, está aguardando financiamento do seu apartamento pela Caixa
Danilo Ferreira da Silva, está aguardando financiamento do seu apartamento pela Caixa

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Quando decidiu comprar um apartamento, há um ano e meio, o analista de negócios Danilo Ferreira da Silva, 26, fez uma simulação e viu que, pelo seu salário --de pouco mais de R$ 5 mil-- poderia conseguir um financiamento de R$ 140 mil. Ele tinha R$ 20 mil para a entrada. Passou um ano vasculhando. Queria um imóvel no centro a, no máximo, dois quilômetros do metrô.

"Foi inviável. Não tinha nada nesse valor. Os poucos que tinham com preço aproximado estavam em péssimo estado."

Ele percebeu, então, que sua única alternativa era guardar dinheiro e aumentar a entrada. "Subi a busca para R$ 250 mil, dando R$ 100 mil de entrada."

Danilo encontrou um apartamento na nova faixa de valor: 44 m², em mau estado. Ele diz que percebeu resistência do proprietário em vender financiado. "Foi uma negociação difícil, todo mundo prefere pagamento à vista."

Agora, o analista aguarda ansioso pela aprovação da Caixa. "Se a financeira não aprovar o crédito, vou perder, pelo contrato de compromisso firmado com o proprietário, 30% da entrada (cerca de R$ 30 mil)."

Editoria de Arte/Folhapress
 

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